Projeto do INI/Fiocruz sobre doença de Chagas tem início em Paraúna (GO)

A pesquisa trabalha junto aos gestores locais, profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e lideranças comunitárias com o objetivo de criar modelos eficazes e sustentáveis para melhorar o acesso ao diagnóstico, tratamento e cuidado para doença de Chagas crônica

Prefeito municipal de Paraúna em evento do CUIDA Chagas

No dia 20 de setembro, o projeto CUIDA Chagas “Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas” inaugurará suas atividades no Estado da Bahia com o lançamento do seu estudo de implementação no município de Paraúna. O projeto CUIDA Chagas tem como objetivo principal contribuir para a eliminação da transmissão vertical (durante a gravidez ou parto) da doença de Chagas.

O evento foi realizado no salão do CIAC – Assistência social e contou com a presença de representantes da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), da prefeitura de Paraúna, do Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (LACEN – GO), de pesquisadoras do projeto CUIDA Chagas, de profissionais de saúde e de pessoas acometidas por essa doença. Evento de caráter público, organizado junto à gestão local, cujo intuito é reunir colaboradores do projeto de diferentes níveis, apresentar o projeto à comunidade e profissionais da saúde locais, assim como convocar à imprensa e meios interessados em temas de saúde pública na região oeste do estado.
 
CUIDA 
O estudo de implementação é a base do projeto CUIDA Chagas. A pesquisa trabalha junto aos gestores locais, profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e lideranças comunitárias com o objetivo de criar modelos eficazes e sustentáveis para melhorar o acesso ao diagnóstico, tratamento e cuidado para doença de Chagas crônica. No município de Paraúna este estudo busca avaliar mais de 3 mil participantes, tendo como foco mulheres em idade fértil (10 a 49 anos), seus filhos(as) e contatos domiciliares. Em nível nacional, serão avaliados mais de 65 mil participantes em mais de 55 estabelecimentos de saúde entre Unidades Básicas de Saúde (UBS) e maternidades de diversos municípios nas cinco macrorregiões.

"No Brasil, o estudo de implementação vem sendo desenvolvido em cinco municípios, um em cada macrorregião do país. Além disso, também está sendo realizado em outros três países da América Latina: Bolívia, Colômbia e Paraguai. O objetivo é construir e avaliar modelos de implementação de testar, tratar e cuidar da doença de Chagas para que possam ser replicados em mais países e contextos”, explica a Dra. Fernanda Sardinha, cardiologista e servidora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz), Investigadora Principal do projeto CUIDA Chagas no Brasil.

Durante o mês de setembro o PSF I: Lindomar Lemes de Morais e o PSF II: Jeronymo de Moraes Sobrinho darão início à fase piloto da pesquisa de CUIDA Chagas no município de Paraúna, conforme dias e horários específicos. Mulheres em idade fértil (de 10 a 49 anos) poderão participar do estudo realizando um teste rápido para triagem da doença e seguir os procedimentos estabelecidos pelo estudo. Após a fase piloto, gradativamente, a possibilidade de participar da pesquisa de CUIDA Chagas estará disponível em todas Unidades Básicas de Saúde do município. 
 
Relevância
O projeto CUIDA Chagas é uma iniciativa internacional financiada pela Unitaid, cofinanciada pelo Ministério de Saúde do Brasil e liderada pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O projeto conta com o trabalho de equipes multidisciplinares em quatro países: Bolívia, Brasil, Colômbia e Paraguai. Sua investigadora principal é a Dra. Andréa Silvestre, cardiologista, servidora e pesquisadora do INI além de professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“O projeto CUIDA Chagas representa uma oportunidade ímpar para avançar no controle da doença de Chagas, assim como para melhorar a qualidade de vida das pessoas acometidas e das comunidades em risco. Sua abordagem é integral, articulando pesquisa clínica e de inovação com ações de comunicação e engajamento comunitário e intervenções no mercado que possam garantir o acesso equitativo de medicamentos e outros insumos necessários para o controle da doença”, afirma Andréa Silvestre. 
 
Doença de Chagas
A doença de Chagas é uma doença tropical negligenciada que afeta principalmente populações vulneráveis da América Latina. Porém, sua abrangência é global, estando presente no mundo todo. Estima-se que de 6 a 8 milhões de pessoas são acometidas e mais de 75 milhões moram em áreas de risco, sendo que 1,12 milhão são mulheres em idade fértil. Nas Américas, aproximadamente 12 mil pessoas morrem, cada ano, por causa dessa doença e entre 8 e 15 mil bebês se infectam pela transmissão vertical, aquela que pode acontecer durante a gravidez ou o parto. Sem tratamento, entre 30% e 40% dos afetados desenvolve sérias complicações de saúde, principalmente no coração e no sistema digestivo.

O diagnóstico, o tratamento e o cuidado integral da doença de Chagas trazem benefícios importantes, incluindo a prevenção da transmissão vertical, a grande possibilidade de cura em bebês e crianças e o controle e redução da progressão para formas avançadas da doença em adultos. Todos esses benefícios podem ser adquiridos, observando-se cada contexto epidemiológico, implementando protocolos adequados, promovendo a conscientização social e incentivando um maior investimento público e privado direcionado à doença de Chagas.
Para isso, mecanismos de articulação institucional, pesquisa científica e inovação tecnológica são fundamentais para melhorar a informação disponível sobre o impacto socio-sanitário da doença e viabilizar ações e políticas concretas a fim de garantir uma melhor vida às pessoas acometidas e promover a prevenção e o controle da doença.
 
Texto: Equipe Brasil
Foto: Região de Saúde Oeste II

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