“Política partidária não combina com saúde pública”

Renilson Rehem é defensor da participação do terceiro setor na gestão pública e lidera visita de especialistas a hospitais goianos

Os representantes das mais representativas instituições do terceiro setor que atuam na Saúde estão reunidos em Goiânia. Nomes à frente de unidades de saúde como Albert Einstein, Sírio Libanês e Santas Casas de Misericórdia de vários estados vieram conhecer a experiência de Goiás que, em 2012, promoveu a contratualização de todos os hospitais da rede própria com as Organizações Sociais.

Os integrantes do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais (IBROSS) estão conhecendo experiências dos estados com esse modelo de gestão hospitalar. “Goiás já é uma nova referência para o modelo que é legalmente uma publicização, e não uma terceirização, e que trouxe benefícios inequívocos à assistência dos pacientes”, explica o superintendente do Instituto Sócrates Guanaes, André Guanaes, que promoveu a visita.

“Acreditamos que as conquistas do SUS não podem ficar à mercê da falta de comprometimento dos governantes com esta causa. A contaminação ideológica e político-partidária interrompe projetos bem-sucedidos em vários governos e isso na Saúde tem sérios impactos”, diz Renilson Rehem, presidente do IBROSS. Ele, que foi secretário de Atenção à Saúde no governo Fernando Henrique, defende a necessidade de programas que fortaleçam e profissionalizem o SUS.

Na visão dele, por falta de empenho dos últimos governos federais, Estados, municípios e a União continuam jogando com os números em seus balanços para mostrar, na teoria, o que, na prática, não aplicaram na área da saúde. “Ao tratar a regulamentação da emenda constitucional nº 29 sob o espectro partidário, uma vez que a aprovação do projeto foi obtida pela gestão anterior, o governo Lula deixou milhares de brasileiros sem assistência adequada em saúde”, diz Renilson Rehem. Do mesmo modo, os cortes de orçamento feitos nos últimos dois anos interromperam os mutirões de saúde, que ampliaram a oferta de cirurgias eletivas para catarata, retinopatia diabética, varizes e próstata.

“Na saúde, o que está dando certo deve continuar e ser aperfeiçoado. Algumas das causas que defendemos como prioritárias para o fortalecimento do SUS em todo o País são a expansão da produção de medicamentos genéricos e a ampliação da assistência farmacêutica, pela revisão e atualização sistemática da cesta de medicamentos oferecidos, além da profissionalização da gestão de hospitais públicos e implantação de unidades ambulatoriais de alta resolutividade”, defende ele.

Visita

O roteiro, pela manhã, inclui conhecer de perto o case do Hospital de Doenças Tropicais Anuar Audad (HDT) que, de uma condição de desabastecimento e risco de interdição, passou para um hospital acreditado ONA 1 em dois anos após a gestão por OSS. Em seguida, num almoço com o governador Marconi Perillo e o secretário Leonardo Vilela, os representantes do IBROSS vão ter mais detalhes da experiência de Goiás com as OSS.

Governo na palma da mão

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