Projeto de humanização da unidade de saúde estadual, Oficina de Arte propõe conexão dos pacientes com memórias afetivas por meio da arte

Qual foi a última vez que você fez algo totalmente novo? Na terça-feira passada (2/8), entre o grupo de pacientes e acompanhantes que participaram da Oficina de Arte do Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), surgiram novos talentos, e muitos deles pintando um quadro pela primeira vez.

Foi o caso do aposentado Alaor Duarte da Silva, de 70 anos, que estava na unidade para fazer uma cirurgia de retirada de vesícula. O paciente pintou o próprio andador e, ao ser perguntado o motivo da escolha, respondeu, depois de alguns segundos, com a voz embargada e lágrimas nos olhos de disse que o andador é seu companheiro. Alaor disse que, desde que chegou ao HGG, só sente muita falta da família e quer voltar para casa.

De outra tela em branco surgiram flores, uma palmeira, nuvens, um sol e um lago. Ronaldo Francisco da Silva, 55 anos, logo avisa que é seu rancho, que fica em Serra da Mesa. Ele diz que gosta demais de ir para lá com os amigos e família. A coisa que mais gosta é pescar, e não vê a hora de poder ir para lá de novo.

Ronaldo passou por um transplante de rim há dois anos no HGG e, desde então, tem sido acompanhado pela equipe de nefrologia da unidade, mas conta que é a primeira vez que participa da Oficina de Arte. Ele ressalta que foi uma surpresa, pois achou tudo muito diferente e que nunca tinha pensado em pintar um quadro. 

A enfermeira Fabrícia Cândida, que quinzenalmente auxilia na condução dos pacientes até o Jardim da Solistência, para participação da oficina, ressalta que, muitas vezes, ao serem convidados para atividade, alguns pacientes rejeitam a ideia e apenas após a explicação dos objetivos terapêuticos aceitam o convite. Mas, no fim, a maioria volta satisfeitos, principalmente pelo resultado, já que a maioria nunca teve contato com os pincéis e acabam se divertindo bastante.

Iniciado em julho de 2014, a Oficina de Arte é ministrada pelo artista plástico Alexandre Liah e conta com o apoio da equipe multidisciplinar para incentivar a interação social, cognição, afetividade e, o mais importante, motivar o paciente à adesão ao seu tratamento de saúde.

Ao final da atividade, os pacientes que têm interesse em ficar com seus quadros retornam com eles para o quarto. Já os que escolhem doar suas criações têm suas obras expostas na área do Jardim da Solistência.

Thalita Rodrigues (texto e foto)/Idtech