Caiado anuncia ações para conter o coronavírus em Goiás e assegura: “Não há motivo para pânico”
Governador pontua medidas necessárias para evitar a propagação da infecção, como o reforço de um hábito simples: lavar as mãos. Também garante que o Estado está preparado para oferecer a melhor estrutura de assistência médica aos goianos
De forma transparente, séria e proativa, o Governo de Goiás está preparado para enfrentar o novo coronavírus. Neste cenário, o governador Ronaldo Caiado anunciou, na tarde dessa quinta-feira, 12, um plano de ação para acompanhar e prevenir o alastramento da infecção no Estado, com foco na segurança dos goianos. As medidas foram divulgadas no mesmo momento em que a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) confirmou os três primeiros casos locais de pessoas infectadas pelo Covid-19. A situação, que era iminente, deve ser tratada com responsabilidade e serenidade pela sociedade e pelo poder público: “Não há motivo para pânico”, assegurou Caiado.
Em tom de tranquilidade, o governador adiantou que o foco será o controle de novos casos e pontuou as principais ações determinadas para a prevenção. “Sabíamos que o vírus chegaria em Goiás. Agora, o que temos de fazer é trabalhar na menor incidência e termos melhores resultados”, reiterou. A entrevista coletiva que detalhou o plano emergencial ocorreu no Hospital do Servidor Público do Estado de Goiás definido como centro de apoio para receber pacientes com o quadro da doença.
O hospital, que é uma unidade do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo), teve as obras concluídas em fevereiro e estava apto a iniciar os atendimentos com 100% de sua capacidade. No entanto, toda a unidade está reservada para pacientes com o coronavírus. “Nenhum Estado no País tem a estrutura que estamos oferecendo ao povo goiano”, salientou Caiado, reforçando que o hospital tem 222 leitos. No estacionamento, quatro salas modulares serão usadas para a realização de triagem dos pacientes.
Diálogo
A propagação viral já era motivo de diálogo entre o governador, gestões municipais, representantes de todos os Poderes e lideranças empresariais. Após uma série de reuniões ocorridas na quarta-feira (11/03), explicou Ronaldo Caiado, ficou definida a publicação de um decreto que coloca Goiás em estado de emergência. De caráter burocrático, ele facilita a tomada de decisões no âmbito da saúde que podem ser necessárias nos próximos dias, como a própria determinação de reservar um hospital para pacientes do Covid-19, além da aquisição de materiais e serviços fundamentais ao tratamento de possíveis pacientes. “O decreto tem finalidade preventiva e proativa”, disse, ao frisar o consenso entre Executivo, Legislativo e Judiciário quanto ao documento.
Entre as medidas emergenciais, o governador anunciou que eventos estaduais com maior aglomeração de pessoas serão cancelados, adiados ou restritos. Os próximos jogos do Campeonato Goiano, por exemplo, ocorrerão sem torcida nos estádios, apenas com os jogadores em campo e demais profissionais que compõem o evento esportivo, como a imprensa. Até o momento não existe a recomendação de que sejam suspensas aulas nas escolas e faculdades.
Com o anúncio do Ministério da Saúde de antecipar a vacinação contra gripe para o próximo dia 23, o governo anunciou que, em Goiás, os idosos terão atendimento domiciliar, como forma de intensificar a prevenção. Para o governador, essa é uma forma de proteger a população de terceira idade do vírus, público tido como o mais vulnerável.
No âmbito da gestão pública, cada secretaria de Estado poderá definir horários alternativos de expediente para servidores que utilizam o transporte público, a fim de evitar horários de pico, onde há maior concentração de passageiros. E para as empresas que administram os ônibus, a recomendação é higienizá-los de maneira mais recorrente. O mesmo vale para táxis e transportes individuais por aplicativos. Protocolos de higienização serão divulgados pelo Estado.
Parceria com municípios
Sobre a contenção da doença, a superintendente em Vigilância Sanitária da SES-GO, Flúvia Amorim, disse que o Estado trabalhará em parceria com os municípios para monitorar todos os casos suspeitos e confirmados, incluindo as pessoas que tiveram contato com os pacientes. “Todos os contatos serão monitorados por 14 dias, que é o período máximo de incubação”, informou. “Todo esse trabalho de monitoramento, assistência e comunicação faz parte do plano de contingência para que a gente tenha o menor número de casos graves e de óbitos possível”, explicou a superintendente.
Secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino lembrou a “Operação Regresso”, realizada em fevereiro, quando a Base Aérea de Anápolis recebeu repatriados da China que ficaram em regime de quarentena. Na ocasião, o Governo de Goiás adiantou protocolos de segurança para enfrentar o coronavírus, o que vai auxiliar no enfrentamento a partir de agora. “Goiás foi o primeiro a apresentar o plano de contingência ao Ministério da Saúde, o primeiro a instituir o Comitê de Operações Estratégicas, o pioneiro no que tange ao reconhecimento de vírus em laboratório, através do Lacen”, pontuou.
Citado pelo secretário, o Laboratório Estadual de Saúde Pública Hospital Dr. Giovanni Cysneiros é referência em todo o Centro-Oeste, e foi determinante no diagnóstico de todos os 34 brasileiros que vieram da China, bem como dos 24 assistentes que ficaram acompanhando os repatriados, somando 58 pessoas que ficaram em isolamento.
Em relação a locais como os presídios, em que não existe a possibilidade de reduzir a quantidade de pessoas aglomeradas, a SES-GO já implantou os protocolos de atuação para que sejam dirimidas as expectativas de infecção. Desta forma, Ronaldo Caiado reiterou que não há motivo para pânico, uma vez que Goiás é o Estado com maior capacidade de enfrentamento do coronavírus no País. “Quero é tranquilizar os goianos, que não fiquem nessa expectativa de toda hora querer fazer o exame. O exame só deverá ser feito no momento que a pessoa sinta, além de tosse e resfriado, dificuldade de respirar”.
Casos confirmados
Sobre os três casos já confirmados de coronavírus em Goiás, são mulheres que viajaram para o exterior recentemente. Uma das pacientes tem 61 anos, mora em Rio Verde e esteve na Espanha. As outras duas, de 31 e 38 anos, são de Goiânia, e estiveram nos Estados Unidos e Itália, respectivamente. Segundo a SES-GO, todas passam bem e estão em isolamento em casa durante o período de quarentena.
Na quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o mundo vive uma pandemia do novo coronavírus. Desde dezembro do ano passado, a doença já se alastrou por mais de 119 países. Até o momento, são cerca de 125 mil casos confirmados, com mais de 4,6 mil óbitos. No Brasil, segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado na tarde desta quinta-feira, são 77 casos confirmados e 1.422 suspeitos. Outros 1.163 foram descartados após exames.
Cuidados pessoais
O Governo de Goiás se antecipou à crise sanitária e adotou uma série de medidas preventivas. Ainda assim, a principal recomendação para evitar a doença gira em torno dos cuidados pessoais. Nesse sentido, o governador Ronaldo Caiado, que também é médico, convocou a população para que cada um faça a sua parte. “Se tivermos o cuidado de seguir as regras, vamos diminuir a incidência do vírus em Goiás”, observou.
O coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, através de contato com secreções contaminadas (gotículas de saliva, catarro) ou contato com objetos contaminados. A melhor forma de prevenir o contágio é lavar frequentemente as mãos com água e sabão, ou álcool em gel; cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir; evitar aglomerações se estiver doente; evitar ambientes pouco ventilados; e não compartilhar objetos pessoais.
Caiado chamou a atenção para países como Alemanha, Coreia do Sul e Japão, onde o coronavírus já chegou, mas não se alastrou com tanta força devido às atitudes de proteção pessoal da própria população. “As pessoas seguem à risca aquilo que ali está orientado”, disse. Além da higiene com as mãos, o governador pediu cautela nos cumprimentos. “Não sabemos rejeitar cumprimento, mas agora as pessoas precisam entender que ninguém está rejeitando estender a mão a ninguém. Vamos evitar [dar as mãos]. Com isso, estamos diminuindo a disseminação do vírus”, concluiu.
Também participaram da coletiva vários secretários de Estado, presidentes de órgãos e autarquias do Governo de Goiás, além de deputados estaduais e os deputados federais Zacharias Calil e Flávia Morais.