Peld completa 20 anos com três projetos de pesquisa em Goiás
Letícia Santana, da Assessoria de Comunicação Social da Fapeg
Importante para pesquisas que requerem análises históricas sobre ecossistemas brasileiros, o Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (Peld) completa 20 anos de criação neste ano. Possui uma rede de 33 sítios de pesquisa distribuídos em diversos ecossistemas brasileiros e que são estudados por pesquisadores de diferentes localidades, fomentando a geração de conhecimento qualificado sobre os ecossistemas e ainda estimulando a transferência do saber gerado para a sociedade civil, visando contribuir para o desenvolvimento ambientalmente sustentável do País.
Contando com um destaque orçamentário específico no Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal desde 2000, o Peld é executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com apoio financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e de onze Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, entre elas, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) desde 2012.
A presidente da Fapeg e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Maria Zaira Turchi, destaca que o Peld é de extrema relevância para o avanço das pesquisas nos sítios e, por acompanhar de perto o desenvolvimento do projeto, através de seminários e relatórios, o Programa eleva ainda mais a qualidade científica dos projetos. Ela ressalta a importância do envolvimento do governo federal, governo estadual e instituições para o estudo da biodiversidade, sua utilização e preservação.
Parque das Emas
Desta parceria entre CNPq e Fapeg está o projeto do professor Dr. Marcus Vinicius Cianciaruso, que dá continuidade à elaboração da série temporal iniciada em 2009 e renovada em 2013. Com o título “Fatores determinantes da diversidade, concordância e persistência interanual de comunidades vegetais e animais do Cerrado – Parque Nacional das Emas Sítio 13”, são monitoradas espécies de anfíbios, morcegos, mariposas Arctiidae, angiospermas, aves, ácaros e mamíferos.
O objetivo é avaliar como os distúrbios, por exemplo, fogo e aquecimento global, afetam a fauna e a flora das espécies em estudo. Essa avaliação requer uma análise histórica para verificar de forma eficiente os efeitos de qualquer intervenção, ou seja, era necessário um programa que fomentasse uma pesquisa de longa duração. Os estudos de campo tiveram início há seis anos e meio e a perspectiva é que se prolonguem por mais quatro anos.
A partir do projeto, foi idealizado o I Volume da Coleção Biodiversidade do Parque Nacional das Emas, um produto que será distribuído em escolas da rede pública e aos guias do Parque, levando o conhecimento da flora e fauna existentes no Parque e que, muitas vezes, não são conhecidas, mesmo por pessoas que moram próximas à região, ou seja, é a pesquisa sendo levada à população. Um dos objetivos do projeto é justamente este: ter um caráter educador e inclusivo que deseja levar a conscientização do Parque para toda a sociedade.
Sudoeste no estado
Com o “Inventários e ecologia da biota em formações savânicas e florestais do Cerrado em Goiás: novas áreas para conservação e manejo de ecossistemas”, o professor Dr. Frederico Augusto Guimarães tem como foco o estudo das áreas com vegetação natural no Sul e Sudoeste do estado de Goiás, região de intenso uso do solo. O projeto também é contemplado pela parceria Fapeg e Cnpq.
Segundo o projeto, concomitante ao crescente progresso agropecuário, também vem ocorrendo processos de devastação dos ecossistemas naturais no Sudoeste goiano e áreas limítrofes, onde ainda são incipientes os estudos relacionados aos aspectos físicos, hidrológicos, florísticos e faunísticos, bem como seu monitoramento.
O objetivo é inventariar a composição da biota, além de avaliar a estrutura e a dinâmica da flora, fauna e recursos hídricos em fisionomias savânicas e florestais de dois sítios propostos de relevante interesse para manejo e conservação na área core do bioma Cerrado no estado de Goiás (APA do Encantado e Florestas de Itajá).
Flona Silvânia
Outro projeto em Goiás, fomentado por meio da parceria Fapeg e Peld, é o “Conectividade funcional e antropização da paisagem: estudo de caso na Flona Silvânia e Microbacia do Rio Vermelho” coordenado pela professora Drª. Rosane Garcia Colleevatti. O objetivo do projeto é avaliar a conectividade entre a Flona Silvânia e remanescentes florestais e de cerrado em seu entorno, bem como o efeito de impactos antrópicos sobre a Biodiversidade na Microbacia do Rio Vermelho onde está inserida a flona.
Estão em estudo o efeito da alteração da paisagem e distúrbios antrópicos na estrutura das comunidades, o efeito do uso de defensivos agrícolas e adubação do solo sob a estrutura das comunidades e também o efeito da alteração da paisagem por distúrbios antrópicos na diversidade genética e conectividade das populações na Flona e dos fragmentos de áreas naturais, entre outros pontos.
Pela complexidade de fatores que afetam a conectividade, o estudo requer monitoramento e levantamentos em longo prazo, principalmente quando os distúrbios antrópicos são contínuos e dinâmicos. Daí a importância de um programa com o Peld para a área de pesquisa. Segundo o projeto, considerando as dimensões geográficas, riqueza de espécies, diversidade de habitats e as ameaças antrópicas a que o bioma Cerrado está sujeito, os estudos ecológicos que considerem abordagens de alterações na estrutura das comunidades, diversidade funcional, diversidade filogenética podem auxiliar nas estratégias de conservação da biodiversidade.