Informação e respeito são aliados de portadores de vitiligo

De origem genética e não contagiosa, doença que causa aparecimento de manchas brancas na pele é lembrada em dia nacional, nesse 1º de agosto

O vitiligo, doença não contagiosa que causa a perda da coloração da pele e afeta 0,5% da população brasileira, tem nesse 1º de agosto, Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo, um momento para ser discutida, para proporcionar mais cidadania aos portadores da doença.

No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas convivem com o vitiligo, e o preconceito é o principal desafio para os portadores da doença no dia a dia. O vitiligo, caracterizado pela diminuição ou ausência de melanócitos — células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor a pele — não costuma manifestar sintomas, além do surgimento de manchas brancas na pele. Alguns pacientes podem sentir sensibilidade e leves dores na área afetada.

No entanto, os sintomas emocionais decorrentes são as principais preocupações dos dermatologistas, médicos indicados para o tratamento. A dermatologista do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) Priscila Chaves explica que, mesmo não contagiosa, as manchas expostas na pele causam diminuição da autoestima nos pacientes, que são orientados ao acompanhamento psicológico. “É fundamental manter o equilíbrio emocional, pois o stress pode ocasionar aumento das manchas”, avalia.

A doença ainda não tem causa definida, mas está associada a fenômenos autoimunes e traumas emocionais. Quando diagnosticado, o vitiligo pode ser unilateral (manifestando em apenas um lado do corpo) ou bilateral (manifestando em todo o corpo), e pode afetar os pelos e cabelos.

Avaliação médica

Apesar de não existir cura, algumas medidas podem diminuir as manchas no corpo e até mesmo evitar o surgimento de novas manchas. Após a avaliação dermatológica, o médico indica a melhor opção terapêutica para o tratamento, com a utilização de medicamentos que induzem a repigmentação das regiões afetadas e a utilização de radiação ultravioleta ou fototerapia. O importante é procurar um especialista, que irá decidir o melhor tratamento, conforme o quadro clínico do paciente.

Priscila Chaves lembra que novos estudos estão proporcionando outras formas de tratamento, com o surgimento de medicamentos específicos. “Já estão disponíveis pomadas, comprimidos e até algumas medicações injetáveis e, em alguns pacientes, percebemos resposta positiva ao tratamento a partir do terceiro mês.”

Segundo a médica, o vitiligo pode aparecer em qualquer fase da vida e o tratamento em longo prazo pode minimizar as manchas na pele. “Essa é uma doença que pode surgir desde criança até idoso, em pessoas com a predisposição genética. No entanto, realizando o tratamento adequado, é possível conter o aparecimento de novas manchas e fazer a repigmentação da pele”, conta.

Apoio familiar

A jornalista Elisama Ximenes, 25 anos, tem vitiligo desde os 5 anos de idade. Ela conta que a mãe percebeu as manchas e procurou ajuda médica para descobrir o que era, quando foi diagnosticada. Elisama lembra que os cuidados dos pais, conversando e explicando as manchas, foram fundamentais para que ela pudesse crescer sem estigmas e sem problemas emocionais relacionados à doença.

“Meus pais sempre conversaram comigo, me explicando o que eram as manchas e, quando as crianças perguntavam o que era, eu tinha conhecimento para explicar com tranquilidade”. Além das pomadas e cápsulas que usava no tratamento, também foi importante o acompanhamento psicológico desde o início, que possibilitou uma vida normal sem episódios de preconceitos. “O apoio dos meus pais, com o tratamento médico e psicológico me tornou mais forte para lidar com essa doença, que não mudou em nada minha vida”, avalia.

Durante o período na faculdade, Elisama relata que sofreu um episódio de preconceito, no transporte coletivo, quando estava a caminho de casa e, a partir desse caso, resolveu dar voz aos portadores da doença. “Aproveitei a oportunidade de cursar jornalismo para produzir um livro-reportagem sobre a doença. Escutei várias pessoas com vitiligo, que puderam falar sobre suas histórias”. O livro-reportagem produzido foi apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Prevenindo a doença

Os pacientes acometidos pelo vitiligo podem prevenir o surgimento de novas manchas, evitando o uso de roupas apertadas, que provocam atrito nas lesões. Diminuir a exposição solar também é importante para evitar novas lesões ou acentuar as que já existem. Controlar o estresse e fazer o acompanhamento médico também é fundamental. Devido a problemas sociais causados pela doença, como preconceito, o acompanhamento psicológico pode ter efeito positivo na vida dos pacientes, impactando positivamente o tratamento.

Como identificar os tipos de vitiligo:

– Focal: manchas pequenas em uma área específica

– Mucosal: somente nas mucosas, como lábios e região genital

– Segmentar: manchas distribuídas unilateralmente (apenas em uma parte do corpo);

– Acrofacial: nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais;

– Comum: no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acrofaciais

– Universal: manchas espalhadas por várias regiões do corpo.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia

Felipe Cordeiro, da Comunicação Setorial

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