Goiás participa de projeto-piloto para eliminação da transmissão vertical da doença de Chagas
Oficina discutiu metas de eliminação da transmissão de Chagas, em conjunto com outras doenças
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás realizou a I Oficina Estadual de Mobilização para Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical da Doença de Chagas no estado, em Goiânia. O evento aconteceu de 11 a 13 de novembro e foi realizado em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), com cerca de 85 participantes, entre servidores das maternidades, policlínicas e hospitais estaduais, Conselho Estadual de Saúde, APAE, Associação Goiana dos Portadores da Doença de Chagas, servidores da vigilância e da atenção primária, e Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems). O principal objetivo foi discutir as metas de eliminação da Transmissão Vertical da doença de Chagas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de um milhão de mulheres em idade fértil estejam infectadas pelo protozoário Trypanosoma cruzi em todo o mundo, resultando em até 15.000 bebês nascidos com a doença a cada ano. A médica e Assessora Técnica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES/GO, Dra. Cristina Laval, participou da abertura do evento, representando a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.
Segundo a responsável técnica pelo Programa Estadual de Chagas da SES-GO, Liliane da Rocha Siriano, Goiás foi escolhido para desenvolver o projeto piloto porque há metas estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde de eliminar doenças de transmissão vertical como HIV, hepatites, sífilis e chagas. “Chagas entra no calendário das doenças de eliminação de transmissão vertical, que é a transmissão da mamãe para o bebê durante a gestação. Goiás já tem o teste da mamãe e testa todas as gestantes na rede pública de saúde para várias doenças, e a partir das mães positivas, vamos fazer uma triagem dos filhos que as mulheres já têm, essas portadoras de chagas e também dos que ela está gestando”, explica.
Como resposta a este agravo de transmissão vertical, em 2022 foi instituído no Brasil, o Pacto Nacional para a Eliminação da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis, Hepatite B e Doença de Chagas como problema de Saúde Pública, alinhado com a iniciativa ETMI-PLUS da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) onde apresenta a sistematização de diretrizes, compromissos e metas para a eliminação da transmissão vertical de HIV, Sífilis, Hepatite B e doença de Chagas. Além desse compromisso, o Ministério da Saúde elaborou o Guia de Certificação dos agravos de eliminação da Transmissão Vertical e incluindo a Doença de Chagas. Induzindo assim, estados e municípios no alcance dos indicadores de impacto e processo para o alcance da eliminação desse agravo no país.
Para viabilizar o processo de certificação da eliminação, foi proposto ao Estado de Goiás a implementação de um projeto piloto para a certificação da eliminação da transmissão vertical da doença de Chagas como problema de saúde pública. Nesse sentido a realização de uma oficina irá viabilizar o encontro de profissionais e sociedade civil, que estão inseridos diretamente ou indiretamente com a rede de atenção à saúde, visando a mobilização como fio condutor para discussão de estratégias de fortalecimento do diálogo e ações com foco na eliminação da transmissão vertical da doença de Chagas em Goiás.
Dados
Considerada silenciosa, a doença de Chagas atinge, ainda hoje, pelo menos 8 milhões de pessoas ao redor do mundo. Ela pode atingir órgãos como o coração, intestino e esôfago e é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como negligenciada, por ter relação com determinantes sociais. Menos de 10% das pessoas infectadas tem acesso ao diagnóstico e menos de 1% tem acesso ao tratamento. Em Goiás, estima-se que entre 200 mil e 300 mil pessoas sejam portadoras da doença na forma crônica.
Dados do boletim “Perfil epidemiológico e sociodemográfico dos casos crônicos de doença de Chagas notificados em Goiás”, mostram que durante os últimos 10 anos, foram notificados 7.802 casos de Chagas na forma crônica no estado de Goiás, com taxa de prevalência média de 10,25 casos a cada 100 mil habitantes. A maior frequência de casos foi verificada em pessoas do sexo feminino (58,7%), de raça/cor parda (32,1%), que residiam em zona urbana (88,8%) e estavam na faixa etária maior ou igual a 70 anos (28,4%). O boletim foi elaborado pela Gerência de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmissíveis da SES-GO, em colaboração com a equipe do IntegraChagas, a partir dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Texto e foto: Comunicação Setorial SES