Saúde de Goiás investe na redução da mortalidade materna infantil

A Rede Nascer em Goiás foi tema do seminário que apresentou as propostas do projeto que visa a reduzir os índices de mortes de mães e bebês

Seminário da Rede Nascer em Goiás reúne representantes da SES para elaboração do fluxo de atendimento para gestantes com foco na redução da Mortalidade Materna e Infantil

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) realizou seminário entre os dias 10 e 11 de julho, para o debate da implantação do projeto Rede Nascer em Goiás, inspirado no projeto Mães de Minas e que traz como proposta a identificação e monitoramento de todas as gestantes e crianças menores de 2 anos de idade. O secretário de Saúde do Estado, Rasível Santos, fez questão de enfatizar que o objetivo é pensar e fazer assistência de qualidade, para evitar o aumento dos índices de mortalidade das mães e crianças.

“É pensar na centralidade do paciente e promover melhoria dos fluxos e dos processos, de forma que levaremos mais condições na linha do cuidado de maneira eficiente e consequentemente reduzirmos as mortes e complicações que poderiam ser evitáveis”, pontuou.

De acordo com levantamento do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), com base no de 2022, a mortalidade materna apontou que a maioria das mulheres tinham entre 20 e 29 anos, sendo um grupo um pouco mais jovem do que em 2021, quando a faixa etária predominante era de 30 a 39 anos. Em relação à raça, a maioria das mulheres era negra. Na comparação entre os municípios de residência com os locais de ocorrência dos óbitos, foi observado que menos de 22% das mulheres residiam em Goiânia, e metade faleceu na capital.

“Isso sugere uma espécie de movimentação ou peregrinação dessas mulheres. De forma geral, notamos que 60% das mulheres faleceram em outras cidades, muitas vezes em localidades distantes que não pertenciam nem à mesma região macro”, aponta Adriana Crispim de Azevedo, uma das palestrantes que reforça a fragilidade e precariedade dos serviços nas regiões mais distantes da capital, forçando o deslocamento e por muitas vezes as complicações durante a gestação.

Mortalidade materna
Dos 55 óbitos maternos registrados nesse período, 87,3% poderiam ter sido evitados. Dentre as causas diretas à obstetrícia, as três principais doenças foram as hipertensivas, hemorragias e infecções, seguindo o mesmo cenário nacional.

Os dados preliminares do SIM indicam que em 2023, houve 48 mortes maternas na faixa etária de 15 a 49 anos em Goiás. Já em 2024, até primeira quinzena de junho, foram registradas 18 mortes de mulheres grávidas. Ainda segundo o levantamento, ano passado foram registrados 91.804 nascidos vivos em Goiás, com uma taxa de óbitos infantis (fetais, neonatal precoce, neonatal tardio e 1 ano pós neonatal) de 12,4 por mil nascidos vivos. Este ano, até junho, essa taxa é de 11,79/1000 e 36.377 nascidos vivos no Estado.

Mortalidade fetal e infantil
A taxa de mortalidade infantil, mostra que a neonatal precoce (0 a 6 dias) é a mais alta, girando em torno de 50%, enquanto a tardia (7 a 27 dias) fica em cerca de 20% e a pós-neonatal (28 a 364 dias) em aproximadamente 30% da taxa de mortalidade infantil total. Se for considerado o período neonatal como um todo, ele representa em torno de 70% a 75% da influência na assistência à gestação. Ao longo dos últimos 10 anos em diferentes estados do Brasil, foi observado que houve poucas variações significativas.

Alguns estados, especialmente no Norte, como Acre e Amazonas, apresentam taxas de mortalidade infantil mais significativas. Em geral, os dados indicam a importância da mortalidade infantil como um indicador epidemiológico da qualidade da assistência global prestada aos pacientes em todo o país.
Em Goiás, os números oficiais nascidos vivos em 2022, foram 89.802 com 12.6% de óbitos em menores de 1 ano de idade. Ano passado, os números são preliminares e indicam uma leve redução de mortes de 11,6%.

“Não deixa de ser preocupante. E por isso toda a estruturação da rede de assistência à saúde materna e infantil é importante, e que será feita com a Rede Nascer em Goiás. A baixa mortalidade, tanto materna quanto infantil, são bons indicadores de desenvolvimento social para o território. Quem cuida bem da mulher e da criança mostra que é uma sociedade que tem preocupação com o plano de desenvolvimento”, afirma Anna Cecília, que apresentou no seminário a palestra sobre cuidado neonatal progressivo e regionalizado.

Pré-natal
O Ministério da Saúde (MS) preconiza 7 consultas de pré-natal a todas as gestantes na rede pública de saúde. O Estado de Goiás, tem registrado no ano de 2020, o número de 92.680 nascidos vivos e cerca de 30 mil gestantes, fizeram sequer uma consulta de pré-natal, marcando um índice de 30% abaixo do que deveria ser feito. O atraso no pré-natal tem um impacto significativo nos óbitos.

Segundo a superintendente de Políticas e Atenção Integral à Saúde, Paula dos Santos, a proposta da Rede Nascer em Goiás, surge pela necessidade de um planejamento dentro da complexidade do caso da gestante. “Nós temos vários pontos de atenção que precisam melhorar a comunicação, porque muitas vezes a gestante não sabe para onde ir no início da gestação e nem onde vai acontecer o parto. E se ela precisar de um nível mais complexo de assistência, acaba indo pra uma fila de espera. Mas ela tem um tempo e não pode esperar muito. Então são vários pontos que precisam ser organizados e toda a rede se comunicar no mesmo padrão”, explica a superintendente.

Yara Galvão (texto) e Iron Braz (foto)/Comunicação Setorial

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