Violência sexual contra crianças avança dentro de casa durante pandemia

Autores são, na maioria, pessoas do círculo familiar, conforme debatido em evento pelo Dia Nacional de Enfrentamento à  Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Participantes do debate virtual sobre violência sexual de crianças e adolescentes, durante a 'live'

O isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 está resultando no aumento dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em todo o Estado. Esta grave situação, que constitui um desafio a ser enfrentado por gestores, profissionais da área e população em geral, foi debatida na manhã de desta terça-feira, 18, no debate virtual “Enfrentamento da violência sexual de crianças e de adolescentes no Estado de Goiás e na Capital/Goiânia: os vários olhares que tecem a Rede de Atenção e Proteção”.

O evento virtual marcou em Goiânia a celebração do Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. A roda de conversa contou com a participação de profissionais de diferentes instituições que atuam, direta ou indiretamente, com a questão. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) foi representada pela coordenadora de Vigilância de Violências e Acidentes, Maria de Fátima Rodrigues.

Em seu pronunciamento, Maria de Fátima enfatizou que tão grave quanto a verificação do aumento de casos de violência vitimando as crianças e adolescentes é a constatação de que os crimes são cometidos nos próprios lares e que os autores são, na grande maioria, familiares dessas crianças e adolescentes. Os registros da SES-GO revelam que foram notificados, no ano passado, 5.197 casos de violências contra crianças e adolescentes.

Desse total, 27% são de natureza sexual. Cerca de 72% das ocorrências afetaram pessoas do sexo feminino, a maioria da faixa etária de 10 a 14 anos. Os registros também demonstram que 77% das violências ocorreram nas residências das vítimas e que 85% foram praticadas por pessoas do convívio íntimo e familiar das crianças e adolescentes, entre as quais pais, mães, padrastos, irmãos, madrastas e avós. Trinta e oito por cento das violências foram marcadas pela repetição.

Subnotificação
A coordenadora de Vigilância de Violências e Acidentes da SES-GO destacou que, apesar do avanço da violência, observa-se uma subnotificação das ocorrências. “Muitos casos não são levados às unidades de saúde para o atendimento das vítimas”, sublinha. 

Maria de Fátima acentua a importância de as pessoas notificarem os atos, para que a SES-GO e demais instituições que lidam com o problema definam políticas públicas voltadas à prevenção e à assistência das vítimas. “É fundamental que os crimes  de violência sexual tenham visibilidade.”

A ‘live’ foi realizada pela Rede de Atenção e Proteção às Pessoas em situação de violências de Goiânia e Fórum Goiano pelo Fim da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. Além da SES-GO, participaram, como instituições parceiras, a Prefeitura de Goiânia, Secretaria de Estado da Educação e Cultura, Ministério Público do Estado de Goiás e Universidade Federal de Goiás, entre outras.

Maria José Silva, da Comunicação Setorial

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