Médico do HGG participa de ‘live’ sobre esclerose múltipla

Ação alusiva ao Agosto Dourado é realizada pela Coordenação Regional de Saúde Mental e Populações Específicas da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás

Fernando Borges é neurologista e coordenador do Ambulatório de Doença Neuroimunológicas do HGG

Encontro Integração, promovido na quarta-feira (25/8) pela Regional de Saúde Central, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO), contou com a participação especial do médico neurologista e coordenador do Ambulatório de Doença Neuroimunológicas do Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), Fernando Elias Borges. Ele esclareceu aos participantes sobre esclerose múltipla (EM), doença neuroimunológica caracterizada pela desmielinização do sistema nervoso central que acomete principalmente o cérebro, tronco cerebral, nervos cranianos e medula espinhal.

"Essas lesões vão produzir sintomas ligados à sensibilidade, função motora, percepção de controle dos movimentos: perda de força, alterações da sensibilidade, alteração da percepção visual, e essas crises podem ser ocasionadas em surtos que recorrem", destaca o neurologista da unidade do Governo de Goiás.

Fernando explica que não há um teste específico que identifique a EM e, por isso, após surtos recorrentes, o diagnóstico é fechado, definido clinicamente e confirmado por meio de exames laboratoriais e exames de imagens – a ressonância magnética de crânio e de coluna cervical e dorsal são os mais importantes para auxiliar no diagnóstico.

O médico também fala da dificuldade de diagnóstico dos pacientes, uma vez que os sintomas são parecidos com os de outras doenças. "Por exemplo, é comum um paciente de esclerose múltipla ter crises de vertigem e ser diagnosticado como labirintite, ou ter essa perda visual e procurar inicialmente um oftalmologista porque não está enxergando direito. Isso tudo atrasa o diagnóstico correto", ressalta. Ele pontua que quanto mais rápido o paciente for diagnosticado e tratado, mais tempo de qualidade de vida o paciente vai ter.

Diagnóstico
Segundo Fernando, a manifestação mais comum da doença é em adultos jovens na faixa etária entre 20 e 40, mas a EM também pode aparecer na infância, por volta dos 10 anos, ou mais tardiamente, aos 50 anos. Ele ainda chama atenção para eventos que podem antecipar a manifestação da EM.

"A Covid-19 pode ser um gatilho para acelerar o diagnóstico de esclerose múltipla. Uma doença não provoca a outra, mas antecipa a manifestação de sintomas". O neurologista afirma que o diagnóstico precoce e correto proporciona mais qualidade de vida para os portadores da doença e permite o uso correto de medicamentos que diminuem a frequência dos surtos. 

Para o profissional, é necessário melhorar o atendimento na atenção básica para pacientes com suspeita de doença neurológica recorrente, com características que sugerem que ela possa ser inflamatória, para que eles sejam encaminhados diretamente a um hospital terciário.

"O HGG recebe pacientes da rede básica, mas, hoje, se o paciente tem um diagnóstico ou suspeita de uma doença desmielinizante, esse encaminhamento não é feito especificamente para hospital terciário que acompanha doenças desse tipo. Ele acaba indo para qualquer hospital que tenha um neurologista, e isso pode atrasar o início do tratamento", analisa.

O médico acrescenta que há uma necessidade urgente de que a regulação entre os municípios desenvolvam mecanismo de tecnologia da informação que possibilitem priorizar o encaminhamento desses pacientes para os centros de referência, dando maior celeridade ao diagnóstico e consequentemente, proporcionando um tratamento mais precoce possível.

Cegem
Desde 2003, o HGG sedia o Centro Goiano de Estudos da Esclerose Múltipla (Cegem). De lá para cá, centenas de pacientes já foram atendidas pela equipe de profissionais da unidade, que é referência em tratamento de EM no Estado.

O hospital oferece serviços ambulatoriais nas especialidades de neurologia (doenças desmielinizantes), urologia (bexiga neurogênica), fonoaudiologia, psicologia e psiquiatria, que atendem, de forma integrada, aos pacientes.

A unidade dispõe de sala de infusão para pulsoterapia ambulatorial, que proporciona maior conforto aos doentes e evita internações desnecessárias. Todos os exames laboratoriais e de imagem são realizados no próprio hospital ou por meio de convênios.

Conscientização
O mês de agosto ganhou cor  especial em 2014, em prol da conscientização da doença autoimune que mais acomete jovens adultos em todo o mundo: a esclerose múltipla. O Agosto Laranja foi criado pelos Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) com o objetivo de ser um movimento coletivo para desmistificar essa condição crônica de doença e fomentar o diagnóstico precoce, mais qualidade de vida, acolhimento, respeito e dignidade para quem convive com a doença, seus amigos e familiares.

Também no dia 30 de agosto é comemorado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A data foi instituída pela Lei 11.303, em 11 de maio de 2006, para homenagear Ana Maria Amarante Levy, a mulher que levantou, pela primeira vez, no Brasil, a bandeira da luta contra esta doença crônica, degenerativa e autoimune.

Thalita Braga (texto e foto)/Idtech

Governo na palma da mão

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