Goiás adere à iniciativa da OMS de combate a fatores de adoecimento da população

Durante dois dias, consultores da Opas Brasil, em conjunto com autoridades de saúde e parceiros da comunidade científica, discutem medidas de promoção, prevenção e condutas assistenciais de controle da hipertensão arterial

O Estado de Goiás aderiu à Iniciativa Hearts nas Américas, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) –  agência da Organização Mundial da Saúde (OMS) –, apoiado pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems-GO) e comunidade científica, como a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e Universidade Federal de Goiás (UFG).  Para avançar na implantação das ações relativas a essa iniciativa, Goiás recebe, nessa segunda-feira e terça-feira,  15 e 16/08, a visita técnica da equipe da Opas/Brasil, com participação dos consultores Andrés Rosende e Antônio Ribas. 

Um evento cientifico com o tema “Como lidar com o impacto das doenças cardiovasculares na Atenção Primária à Saúde no contexto atual”, reuniu os consultores da OPAs, gestores da saúde estadual e municipal, pesquisadores e professores de universidades e acadêmicos no auditório do Hospital Estadual  da Criança e Adolescente (Hecad), na tarde desta segunda, 15.

“Esse projeto detalha estratégias de cuidados mais adequados para pessoas que tem hipertensão e diabetes nos municípios, levando em consideração a realidade do contexto goiano”, explicou durante a abertura do evento, o secretário de Estado da Saúde, Sandro Rodrigues, acrescentando que o trabalho terá início em um município de cada uma das 18 regionais de saúde do estado.

Prevenção
Os consultores e parceiros da iniciativa foram recebidos para uma reunião técnica de trabalho, pela manhã na sede da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) e à tarde, ocorreu o evento científico. As palestras foram ministradas por Andrés Rosende, consultor internacional da Opas para a Iniciativa Hearts e Weimar Barroso, coordenador da Liga de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiás (UFG). 
Participaram  convidados da comunidade acadêmica de Goiás, representantes das sociedades científicas do Estado e profissionais e gestores da área da saúde. Antônio Ribas, especialista em desenvolvimento de políticas públicas da Opas destacou a iniciativa do Governo de Goiás, por meio da SES-GO, em procurar a OMS, desde o ano passado, para trabalhar a prevenção, controle e combate das doenças crônicas, principalmente, das cardiovasculares. 
“Esta iniciativa já está sendo realizada em 24 países da região das américas e mais um território ultramar. Trata-se de uma iniciativa que tem consolidação, base e evidências científicas, bem consolidadas, com orientação e diretrizes de protocolos clínicos para que os profissionais das unidades básicas de saúde possam ter as melhores práticas para os usuários”, esclareceu. 
Um dos objetivos da visita da equipe OPAS também é a definição de critérios de adesão dos municípios na iniciativa e do planejamento das ações no território. No dia 16 de agosto, a programação inclui uma reunião de revisão e alinhamento do protocolo de hipertensão para o Estado de Goiás, na parte da manhã, e reunião de elaboração da portaria de instituição do Grupo Gestor da Iniciativa Hearts em Goiás, no período da tarde. 

Mortalidade precoce
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 69,5% da mortalidade precoce em Goiás, sendo que a hipertensão e diabetes se destacam como os principais fatores de risco. Segundo o inquérito nacional Vigitel 2021, as frequências de diagnóstico de hipertensão arterial e diabetes autodeclaradas no Estado foram de 22,5% e 6,8%, respectivamente. Comparando com a série histórica da Pesquisa Nacional de Saúde (2013-2019), tanto hipertensão (21,80%-23,40%) quanto diabetes (6,20%-7,40%) apresentaram significativos aumentos.

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte nas Américas, e a hipertensão arterial é responsável por mais de 50% delas, observando-se uma lacuna entre o diagnóstico e o tratamento. O excesso de peso tem grande associação com taxas elevadas de hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e risco cardiovascular. Sabe-se que a dieta pode afetar direta e fortemente a ocorrência e desenvolvimento de DCV.
 
As estratégias da Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatizam a necessidade de redução do consumo de alimentos com alto teor de energia, sódio, gorduras saturadas, gorduras trans, carboidratos refinados e pobres em nutrientes. A hipertensão é o fator de risco modificável mais significativo e com o objetivo de reduzir o índice das doenças cardiovasculares. A OMS lançou a Iniciativa Hearts nas Américas em 2016, liderada pelo Ministério da Saúde, com a participação de atores locais e acompanhada tecnicamente pela Opas. 

Medidas técnicas
A iniciativa Hearts incentiva a adoção de mudanças clínicas e gerenciais baseadas no fortalecimento dos serviços de saúde e apoiadas por um sistema de monitoramento em todos os níveis de implementação e consiste nas seguintes medidas técnicas:
-Hábitos saudáveis: aconselhamento a pacientes com informações sobre os quatro fatores de risco comportamentais para DCV. Prevê intervenções com enfoque no aconselhamento sobre fatores de risco e incentivo à adoção de hábitos saudáveis.
-Evidências: protocolos baseados em evidências. Série de protocolos para padronização da conduta clínica no manejo da hipertensão e da diabetes, contendo informações sobre aquisição de medicamentos e tecnologias para as DCVs, bem como quantificação, distribuição, administração e manuseio de insumos no âmbito do estabelecimento.
– Acesso a medicamentos e tecnologias essenciais com informações sobre aquisição de medicamentos e tecnologias para as doenças cardiovasculares, quantificação, distribuição, administração e manuseio de insumos no âmbito do estabelecimento.
– Risco: manejo das doenças cardiovasculares baseado no risco, com divulgação de informações sobre uma abordagem de risco total para conduzir a estratificação do risco e manejo dessas enfermidades.
– Trabalho de equipe como base para a atenção. Orientações e exemplos de atenção baseada em trabalho de equipe e redistribuição de tarefas relacionadas com a atenção a pacientes com doenças cardiovasculares. Contém também recursos para treinamento.
– Sistemas de monitoramento, com informações sobre métodos de monitoramento e notificação na prevenção e no manejo das doenças cardiovasculares. Contém indicadores padronizados e ferramentas de coleta de dados. 

Texto: Iara Lourenço e Patrícia Almeida /Comunicação Setorial SES

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