No Dia Mundial da Obesidade, endocrinologista dá dicas de ações durante pandemia

Profissional do Cead/HGG, do Governo de Goiás, alerta para questões que podem agravar situação de pessoas obesas, como isolamento social, ansiedade e falta de atividade física

Paciente com obesidade em atendimento médico no HGG: cuidados redobrados na pandemia

A pandemia de Covid-19, que completa um ano do primeiro caso registrado no País este mês, aflige a todos, mas a obesidade, considerada uma comorbidade, é motivo de preocupação extra. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) aponta relatos do serviço de saúde de Londres que indicam que, a cada dez pacientes internados em UTI, sete têm excesso de peso.  Ainda segundo a SBEM, tem se observado ainda no Brasil mais pacientes internados por Covid-19 com excesso de peso, embora ainda não existam dados concretos e conclusivos sobre o tema.
 
Neste 4 de março, Dia Mundial da Obesidade, Patrícia Novais Rabelo, endocrinologista do Centro de Atenção ao Diabetes (Cead) do Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG, cita outras questões ocasionadas pelo isolamento necessário durante a pandemia. “Além do fato de as academias estarem fechadas, o que dificulta a perda de peso, tem a questão da ansiedade, que faz com que haja uma mudança em relação à alimentação, com comidas mais calóricas”. 

Ela lembra que tais fatores não se restringem aos obesos, mas, no caso deles, as consequências podem ser mais danosas. A solução, aponta a endocrinologista, é fazer refeições baseadas em folhas, legumes, frutas e verduras, que são ricas em fibras e vitaminas. 

“As fibras dão maior saciedade. Quando estamos mais saciados, tendemos a comer menos”, pontua. Ela cita também a necessidade de tomar bastante líquido e água. “Quando estamos desidratados, também tendemos a comer mais”. Sobre a ansiedade, ela indica realizar atividades que dão prazer, como o hábito da leitura, além da ingestão de chás calmantes, como camomila, e a prática de exercícios em casa.
 
Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens), divulgada pelo portal Uol, aponta que o brasileiro tem engordado durante a pandemia. A pesquisa comparou o peso corporal de 14.259 pessoas com mais de 18 anos antes do início da pandemia, entre 26 de janeiro e 18 de março, e cerca de seis meses depois, entre 14 de setembro e 19 de outubro. O resultado foi que 19,7%  teve aumento de peso, ante 15,2% que perderam peso.
 
Cirurgia bariátrica
Se a apreensão é grande para quem é obeso, a situação fica mais complicada para quem já conseguiu contornar a obesidade e agora tem que manter o peso conquistado. É o caso de Elisângela de Morais Dutra, de 48 anos, que fez uma cirurgia bariátrica no HGG em 2019. Ela conta que seu peso fica entre 70 e 75 kg depois de ter pedido cerca de 35 após a cirurgia, e que monitora constantemente.  “Ontem eu pesei e estava com 73. Esse aumento de peso eu nem assusto, porque é o meu limite. Agora, se eu passar de 75, vou ficar desesperada.” 

Para com seguir controlar o peso, ela diz que estabelece regras, como o “dia do lixo”. “Eu evito ao máximo comprar doces e chocolates. Tem um dia no meu mês que é o ‘dia do lixo’. Eu vou ao Centro e então eu compro um monte de besteira, porque de vez em quando me dá uma vontade de comer doce. Uma vez por mês eu compro a minha quantidade de ‘lixo’. Enquanto tem o ‘lixo’, eu como, extrapolo, porque acaba rapidinho. Quando acabou também, eu estou light.” 

Após o período do “dia do lixo”, a solução é encontrar alternativas para driblar a vontade de comer. “Graças a Deus, eu como bolacha de água e sal. Hoje, que eu estou ansiosa, já estou preparando para fazer um bolo de arroz, para driblar a vontade de comer doce.” Outra iniciativa para evitar o estresse e ainda se movimentar é andar pela casa e procurar atividades para fazer. “Eu respiro muito, vou para o terreiro, para o quintal, dou uma passeada, arrumo casa, mas tem dia que é impossível.”
 
Outro ponto citado por especialistas é a dificuldade de atendimento médico durante a pandemia, com as consultas suspensas. “Apesar do isolamento imposto à população, os pacientes precisam manter a atenção à saúde, medicação prescrita, cuidados alimentares, atividade física e consultar o médico em caso de dúvidas”, aponta campanha de esclarecimento da SBEM. 

Nesse sentido, para os pacientes do Programa de Combate e Controle da Obesidade (PCCO), o HGG realizou 8,3 mil atendimentos, a maioria deles por teleatendimento, durante o ano passado, garantindo assim o acompanhamento e a prescrição de medicamentos.   
 
Sobre o PCCO
Em funcionamento desde 1998, o Programa de Combate e Controle da Obesidade (PCCO) é direcionado a pacientes com obesidade grau 3, ou seja, aqueles que têm o Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40. 

O atendimento multidisciplinar e integral é realizado por uma equipe multiprofissional formada por psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogos, enfermeiros e nutricionistas. A equipe tem ainda o apoio de médicos cardiologistas e pneumologistas e conta com o respaldo de todas as demais especialidades do hospital.

A cirurgia bariátrica é a última alternativa do tratamento. O paciente é considerado apto a ser operado quando consegue emagrecer, de forma saudável, a quantidade de quilos estipulada pela equipe médica. Após o procedimento cirúrgico, o paciente não se desliga do hospital e é orientado a participar dos encontros mensais.

Pablo Santos (texto e foto)/Idtech

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