Hospital Estadual de Anápolis realiza 3 captações de órgãos em 2 dias

Unidade é uma das referências no Estado nesse tipo de procedimento, que não foi interrompido mesmo no auge da pandemia da Covid-19

Cirurgiões do Heana realizam uma das captações de órgãos desta semana, com êxito total

O Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Heana) realizou três captações de órgãos na terça e quarta-feira (4 e 5/10). Com isso, a unidade se mantém como uma das referências no Estado de Goiás nesses procedimentos, que não foram interrompidos mesmo no auge da pandemia, beneficiando pacientes de diversos estados que estavam na fila do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

A primeira doação desta semana no Heana é de uma mulher de 52 anos de idade. Os rins foram captados e encaminhados para o Estado de São Paulo, beneficiando pacientes que aguardava pelo transplante. Já na quarta-feira, foi feita a captação de rins e córneas em uma mulher de 41 anos. E nesse mesmo dia, a equipe também captou órgãos de outro doador do sexo masculino com 46 anos de idade. Os três pacientes, que estavam internados no Heana e tiveram morte encefálica confirmada, haviam manifestado ainda em vida seu desejo de se tornarem doadores.

Ao todo, sete captações foram realizadas em todo o Estado de Goiás desde o último fim de semana em unidades de saúde estaduais. Por questões legais, dados pessoais das pessoas receptoras e das doadoras não são divulgados, em respeito à privacidade e intimidade, tanto de pacientes quanto dos seus familiares.

"Com certeza estamos repletos de alegria. Graças à decisão de três pessoas ainda em vida, ao consentimento dos familiares e à excelência da equipe envolvida, conseguirmos ter êxito na captação dos órgãos. Essa conquista é um incentivo para que outras pessoas façam o mesmo e se tornem doadoras", declara Valdete Alves de Moura, enfermeira coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) do Heana.

João Pedro dos Santos, diretor executivo da Funev, destacou o importante papel da OPO/Cihdott do Heana: "todos os anos, vidas são salvas graças às captações de órgãos realizadas na unidade e os transplantes em pacientes que esperavam na fila. A Funev continuará dando todo o apoio para esses procedimentos feitos no HEANA. Estamos de portas abertas e queremos fazer parte da luta pela conscientização a respeito da importância da doação".

Participaram do procedimento, realizado após consentimento da família, a equipe da Organização de Procura de Órgão/Comissão Instrahospitar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Heana (OPO/Cihdott); médicos captadores da Central Estadual de Transplantes/CET e integrantes do Centro Cirúrgico do Heana, dentre médicos e equipe de enfermagem.

Captação
A Organização de Procura de Órgão / Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (OPO/Cihdott) do Heana é responsável por organizar no meio intra e supra-hospitalar a logística de procura de doadores e viabilizar a realização do diagnóstico de morte encefálica, conforme a Resolução do Conselho Federal de Medicina (2.173/2017). Também promove e organiza ambientes e rotinas para o acolhimento às famílias doadoras antes, durante e depois de todo o processo de doação.

O diagnóstico de morte encefálica consiste na realização de dois exames clínicos, teste de apneia e um exame complementar, todos realizados por médicos diferentes e habilitados, seguindo a Resolução, conforme explica Valdete, enfermeira coordenadora da Comissão.

“Dentre as suas funções, a Cihdott do Heana notifica e promove o registro de todos os casos com diagnóstico estabelecido de morte encefálica, mesmo daqueles que não se tratem de possíveis doadores de órgãos e tecidos ou em que a doação não seja efetivada. Lembrando que somente após o diagnóstico a família é informada sobre o direito da doação de órgãos pela equipe da OPO/Cihdott", ressalta ainda a coordenadora Valdete.

Doação de órgão
A doação de órgãos é um ato nobre que visa ajudar pessoas que aguardam por um transplante. No Brasil, para se tornar um doador de órgãos e tecidos é necessário comunicar os familiares sobre seu desejo em ser doador. A captação ocorre somente após o diagnóstico de morte encefálica e com autorização expressa da família.

Conforme explica a coordenadora da Cihdott, “o transplante de órgãos e tecidos é alternativa terapêutica segura e eficaz no tratamento de diversas doenças, determinando melhoria na qualidade e na perspectiva de vida”.

Apesar de ser um gesto nobre, muitas pessoas ainda não compreendem a relevância do ato. Para conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre a importância da doação de órgãos, todos os anos ocorre no Brasil a campanha Setembro Verde. Valdete acredita que o assunto não deve ser esquecido nos demais meses.

Como funciona
A captação de órgãos é um procedimento cirúrgico para remover os órgãos viáveis para transplantes. A cirurgia para esta finalidade não desconfigura e nem deforma o corpo do doador e geralmente acontece no hospital em que o doador está recebendo assistência médica.

Já o procedimento de transplante consiste na substituição de um órgão (coração, pulmão, fígado, pâncreas e rim) ou tecido (medula óssea e córneas) de uma pessoa doente por outro órgão sadio de um doador e ocorre apenas em hospitais habilitados para esta finalidade.

Números
No ano de 2020 foram registradas 56 notificações de morte encefálica (ME) no Hospital Estadual de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo. Destas, 11 foram doações efetivadas, totalizando 33 órgãos e tecidos ofertados (8 Córneas, 20 Rins, 4 Fígados e 1 Coração). Em 2021, foram 71 notificações de ME. Destas, 7 doações foram efetivadas, totalizando 23 órgãos e tecidos ofertados. Em 2022, já foram realizadas 7 doações de órgãos até outubro.

“Para que vidas sejam salvas, a autorização da família é necessária, conforme a Legislação brasileira. A única forma de se tornar um doador de órgãos é avisando a família sobre o seu desejo, para que, em caso de óbito, os familiares optam pela autorização da doação. Infelizmente o número de famílias que recusam a doação, por motivos diversos e que muitas vezes perpassam pela falta de conhecimento ainda é muito alto no Brasil e em Goiás não é diferente. Para diminuir essa recusa, a população precisa ser conscientizada sobre a importância do ato de altruismo”, conclui Valdete.

Hariane Rodrigues (texto) e Felipe Homsi (texto e foto)/Funev

 

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