No Intenso Agora resgata parte da história política do século 20

Júnior Bueno

Na quarta-feira, dia 22, o documentário No Intenso Agora foi exibido no Cineteatro São Joaquim, dentro da Mostra Paralela do Cinema Brasileiro, que integra a programação do Fica 2017. Dirigido pelo cineasta João Moreira Salles, o filme é um relato de parte da história do século passado a partir de memórias do próprio diretor. Fundamentado em elementos autobiográficos, o filme foi construído com a ajuda dos montadores Laís Lifschitz e Eduardo Escorel, que está presente no festival para falar sobre cinema político e os 50 anos de Terra em Transe, de Glauber Rocha.

A partir de imagens de arquivo e registros amadores da revolução estudantil de 1968 na França e na antiga Tchecoslováquia, o projeto foi inspirado pelas imagens caseiras que Eliza Gonçalves, mãe de Moreira Salles, fez durante uma visita à China em 1966, fase inicial e mais aguda da Revolução Cultural Proletária.

No Intenso Agora tem narração em primeira pessoa do diretor, traz de volta a euforia inicial da revolta estudantil, cujo espírito se alastrou pelo mundo, e também seu esgotamento, frustrando alguns de seus jovens líderes ao ponto de optarem pelo suicídio. Esta é a única relação direta com o destino da mãe do cineasta, que tirou a própria vida, tragédia não mencionada no filme.

O filme estreou no Brasil durante o festival É Tudo Verdade, em abril deste ano. Em carreira fora do Brasil, conquistou três prêmios no Cinéma Du Réel – Festival Internacional de Documentários, na França. A produção venceu na melhor trilha (Rodrigo Leitão) e melhor filme pela Scam (Sociedade civil dos autores multimídia) e pelo júri das bibliotecas.

A Mostra Paralela de Cinema Brasileiro se encerra nesta sexta, 23/06, com a estreia do filme Hugo, do cineasta goiano Lázaro Ribeiro.

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