Responsável por quase 90% das exportações goianas, agronegócio terá destaque na pauta de debates da Ficomex 2024
Uma das atividades previstas é a realização de workshop, que vai discutir temas como pecuária sustentável e agricultura regenerativa. Foco é mostrar que Goiás se destaca em práticas sustentáveis e inovadoras
Foto: CNA/Wenderson Araujo
No primeiro semestre deste ano, o agronegócio foi responsável por quase 90% das exportações goianas. Do total de US$ 6,33 bilhões (valor FOB) alcançados no saldo da balança comercial no período de janeiro a junho de 2024, US$ 5,49 bilhões foram relacionados aos produtos do agro, como complexo soja, carnes, sucroalcooleiro, entre outros, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC). De acordo com essas estatísticas, o Estado ocupa a 6ª posição no ranking nacional de exportações ligadas ao agronegócio e o 2º lugar entre as Unidades Federativas que compõem o Consórcio Brasil Central – atrás apenas de Mato Grosso.
“O segmento é extremamente relevante para Goiás, porque impacta a economia de praticamente todos os municípios goianos. Da produção de soja, que é a principal pauta da balança comercial do Estado, até a fruticultura, área que tem crescido no mercado internacional, o agronegócio contribui para criar postos de trabalho, gerar renda, movimentar outras cadeias produtivas e, é claro, fortalecer a imagem goiana no comércio exterior”, destaca o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti.
Devido à importância que ocupa no mercado internacional e para a economia do Estado, o setor terá destaque na programação da Feira Internacional de Comércio Exterior do Brasil Central (Ficomex), que ocorrerá entre os dias 27 e 29 de agosto, em Goiânia (GO). “Sabemos a potencialidade do agronegócio, mas é um setor também suscetível aos impactos do mercado exterior e que enfrenta constantemente desafios, que vão desde efeitos climáticos até oscilação do dólar. Por esse motivo, é uma área que vai fazer parte de toda a programação da Ficomex. A feira vem exatamente como oportunidade para ampliar conhecimento, apresentar novidades e potencializar o agro goiano para novos mercados”, complementa.
Entre as atividades que envolvem o agro na Ficomex estão rodadas de negócios e exposição de produtos e serviços, assim como palestras e discussões por meio de painéis e workshops. Um deles ocorrerá no dia 29 de agosto, das 9 às 12h45. Serão debatidos dois temas, com contextualização do setor e apresentação de casos de sucesso e boas práticas. O primeiro assunto será ‘Pecuária Sustentável: Alimentando o Mundo’, com a presença do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Antonio Jorge Camardelli, assim como representantes do Grupo Kiwi, que é destaque na produção de leite, e Fazenda Regalito, com atuação na pecuária de corte em Flores de Goiás.
Já o segundo tema do workshop é ‘Goiás na Vanguarda da Agricultura Regenerativa’. Participarão o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pedro Leonardo de Paula, além de representantes do grupo Solubio, engenheiros agrônomos e produtores com atuação em agricultura sustentável.
Segundo a coordenadora do workshop ‘Agronegócios’, Janaína Flor, os assuntos foram escolhidos para compor a programação do evento por diferentes motivos como relevância global, por serem fundamentais para a sustentabilidade e a inovação no agronegócio, refletindo tendências globais e demandas do mercado internacional e as ações concretas de exemplos que temos no estado para mostrar ao mundo; além do impacto econômico e ambiental. “Os temas selecionados, como pecuária sustentável e agricultura regenerativa, têm um impacto significativo tanto economicamente quanto ambientalmente, promovendo práticas que aumentam a produtividade e conservam os recursos naturais. São assuntos ainda com potencial de inovação, já que Goiás tem se destacado no uso de tecnologias de precisão, melhoria genética e automação de processos, que são cruciais para a competitividade no mercado global”, informa.
Ela acrescenta também que a pauta é excelente para a realização de novas parcerias. “Consideramos temas que oferecem grandes oportunidades de negócio para o Estado, como a pecuária sustentável, que não apenas atende a uma demanda crescente por alimentos seguros, mas também abre novas frentes de mercado devido às suas práticas responsáveis”, reforça.
Em relação ao impacto para o comércio exterior, Janaína Flor ressalta que o debate em torno da agricultura regenerativa e pecuária sustentável pode trazer mais competitividade internacional, pois a adoção de práticas sustentáveis e inovadoras torna os produtos de Goiás mais competitivos, atendendo a requisitos rigorosos de qualidade e sustentabilidade, e permitir acesso a novos mercados. “Essas práticas são valorizadas globalmente, abrindo portas para novos mercados que priorizam a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. Além disso, a promoção de práticas sustentáveis melhora a imagem do agronegócio goiano, atraindo investidores e compradores internacionais interessados em produtos que respeitam o meio ambiente e as normas éticas”, afirma. “Também há aumento de valor agregado, já que produtos originados de práticas sustentáveis e tecnologicamente avançadas têm maior valor agregado, permitindo melhores margens de lucro nas exportações”.
Governo de Goiás
Responsável por executar programas, projetos e políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da agropecuária goiana, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), órgão do Governo de Goiás, trabalha também para fortalecer as parcerias internacionais. A chefe de Gabinete da Seapa, Paula Coelho, afirma que o Estado – que é corealizador da Ficomex – tem promovido estratégias para consolidar Goiás como protagonista global no setor agropecuário.
