Após acidente, casal separado se reencontra em hospital

Ele está há 26 dias internado e ela se recupera em casa; a pedido, Hospital proporcionou encontro dos dois: “estava com muita saudade de vê-la. Em dez anos, nunca estivemos tanto tempo distantes”, relatou o rapaz

O laboratorista Felipe Miqueias Pinheiro, de 29 anos, nunca se viu na atual situação. Hospitalizado, depois de um acidente de moto com a esposa Viviane Benvino dos Santos, de 27 anos, ocupante da garupa, está há 26 dias separado da mulher. Em dez anos de união, com quatro filhos, o casal nunca esteve tanto tempo distante. O Hospital de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do Governo de Goiás, onde Felipe Miqueias está internado, deu uma força para unir novamente os dois, ainda que por alguns minutos. Ele continua internado.

“É uma saudade muito grande. Nós nunca estivemos tanto tempo separados. Eu sinto muita falta de estar com a família que construí, minha esposa e meus filhos. Eu tenho uma família linda”, disse Felipe, minutos antes de acontecer o encontro, organizado pelo hospital, que adotou todas as medidas necessárias para evitar contaminação por contato interno e externo, inclusive com uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e de proteção coletiva.

Ao chegar à recepção, Viviane sabia somente que seria recepcionada pelo médico responsável pelo tratamento, para estar ciente sobre a situação clínica do esposo, que não tem previsão de alta. “Me disseram que o médico queria conversar comigo, porque iria me dar informações de como ele está. Aí na conversa com o médico eu iria pedir para ver ele, porque venho pedindo para enfermeiras e para o departamento de relacionamento. Estou cansada de falar com ele só por telefone”, relatou.

“Ele sempre se queixa e chora, por não poder receber a esposa. Eu sempre falava para ele que não é possível, porque o hospital não está admitindo visitas, e ela, por estar com um braço imobilizado e usando colar cervical, não pode ficar com ele como acompanhante”, justificou a enfermeira Arlete Esteves, que acompanha o paciente.

O mesmo pedido de Felipe Miqueias foi feito à colaboradora do departamento de Relacionamento da unidade. “Nós somos pessoas e estamos aqui para cuidar de pessoas. Ele fez o pedido, e não nos custava pedir à coordenação de enfermagem. Por surpresa, fomos atendidos, e fizemos de tudo para que ela não soubesse antes para que a ansiedade não atrapalhasse esse encontro”, conta Karita Morais.

“O Hugo tem desempenhado o serviço de relação com familiares e pacientes de modo humanizado e, mesmo com a pandemia, procuramos todas as maneiras de fazer com que esses laços se mantenham aquecidos e fortes”, resume Ariane Leonel, coordenadora do departamento de Relações e Ouvidoria do hospital, que organizou todo esse instante.

Jairo Menezes (texto e foto)/INTS

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