Artigo – Controle de pragas contribui para o sucesso do feijoeiro comum em Goiás

José Ricardo Caixeta Ramos*

O feijão está difundido em praticamente todo o território brasileiro, destacando-se como um item de grande importância para a alimentação, por ser ingrediente tradicional da dieta básica da população. É cultivado não só por agricultores familiares, que destinam uma parte expressiva da produção para o próprio consumo, mas também por grandes produtores, que abastecem esse promissor mercado.

Atualmente, o Brasil é o maior consumidor mundial e o terceiro maior produtor no mundo, atrás apenas dos países asiáticos Índia e Mianmar. Goiás destaca-se entre os maiores produtores que são Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso.

Para fomentar o sistema produtivo, diante das variações do nosso clima e solos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tendo a unidade Arroz e Feijão sediada em Santo Antônio de Goiás (GO), vem desenvolvendo programas de pesquisa para disponibilizar tecnologias aplicadas ao aumento da produtividade das lavouras, à redução de custos de produção, à geração de renda, à oferta de grãos de qualidade aos consumidores e à conservação do meio ambiente.

A proximidade da Embrapa Arroz e Feijão contribui para estreitar relacionamento e promover atuação colaborativa com a Agrodefesa no sentido de compartilhar dados científicos, que aliados aos estudos técnicos institucionais e conhecimentos práticos vivenciados pelos produtores goianos no cultivo do feijão, embasam as tomadas de decisões em conjunto com as entidades de classe para normatização de medidas fitossanitárias, promovendo assim a sustentabilidade do agronegócio e segurança alimentar.

A Agrodefesa, como responsável pelo serviço oficial de defesa sanitária vegetal do estado de Goiás, adota sistematicamente desde 2014 medidas oficiais estabelecidas por atos normativos, de modo a minimizar os impactos socioeconômicos acarretados pelas pragas de maior relevância ao sistema produtivo do feijão como a mosca-branca (Bemisia tabaci), inseto vetor do Vírus do Mosaico Dourado do feijoeiro (VMDF) (Bean golden mosaic vírus), que desde a década de 1970, tornou-se provavelmente a doença viral mais devastadora do feijoeiro comum.

Os danos diretos pelo ataque de mosca branca são causados pela sucção da seiva da planta e inoculação de toxinas, além disso, parte da seiva pode ser excretada na forma de um líquido que favorece o crescimento de fungos que prejudicam a fotossíntese e respiração da planta, provocando assim alterações que levam a redução da produtividade e da qualidade dos grãos. Mas o principal dano causado pela praga é indireto, por meio da transmissão de viroses como o mosaico dourado do feijoeiro e o carlavírus (Cowpea mild mottle virus), que já foi observado no feijão transgênico resistente ao VMDF.

Levando em consideração a biologia da mosca branca e seu potencial de transmissão de viroses, fiscais Estaduais Agropecuários da Agrodefesa, ao inspecionarem as lavouras, orientam aos produtores que é de fundamental importância adoção de boas práticas como o Manejo Integrado de Pragas do Feijoeiro (MIP Feijão), que aliadas às medidas legislativas obrigatórias normatizadas pela Agrodefesa favorecerão a produção mais eficiente, reduzindo perdas, custo de produção e tornando o sistema de produção mais sustentável.

As medidas fitossanitárias obrigatórias regulamentadas pela Agrodefesa são de respeitar o calendário de semeadura; cadastrar as áreas produtoras de feijão (www.agrodefesa.go.gov.br) até no máximo 15 (quinze) dias após a semeadura; destruir as lavouras abandonadas ou inviabilizadas por infecção do VMDF; eliminar os restos culturais e plantas voluntárias (feijão tiguera ou guaxas) até 10 dias após a emergência, inclusive em plantios em áreas da faixa de domínio das rodovias, e o cumprimento do vazio sanitário. 

O vazio sanitário, que é o período de 30 dias de ausência total de plantas comerciais e plantas voluntárias da cultura do feijoeiro, tem demonstrado ser eficiente na redução da incidência da mosca branca, e consequentemente da ocorrência da virose em Goiás.

É nesse cenário promissor de adoção de medidas bem-sucedidas que a Agrodefesa corrobora com a gestão governamental, objetivando a oferta de alimento seguro e o desenvolvimento do agronegócio goiano.

*José Ricardo Caixeta Ramos é presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa)

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