Saúde atualiza boletim de SRAG/H1N1: não há epidemia em Goiás

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) realizou coletiva à imprensa nessa terça-feira, 27 de março, para informar atualização do boletim da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No boletim da semana epidemiológica 12, foram registrados 32 casos de SRAG pelo vírus Influenza A H1N1, com 02 mortes confirmadas – em Trindade (GO). “A Síndrome Respiratória Aguda Grave é um quadro clínico que pode ser causado por diversos agentes, entre eles, o vírus Influenza A H1N1, que é uma das causas de SRAG nesse ano, em Goiás. Não dá ainda para caracterizar como epidemia porque está dentro do número de casos esperados no Estado de Goiás”, explica a médica da SES, Samanta Furtado.

Os casos confirmados de H1N1 foram registrados em Trindade (10 casos), Anápolis (01 caso), Aparecida de Goiânia (03 casos), Caturaí (01 caso), Goiânia (14 casos), Hidrolândia (01 caso) e Jaupaci (2 casos). “Aquela pessoa que tem fator de risco, alguma doença de base, e está gripada, deve procurar assistência médica quando tiver febre, mal estar, dor de garganta. Aquela pessoa que é saudável, que está gripada, deve manter repouso e se perceber retorno da febre, aumento de dor no corpo e desconforto respiratório, também deve procurar ajuda médica”, orienta.

Vacinação para grupos de risco

Alguns pacientes apresentam um risco maior de complicações ao serem infectados pelo vírus Influenza. Por isso, eles fazem parte do grupo prioritário definido pelo Ministério da Saúde para receber a vacinação contra Influenza. A Campanha Nacional contra Influenza começará no dia 16 de abril até o dia 25 de maio.

Fazem parte desse grupo: portadores de doenças pulmonares crônicas (asma, por exemplo); cardiopatas; portadores de doenças metabólicas crônicas, como a diabetes; imunodeficientes ou portadores de imunodepressão; crianças com menos de 5 anos; grávidas ou mulheres até 45 dias  pós-parto; adultos com mais de 60 anos, portadores de doenças renais, entre outros.

A cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica as cepas que deverão ser utilizadas para produção de vacinas contra vírus da gripe em circulação. Em 2018, as vacinas contra influenza combaterão três tipos de vírus: Influenza B, H3N2 e H1N1.

Sintomas

Para o correto tratamento da influenza é importante diferenciar os casos de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Síndrome gripal – os sintomas são febre de início súbito, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: dor de cabeça, mialgia – dor muscular – ou artralgia – dores nas articulações-, na ausência de outro diagnóstico específico. Em crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se também como caso de síndrome gripal: febre de início súbito e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico.

Síndrome respiratória aguda grave – além dos sintomas da síndrome gripal, o paciente apresenta falta de ar ou os seguintes sinais de gravidade: desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, avaliada de acordo com a idade; piora nas condições clínicas de doenças pré-existentes; pressão baixa, em relação à pressão habitual do paciente.

“Pessoas de qualquer idade com quadro de insuficiência respiratória aguda, durante período em que é registrado maior número de casos de  influenza”, alerta a médica.

 

Medicamentos

A SES-GO, por meio da Gerência de Assistência Farmacêutica (GEAF), é responsável pelo gerenciamento do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica. O Ministério da Saúde (MS) considera como estratégicos todos os medicamentos utilizados para o tratamento das doenças de perfil endêmico, cujo controle e tratamento tenham protocolo e normas estabelecidas e que tenham impacto socioeconômico, tais como SRAG.

Os medicamentos para Influenza disponibilizados são Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®) e Zanamivir (Relenza®), que são adquiridos pelo Ministério da Saúde e repassados aos estados conforme programação anual ou solicitações emergenciais. A GEAF distribui os medicamentos às Regionais de Saúde/Municípios, diretamente aos municípios de Goiânia e de Aparecida de Goiânia, além dos hospitais de referência da rede pública.

Nesse momento, o Estado possui um estoque de aproximadamente 80 mil cápsulas nas diferentes apresentações do Oseltamivir, além dos medicamentos que já foram enviados aos municípios. “A Rede Pública possui estoque suficiente para atender a população, conforme protocolo do Ministério da Saúde, mediante apresentação da receita médica”, garante a coordenadora do componente estratégico da assistência farmacêutica da SES-GO, Viviane Troncha.

