Paciente com perda de memória diz ter medo de esquecer o que viveu no Crer

“Quando a cabeça falhar, a foto vai me lembrar do quanto eu amo esse lugar”, diz Cláudia, após receber alta médica na unidade do Governo de Goiás

Cláudia, na porta da unidade do Governo de Goiás: “O Crer me devolveu minha independência”

Há dez anos, Cláudia Carneiro e Dutra luta contra os efeitos provocados por uma encefalite herpética. Como principal sequela da doença, ela convive diariamente com a perda de memória. Por isso, Cláudia tem um grande medo na vida, o de um dia se esquecer de tudo o que viveu no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), unidade do Governo de Goiás.

"Eu não me lembro de como cheguei aqui. Muitas coisas, ao longo do meu tratamento, foram esquecidas, mas a importância do Crer na minha vida é tão grande que consigo me lembrar, inclusive, de alguns profissionais que cuidaram de mim. Meu maior medo é um dia me esquecer de como amo esse lugar, de como sou grata ao Crer e, por isso, eternizei essa foto aqui, na entrada, para nunca me esquecer do que eu vivi nesse hospital", diz, emocionada. 

O tratamento de reabilitação no Crer durou sete anos, de 2010 a 2017. Durante esse período, Cláudia fez diversas terapias, que devolveram a ela funcionalidade e independência. O desejo de retornar ao Crer para o registro fotográfico veio depois de ler algumas anotações que ela vem fazendo ao longo desses dez anos. 

"Para não me esquecer da minha história e de tudo o que vivi nesses 10 anos, e motivada por minha terapeuta do Crer, comecei a escrever diários. São os 'Cabeções'. Todo ano, um diário. Foi relendo essas anotações que me surgiu a vontade de vir aqui tirar essa foto. Não quero nunca me esquecer do Crer, e sei que toda vez que eu olhar a foto, vou ver o sorriso nos meus lábios e lembrar que esse sorriso é de gratidão. Aqui vivi belos momentos". 

Muito sofrimento
Cláudia lembra que o momento em que recebeu alta médica, isso lá em 2017, foi marcado por muito sofrimento. "Quando recebi a notícia da minha alta médica, sofri muito. Engraçado, né, era para eu apenas comemorar. Mas a verdade é que eu não sabia como ia viver sem minhas terapias no Crer. Foi um momento sofrido, fiquei com muito medo. O Crer mudou a minha vida, e eu não sabia viver sem estar aqui. Hoje sou feliz, o Crer me devolveu minha independência", relembra. 

A luta contra a perda de memória continua. Mas o brilho nos olhos, o apoio do pai, Jacyntho Fernandes Dutra, e as boas lembranças do Crer, eternizadas no coração e em páginas de papel, fazem com que Cláudia continue sua jornada. Sempre feliz, hoje ela se vê uma outra pessoa e com todas as suas metas realizadas.
 

Rafaela Bernardes (texto e foto)/Agir

Governo na palma da mão

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