Os desafios da mulher em exercer sua liderança


Palestra e roda de conversa promovidas pela Gerência de Gestão Institucional, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar e a Polícia Federal, integram programação do Dia Internacional da Mulher na AGR

A Agência Goiana de Regulação (AGR), por meio da Gerência de Gestão Institucional, realizou, nesta segunda-feira (11/03), uma palestra sob o tema “Os desafios da mulher em exercer sua liderança”, ministrada pela chefe do Núcleo de Segurança Viária da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adriana Lourenço, que destacou as diferentes formas de preconceito e discriminação que a mulher sofre em cargos de comando. A palestra foi seguida de uma roda de conversa sobre abuso e violência contra a mulher no exercício de postos de liderança, com a participação de policiais da PRF, da Polícia Militar e da Polícia Federal.

O presidente da AGR, Wagner Oliveira Gomes, fez a abertura do evento, ao lado da diretora de Gestão Integrada, Andrea Bonanato, e do gerente de Gestão Institucional, Alexandre Ferraz, quando falou da importância do tema e observou que a Agência tem muitas lideranças femininas valorosas e que é bom que seja assim. Segundo afirmou, o tema foi escolhido após uma das fiscais da AGR relatar os desafios diários que enfrenta ao fazer a fiscalização do transporte rodoviário de passageiros nas rodovias de todo o estado.

Andrea Bonanato agradeceu à palestrante e às demais convidadas para a roda de conversa ressaltando a parceria da Agência com as forças de segurança, representadas ali pelas mulheres, que vêm trazer um debate mais maduro no que se refere à questão do homem e da mulher que, segundo lembrou, passa pelo respeito. Andrea participou também da roda de conversa, quando deu exemplos de cláusulas de barreira em concursos e outros entraves para a ascensão funcional da mulher em diversos órgãos, dificultando a chegada deles a postos de lideranças.

Palestra
Em sua apresentação, Adriana Lourenço, que também é presidente da Comissão da Equidade de Gênero da corporação, disse que nenhuma mulher queria ter um dia destinado a ela, mas que esse dia deve ser de luta e não para receber parabéns. Destacou que algumas coisas vêm mudando de geração a geração, mas que ainda há muito machismo nas mulheres porque estão todas em sua sociedade machista. Disse que na polícia, as mulheres até pouco tempo só eram aceitas para a função de escrivã e que se alguma se inscreve em algum curso de aperfeiçoamento, esse curso vai ser mais difícil e pesado, para que as mulheres desistam.

Adriana Lourenço apresentou estatísticas que mostram que nas entrevistas de emprego as mulheres demonstram capacidade, no entanto, mas acham que não estão preparadas para cargos de chefia, a chamada síndrome da impostora, em que a mulher assume um cargo mas fica insegura quanto à competência para ocupar tão cargo. “Isso ocorre porque a sociedade está o tempo todo dizendo que ela não deveria estar lá”, acentuou.

“O cara é pegador”, “Isso é falta de homem”, “Prendam suas cabras que o meu bode está solto”, “Fiu-fiu”, “Gostosa” e “Lugar de Mulher é na cozinha” são algumas das expressões mostradas pela policial para indicar o quanto a mulher sofre no dia a dia numa sociedade machista. Ela afirmou que esse machismo não tem a ver com o sexo biológico, que é uma questão de anatomia fisiológia, mas com a cultura de gênero, que é a construção social do comportamento.

Como exemplo de desrespeito à mulher em cargo de liderança, Adriana disse que num grupo de WhatsApp, em que ela é subcoordenadora, sempre que ela envia uma mensagem para o grupo, na ausência do coordenador, ninguém responde ou faz qualquer comentário. Só depois que o coordenador cola uma resposta da sua mensagem reforçando o que ela disse é que os demais integrantes do grupo se manifestam.

Segundo Adriana Lourenço, as estatísticas mostram que todos os indicadores de violência contra a mulher tiveram um aumento em 2023 em relação ao ano anterior. Os casos de estupro, por exemplo, subiram 8,2% e 88,7% das vítimas são mulheres.

Roda de conversa
Após a palestra, a diretora Andrea Bonanato se juntou às policiais Andrea Álvares, Maria Izarias e Simone Fraga, da Polícia Federal, a major Raquel Cavalcante, subcomandante do Batalhão Maria da Penha, da Polícia Militar, Lívia Martins e Adriana Lourenço, da PRF. As agentes da Polícia Federal afirmaram que há duas gestões a Superintendência da PF é ocupada por mulheres e que isso contribui para a valorização e as mudanças necessárias para uma maior harmonia e evolução do trabalho policial.

Durante a conversa, as policiais convidadas e também colaboradoras da AGR deram depoimentos sobre casos de assédio e violência que colocaram a capacidade e o profissionalismo delas em dúvida. Mas todas ressaltaram a importância de se manterem na luta por uma maior conscientização dos homens para o respeito e o reconhecimento da mulher em postos de liderança.

Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) – Governo de Goiás

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo