‘Ele faria muito mais por mim’, diz mulher que doou rim a marido, transplantado no HGG

Rosane Maria, de 49 anos, doou o órgão a João Batista, com quem está casada há 24 anos, em mais um procedimento de sucesso, realizado na segunda-feira passada, na unidade do Governo de Goiás

João Batista de Moura, com a mulher, Rosane, antes de receber o rim dela, no HGG

A promessa do ‘juntos na saúde e na doença’ foi levada ao pé da letra pelo casal João Batista de Moura, de 72 anos, e sua esposa, Rosane Maria Nunes de Araújo, de 49 anos. Motivada pelo desejo de dar mais qualidade de vida ao marido, com quem é casada há 24 anos, Rosane doou um de seus rins ao João, em mais um transplante renal realizado com sucesso pelo Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG.), na segunda-feira (8/4).

A decisão de doar o órgão foi tomada em julho de 2023, quando João começou a perder as funções renais, por causa da pressão alta. Desde então, Rosane começou a realizar uma série de exames para verificar se era compatível para a doação. “Quando surgiu a possibilidade do transplante, eu já me prontifiquei a doar. Quem já visitou uma sala de hemodiálise sabe o quanto é sofrido e eu queria muito tirá-lo dessa situação”, contou.

Apesar da disposição de Rosane, a probabilidade de compatibilidade entre um casal é reduzida, por não haver ligação genética. Mesmo assim, Rosane se candidatou como doadora, e os exames atestaram que ela poderia doar para o marido. No dia do transplante, Rosane se mostrava ansiosa e emocionada. “Estou ansiosa porque é a minha primeira cirurgia, mas estou doando de bom coração. Sei que ele faria muito mais por mim”, afirmou.

João Batista tem pressão alta, doença que pode forçar os rins excessivamente, levando à disfunção renal ou até falência renal. Por conta do quadro, os rins do João Batista perderam a capacidade de funcionar normalmente, o que motivou o início do tratamento de hemodiálise e, posteriormente, o transplante renal.

A médica Erika Lee, nefrologista do HGG que acompanha o casal, explica que o doador de rins pode estar vivo ou falecido. “Os doadores de rim vivos precisam ser parentes do receptor até o quarto grau. Quando não é parente do mesmo sangue, no caso de cônjuge, não tem problema, desde que o órgão seja compatível”, explicou.

De acordo com médica, os rins de doadores vivos geralmente são de melhor qualidade do que os doados por doadores cadáveres. “O tempo entre a retirada e o transplante do rim acontece rapidamente, isso faz com que a perca de células sejam baixas, fazendo com que a cirurgia tenha uma taxa maior de sucesso”, disse.

Segundo o especialista, após a realização do procedimento, todo cuidado é pouco, principalmente para pacientes idosos, seguindo à risca todas as orientações médicas, sob o risco de o rim transplantado perder a sua função novamente. “Após alguns meses, liberamos o paciente para realizar atividades físicas de baixo impacto, como caminhadas e natação para poder voltar a ter uma vida ativa normal”, relatou a médica.

Referência
Implantado no ano de 2017, o HGG realizou quase 900 transplantes renais, 13 deles em março passado. Os números colocam o HGG como o maior hospital transplantador de rim do Centro-Oeste brasileiro e Goiás como o décimo estado nesse tipo de procedimento no País, segundo pesquisa publicada em setembro de 2023 pelo Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Alex Maia (texto e foto)/Idtech

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