IF Goiano celebra Mês da Mulher e entrevista pesquisadora premiada pela Fapeg
Para celebrar o mês da Mulher, o IF Goiano conta a história de nomes de peso para a Instituição
Março é o mês da Mulher e, para celebrar, o IF Goiano mostrará a trajetória de nomes de peso para a Instituição. As mulheres destacadas ao longo do mês, cada uma a seu modo, narram suas histórias e identificam como é ser pesquisadora em um mundo ainda dominado pelo machismo, patriarcado e desigualdades étnico-raciais.
A primeira história é de Cristiane Maria Ribeiro, uma das vencedoras do 1º Prêmio Fapeg de Ciência, Tecnologia e Inovação em 2022. A premiação foi instituída como forma de reconhecer, valorizar e dar maior visibilidade ao pesquisador, à ciência e à inovação em Goiás e de ampliar o espaço dedicado à divulgação científica nos meios de comunicação. Confira:
Militância propositiva
“Tive a oportunidade de estudar em uma universidade pública e gratuita em um tempo em que não havia cotas. Sobrevivi a todo tipo de violência simbólica naquele espaço onde só havia eu de mulher negra”, lembra a professora Cristiane. E não bastava militar para mostrar que existia desigualdade de tratamento entre negros e brancos, era preciso provar. Então “cada projeto para mim tem o objetivo de denunciar e propor, na esperança de que as coisas vão mudar”, explica.
Essa militância propositiva tem sido o cerne da vida acadêmica de Cristiane desde 1990, mas essa trajetória não a define. Nos cursos de formação de professores, bem como na carreira de pesquisadora, a pedagoga atua não só na educação para as relações étnico-raciais, mas na inclusiva, infantil e intercultural, e também com exclusão.
Com isso, tem conseguido publicações em periódicos de circulação nacional nas revistas mais importantes da Educação no país. Aprovou, ainda, projeto no edital universal do CNPq, um dos mais concorridos da ciência brasileira, mostrando o mérito e o rigor de seu trabalho como pesquisadora. E o prêmio da Fapeg veio consolidar esse reconhecimento. “É uma injeção de ânimo me ver em um lugar que historicamente é ocupado por pessoas que não são o meu povo, pois sem dúvidas a ciência é branca”, relata.
Para Cristiane, mestra e doutora em Educação, desconstruir o estereótipo de que o negro é menos inteligente é uma luta cotidiana. “Uma simples aula tem que ser mais atrativa, o gasto de energia é dobrado. Também percebo que chego nos lugares de privilégio com o dobro da idade dos homens ou das mulheres brancas”, confidencia. Tudo isso faz com que considere desgastante lidar com alguns limites impostos pelas desigualdades sociais, étnico-raciais e de gênero.
A profissional tem uma filha, Rhanna Cristina, 9, que também testa seus limites. “Às vezes me pergunto se não estou abrindo mão de momentos com ela para ser pesquisadora, questiono se ela é feliz, ela responde que sim e sorri. Isso me consola”, revela. Para que mais mulheres se incluam na ciência – considerando a condição machista que vivemos no Brasil -, Cristiane acredita que sejam necessários editais específicos. “Somos obrigadas a concorrer em pé de igualdade com homens que não têm obrigações com a paternidade”, justifica.
Fonte: Diretoria de Comunicação Social do IF Goiano