Ela cita como exemplo reuniões frequentes com embaixadores, representantes de Embaixadas, autoridades de governos de fora, além de visitas técnicas para apresentar o potencial do agro goiano. “O próprio governador Ronaldo Caiado tem participado de fóruns internacionais para propagar as políticas públicas do Estado, principalmente na questão da sustentabilidade, porque quando se fala da União Europeia exigir rastreabilidade, por exemplo, está ligada à sustentabilidade”, relata.
Paula Coelho revela que talvez esse seja o principal desafio para fortalecer o agro goiano no mercado internacional. “As mudanças de exigências da União Europeia e as imposições sobre a origem do produto são os grandes desafios que as empresas e os produtores vão ter que se adaptar caso queiram continuar exportando para a União Europeia. E as exigências passam a valer a partir do dia 1º de janeiro de 2025. Vale ressaltar que a China seguirá os passos e as exigências da União Europeia. Esse é o maior desafio que o Brasil tem, de se adaptar às normas que a própria União Europeia não está dando tanta informação”, enfatiza. “Porém, Goiás tem feito a lição de casa e mostrado que o agro goiano, o agro brasileiro, é o mais sustentável do mundo. E temos feito isso por meio de desenvolvimento de políticas públicas eficientes”, reforça.
Essas políticas públicas do Governo de Goiás serão discutidas e apresentadas na Ficomex. “A expectativa está gigantesca para o evento, porque acreditamos que pode impactar de forma muito positiva e mostrar o potencial do estado de Goiás para diversos países e empresários que pretendem fazer investimentos ou instalar a própria indústria aqui. Será a maior feira internacional que acontecerá este ano no país todo. Então é uma oportunidade única, não somente para a Seapa, mas também para todo o estado mostrar todo o seu potencial”, finaliza.
Referência
Órgão do Governo de Goiás, a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) tem desenvolvido trabalho para assegurar a sanidade animal no ambiente produtivo, proporcionando destaque à atividade avícola goiana e credibilidade do Estado no mercado exterior. Isso tem feito Goiás receber visitas técnicas internacionais para conhecer o potencial local e ampliar exportação de inovações e tecnologias adotadas ao sistema produtivo. É o caso da habilitação e a renovação de estabelecimentos que exportam material genético avícola.
Em maio deste ano, auditoras fiscais do México estiveram em território goiano para analisar documentação de empresas relativas a registros, certificados, capacidade de alojamento, garantias de biosseguridade e todos os procedimentos relacionados ao monitoramento de pragas, desinfecção de áreas, higienização de funcionários e principalmente rastreabilidade que assegura que os ovos galados enviados ao México vão gerar pintinhos de qualidade esperada. A Agrodefesa acompanhou toda a visita com o intuito de certificar que os produtores estão realizando o trabalho adequado para a exportação.
Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne de frango, alcançando 150 países, e o segundo maior produtor do mundo, de acordo com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Somente em março deste ano, foram mais de 418,1 mil toneladas exportadas, tendo como principais destinos países como Emirados Árabes Unidos com 40,7 mil toneladas, em seguida China, com 38,9 mil toneladas e Arábia Saudita, com 35 mil toneladas.
Esse potencial brasileiro tem atraído empresas internacionais para conhecerem também a genética e as práticas de produção adotadas no País. O último levantamento da ABPA aponta que as exportações brasileiras de material genético avícola (incluindo pintos e ovos férteis) chegaram a marca de 2,646 mil toneladas em fevereiro deste ano. O número é 13,8% maior que o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2,325 mil toneladas. O México é o principal destino e importou 1,656 mil toneladas no primeiro bimestre deste ano. Depois do México, os principais destinos das exportações brasileiras de material genético são Senegal, Paraguai, Venezuela e Colômbia.
Segundo o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, o alto desempenho nas exportações é um forte indicador da confiança internacional na biosseguridade da avicultura brasileira. “A expectativa do setor é que as operações comerciais exteriores continuem crescendo em 2024, confirmando a credibilidade e o reconhecimento do Brasil no mercado exterior em relação à genética avícola”, afirma.
Ficomex
A edição 2024 da Feira Internacional de Comércio Exterior do Brasil Central (Ficomex), considerada a maior feira de internacionalização de negócios do País, será realizada entre os dias 27 e 29 de agosto, no Centro de Convenções de Goiânia.
Nos três dias de programação, a Feira pretende reunir três eixos: negócios, educação e políticas públicas, em um só local, com mais de 170 expositores de diversos países e dos sete estados que compõem o Consórcio Brasil Central (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Rondônia). Na programação, ainda estão previstas palestras e workshops sobre as áreas temáticas. Mais informações em ficomex.acieg.com.br.
O evento é promovido pela Acieg, por meio da Comex-Acieg, e Faciest, com correalização do Governo de Goiás, e parceria com entidades empresariais, terceiro setor e poder público. A ação também tem o apoio do Sebrae Goiás, Consórcio Brasil Central, Apex Brasil e Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
São patrocinadores da Ficomex: Antares Aeroporto, Porto do Açu, Porto de Suape, Accredited Franchise, Unimed, FPTA Advocacia, São Salvador Alimentos, Grupo IEST, Alibaba, Sicoob Unicentro BR, Lundin Mining e Sescoop/OCB-GO.
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