Agrodefesa defende sanidade do animais pertencentes aos povos Kalunga há mais de 10 anos
Ha mais de dez anos a AGRODEFESA desenvolve ações de vacinação de gado no sítio histórico Kalunga, no extremo nordeste goiano nos meses de Maio e Novembro. Desde o início essas ações visam a conscientização dos povos Kalunga sobre a educação sanitária, a prática do manejo e a importância da imunização do seu rebanho. Hoje são distribuídas aos produtores milhares de doses das vacinas contra raiva e febre aftosa.
Os fiscais agropecuários percorrem centenas de quilômetros até as comunidades nos meses de vacinação, visitando os produtores e acertando as datas para entrega da vacina para todo o território quilombola, para já se preparar o gado para a vacinação e receber as vacinas.
Esta ação facilita o transporte de vacinas até as comunidades, uma vez que o acesso a estas áreas é difícil e em muitos lugares não possui energia elétrica, que poderia conservar a vacina (mantida em temperatura de 2 a 8 graus celsius), esta estratégia de nossos fiscais agropecuários garante a integridade das doses e o aumento do índice de vacinação em toda região Kalunga.
Este trabalho, executado ao longo de todos esses anos, fez com que os laços afetivos entre os produtores do quilombo kalunga e a AGRODEFESA se estreitassem. Com o passar do tempo pudemos conhecer e valorizar a identidade cultural dos povos quilombolas do nordeste goiano, que habitam o território cerrado há mais de 300 anos.
Nos da Agrodefesa somos gratos pelo privilégio e o prazer de conhecer muitas pessoas que marcaram nossa história de educação sanitária nas comunidades, como seu Getúlio, que é barqueiro do estado e nos guia por entre os caminhos tortuosos do rio paranã e bezerra, que banham o território, e também Dona Procópia do Santos Rosa, matriarca kalunga, personagem importantíssima na reivindicação e a conquista dos direitos quilombolas, indicada ao prêmio nobel da paz em 2005.
Hoje, esta relação de respeito, amizade e parceria, prospera e transcende a esfera profissional, fazendo com que a presença da AGRODEFESA nas comunidades tradicionais seja aceita e respeitada. Isso possibilita a promoção e o fortalecimento dos vínculos entre a Agência Agropecuária e os povos kalunga, descendentes direto dos povos africanos que vieram para o Brasil e foram escravizados e sem sombra de dúvidas compõem nossa rica cultura afro-brasileira e porque não dizer também afro-goiana.
Nesse sentido a Agrodefesa abraça e vem respeitosamente lembrar dessa importante data, 20 de novembro, dia da Consciência Negra, data que deve nos fazer refletir para o fato que a cada 23 minutos, um jovem negro morre no Brasil, que mulheres negras são as que mais sofrem violência doméstica, quatro em cada dez jovens negros não terminam o ensino médio. Se nada for feito, apenas no ano 2089, negros terão renda média igual à dos brancos e mesmo diante de um cenário injusto e desumano como esse, há quem duvide da importância da luta contra o racismo estrutural brasileiro.
Fotos: Gunnar fiscal Agrodefesa (Nordeste Goiano)
Confira no facebook da Agrodefesa trechos do documentário do atendimento da Agrodefesa aos povos Kalunga
https://www.facebook.com/agrodefesagoias/videos/1363040190797889