Vila São Cottolengo: surto isolado

O Ministério da Saúde (MS) apresentou dados preliminares sobre a investigação dos casos de Influenza A – H1N1 registrados na Vila São José Bento Cottolengo, em Trindade. Os resultados preliminares da ação foram apresentados nessa segunda-feira, 26 de março, aos técnicos que participaram ativamente do trabalho. Coordenada por uma equipe do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (EpiSUS) do MS, a força-tarefa foi desenvolvida em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, Vila São José Bento Cottolengo e Secretaria Municipal da Saúde de Trindade.

O estudo teve o objetivo de investigar o surto ocorrido na entidade filantrópica com o propósito de confirmar os casos, identificar o agente etiológico, descrever o surto em tempo, lugar e pessoa e propor medidas de prevenção e controle. O estudo destacou que o surto foi isolado e que no local foram efetivadas as medidas essenciais de controle e prevenção, entre elas, a vacinação dos internos e funcionários com a vacina Influenza e contra a Pneumonia (Pneumo 23) nos internos, o isolamento dos pacientes com sintomas da doença, uso de equipamentos de proteção individual e condutas de higienização.

A investigação teve início no dia 5 de março, tão logo a Secretaria Municipal de Saúde de Trindade teve conhecimento do fato, e encerrou a coleta de dados no último dia 22. A Vila São José Bento Cottolengo tem 327 pacientes e 728 funcionários. O estudo teve como foco os internos que manifestaram febre e mal estar e os funcionários que apresentaram atestado médico e se afastaram do trabalho no período de 5 de janeiro a 22 de março deste ano. Foram avaliados dados demográficos, antecedentes epidemiológicos, dados clínicos e laboratoriais.

O levantamento dos dados feito, por meio de avaliação de prontuário e entrevistas, investigou um universo de 187 pessoas. Destas, 114 são internos da Vila São José Bento Cottolengo e 73 são funcionários. Todos os casos relacionados aos servidores ainda estão em investigação. O estudo coordenado pelo MS também constatou que a maior parte dos casos investigados acometeu pessoas que estão na faixa etária de 40 a 59 anos e que possuem comorbidades dentre elas doenças neurológicas crônicas.

Do total de 11 mortes notificados, 5 vitimaram mulheres e 6, homens. A maioria das mortes (6) vitimou pessoas com 40 a 49 anos. Até o momento, apenas 2 destes óbitos foram vinculados à Influenza A – H1N1. Os demais ainda estão em investigação.

Dos 114 pacientes, 13 tiveram diagnóstico suspeito para dengue; 8 casos estão a esclarecer; 46 foram caracterizados como Síndrome Gripal e 47 como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Seis casos foram diagnosticados como Influenza A – H1N1, e 1 por Influenza A – H1N1 associado ao vírus sincicial respiratório (VSR). Um caso foi constatado exclusivamente como VSR.

Ao final do estudo, a equipe do MS recomenda que a equipe técnica da Vila São José Bento Cottolengo continue na busca ativa de pacientes que apresentam os sintomas; que atualize e envie diariamente o boletim dos casos à Secretaria Municipal da Saúde de Trindade e à Superintendência de Vigilância em Saúde da SES-GO; que faça a manutenção rigorosa das medidas de prevenção e controle; a continuação das medidas de profilaxia Para todos os internos e a implementação de um cadastro para os visitantes da entidade.

O MS também recomenda o tratamento dos pacientes com sintomas respiratórios com Fosfato de Oseltamivir e a realização de curso de atualização sobre evolução do paciente e medidas de prevenção e controle. A SMS de Trindade, conforme o MS deve acompanhar a situação epidemiológica na entidade; notificar os casos de SRAG na ficha de notificação individual e o surto de H1N1 no Sistema Nacional dos Agravos de Notificação (Sinan).

Além disso, o MS recomenda a realização dos cursos de atualização. Já a Suvisa, de acordo com o MS, deve acompanhar a situação epidemiológica na entidade, juntamente com a Prefeitura Municipal de Trindade; apoiar a realização de cursos de atualização e monitorar a notificação dos casos e das mortes nos sistemas de informação.

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