Geed investe na prevenção de álcool entre adolescentes

Ações desenvolvidas em escolas utilizam dança, música e esporte como estímulo; Ceat e Credeq oferecem tratamento

O consumo de drogas lícitas, como álcool e cigarro, tem se tornado comum nas populações jovens. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), divulgados em 2015, apontaram que 55,5% dos alunos concluintes do nono ano do ensino fundamental das redes privada e pública afirmaram já ter experimentado algum tipo de bebida alcóolica, como cerveja, vinho, cachaça ou uísque.

Apenas entre alunos da rede pública, 56,2% disseram já ter ingerido algum tipo de bebida alcóolica. Na rede de ensino privada, são 51,2%. Em Goiás, 24% dos estudantes frequentando o nono ano do ensino fundamental afirmaram que fizeram consumo de álcool nos últimos 30 dias anteriores à data da pesquisa, realizada em 2015.

Esses dados apresentam uma realidade na vida dos estudantes em todo o país, com 43,8% dos pesquisados apontando que tiveram acesso à bebida alcóolica em alguma festa que frequentou. Mercados, lojas, bares ou supermercados também são fontes para adquirir a bebida, segundo 14,4% dos estudantes.

O psiquiatra da Gerência de Saúde Mental da Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Spais) da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Airton Santos, ressaltou que o consumo de álcool por adolescentes pode desencadear outros problemas durante a vida, como acidentes de trânsito e até o suicídio. “O uso problemático do álcool desencadeia dependência e pode potencializar síndromes psiquiátricas como depressão e ansiedade”, disse.

Em 2015, foi sancionada uma lei que criminaliza a venda de bebidas alcóolicas para menores de 18 anos. A lei proíbe a venda, o fornecimento e a entrega de álcool ou qualquer outro produto que possa causar dependência a crianças e adolescentes. Para o psiquiatra, é necessário maior investimento em políticas de prevenção e conscientização da população para minimizar o consumo de álcool em toda a sociedade.

Venda criminalizada

Em Goiás o Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas (Geed) da SES-GO, trabalha com ações para prevenir o consumo de álcool em populações vulneráveis, utilizando ferramentas que promovem a vida, como lembra a diretora do grupo, Candice Castro.

Atingindo pelo menos 78 escolas em situações de vulnerabilidade social, em 14 municípios goianos, mais de 25 mil alunos já participaram de alguma oficina desenvolvida pelo Geed, por meio de show musical com a Banda EX4, prática de bumerangue ou danças com breakdance. Candice Castro afirma que essas são ações importantes e, a partir daí, temas relevantes são trabalhados, como bullying, autoestima e prevenção às drogas. “Tratar assuntos cruciais do dia a dia dessas crianças e adolescentes nos permite orientá-los e apoiá-los para caminhos construtivos”, disse.

O grupo também realiza trabalho de capacitação com os professores, que perpetua os conhecimentos com esse público. Denominado “Projeto Farol”, educadores e demais profissionais da educação da rede estadual e municipal são orientados para a promoção, prevenção e interação, por meio de palestras, oficinas e outras atividades, podendo propor ações para o Plano Escolar de Prevenção (PEP). O projeto já chegou a mais de 200 escolas da rede pública e privada, em 11 municípios goianos, com 4,8 mil educadores participantes.

Tratamento

O Centro Estadual de Avaliação Terapêutica – Álcool e Outras Drogas (Ceat-AD) é uma unidade de especialidades médica e psiquiátrica indicada para as famílias que precisam de avaliação psicossocial. No centro, os pacientes passam por triagem com profissionais de enfermagem, psicologia e psiquiatria, e, a partir daí, são encaminhados para a rede de saúde respectiva. O serviço também encaminha para a internação e, atualmente, 24 comunidades terapêuticas são conveniadas ao Estado para tratamento aos dependentes químicos.

O Centro Estadual de Referência e Excelência em Dependência Química de Aparecida de Goiânia Prof. Jamil Issy (Credeq) também é referência em atendimento para dependentes químicos. Os pacientes encaminhados para o Credeq passam por consulta multiprofissional, a partir da qual é criado um protocolo terapêutico para o paciente e avaliação, que se estende para os familiares. Na unidade, o tratamento longitudinal (em regime ambulatorial de longa duração) já atendeu 305 adolescentes desde 2017. Em 2019, até abril, 62% dos adolescentes atendidos na unidade faziam consumo abusivo de álcool.

Rogério Borges, técnico da SES-GO, lembra que nos municípios o tratamento é desenvolvido pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a implantação dessas unidades são apoiadas pela superintendência, que auxilia na definição da estrutura física e na formação dos profissionais que vão atuar diretamente nesse serviço, por meio de capacitação e oficinas desenvolvidas nas regionais. “O Caps é a unidade mais próxima da população, e nessas unidades o tratamento ambulatorial auxilia as famílias que sofrem com essa dependência”, concluiu.

Felipe Cordeiro, da Comunicação Setorial

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