“Eu renasci com isso – acidente foi muito feio, foi realmente uma tragédia muito grande – não só sobrevivendo àquele acidente, mas eu renasci como pessoa, porque quando você passa por uma tragédia dessa, quando eu tiver alta, eu não vou sair a mesma Ângela, vou sair totalmente transformada. Muda a forma que você vê as pessoas, muda o jeito de sentir as coisas, muda seu relacionamento com Deus. Quando sobrevive a uma tragédia dessas, passa a ver a vida de outra forma”, relata a paciente.

De acordo com a funcionária pública, uma camionete invadiu a pista e colidiu com o veículo em que ela estava como passageira. “Costumamos ver acidente de trânsito nos jornais, ver em cenas de filme, mas nunca se imagina que vai acontecer com você. Saí de manhã para trabalhar normalmente e, por imprudência de uma pessoa que estava cansada e com sono, aconteceu isso. Perdi minha mão direita e ela não vai nascer, não é como unha e cabelo que crescem, então tenho que me adaptar a viver sem ela; e foi a mão que mais usava”, conta Ângela.

Durante suas cirurgias, a paciente de Britânia (GO) disse que precisou da transfusão de 6 bolsas de sangue. Apesar de Ângela nunca ter sido doadora, ela relata que agora, estando do outro lado, compreendeu a importância e já conseguiu ajuda de amigos e familiares, totalizando 17 doadores que doaram no Banco de Sangue do Hugol a seu pedido. A equipe de psicologia do hospital sempre orienta a família de quem passa por transfusão a colaborar para a reposição do estoque de sangue da unidade. “Se eu encontrei ajuda, se eles tinham disponível para mim quando cheguei, por que não sensibilizar as pessoas para doarem para repor esse estoque que eu usei?”, conclui a paciente.