Artigo: ‘Home office: consequências e tendências’

Suellen Mara*    

Uma pesquisa realizada pela Orbit Data Science, de janeiro a setembro de 2020, divulgada em outubro do mesmo ano, revelou que os fatores considerados mais negativos em relação ao home office são a intensificação da jornada, falta de interação social, desgaste para a saúde mental e facilidade de distração. Entre os fatores positivos, a pesquisa apontou comodidade, mais contato com a família e a não obrigatoriedade de seguir códigos de vestimentas. 

Já um estudo da Universidade Federal do Paraná demonstrou que o apagamento das fronteiras entre os tempos de trabalho e não trabalho tem sido um dos elementos que tem dificultado a separação entre vida pessoal e ocupacional, atrapalhando a produtividade. Também é possível verificar o aumento de ansiedade e de depressão, devido à intensificação do trabalho e do distanciamento social.

Se, por um lado, há aumento da produtividade e mais comodidade para algumas pessoas, por outro, há o custo da saúde mental para alguns trabalhadores, perda das conexões e do aspecto subjetivo por parte da empresa. Deste modo, para 2021, estão sendo elaboradas formas híbridas de trabalho, para manter as interações sociais nos processos de construção e decisão.

Entre os postos de trabalho que foram perdidos em 2020, parte significativa se refere aos trabalhadores informais ou por conta própria, chegando a uma redução de 6 milhões de informais apenas no segundo trimestre. No trimestre que se encerrou em setembro, o IBGE registrou 14,1 milhões de desempregados e 5,9 milhões de desalentados, sendo os grupos mais vulneráveis os mais atingidos. Ou seja, o home office também pode impactar a informalidade e, portanto, a renda dessas pessoas trabalhadoras.

Foi pensando nos grupos mais fragilizados pela Covid-19 e na forma de possibilitar segurança e sustentabilidade no emprego e renda, que a Secretaria da Retomada criou programas como o Mais Crédito e Mais Empregos, voltados ao acesso facilitado de crédito aos pequenos empreendedores. Outra preocupação da Retomada é qualificar os empresários para que possam ter ferramentas adequadas na gestão de seus negócios e, também, para quem quer empreender. 

Estes programas se somam ao Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq), sancionado pelo governador Ronaldo Caiado no final de 2020 e que tem como principal objetivo democratizar, fomentar, socializar e aumentar a competitividade das atividades desenvolvidas por trabalhadores autônomos, microempreendedores individuais, microempresas, empresas de pequeno porte, produtores rurais e outras atividades ligadas ao agronegócio.

O possível retorno do trabalho presencial em 2021, seja em sua totalidade ou mesclada com o home office, com os cuidados necessários para tal, somado aos programas da Retomada que já estão em andamento, possibilitarão não só aumento da geração de emprego e renda, mas também de mais autonomia e segurança para quem está empreendendo, além de fortalecer as relações entre o formal, o informal e a qualificação das pessoas envolvidas neste processo.

*Suellen Mara é gerente de Avaliações e Informações da Secretaria da Retomada

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