Parabéns, avicultor!

A criação de aves no Brasil teve início, segundo estudiosos, em 1503, com Gonçalo Coelho, quando atracou no Rio de Janeiro. Porém, a produção em caráter comercial só surgiu em meados de 1860, quando verificou-se a migração desta atividade para os demais pontos do País. Sabe-se que este modelo de criação era de caráter campestre, com a utilização de animais com pouco ou nenhum melhoramento genético, que atingiam no máximo 2,5 quilos aos seis meses. Seu processo de modernização se deu a partir dos anos de 1930, já que no Brasil iniciava-se o processo de urbanização e, consequentemente, ampliação da demanda de proteínas de origem animal.

O grande impulso da avicultura brasileira se deu realmente a partir de 1950, com os avanços trazidos principalmente pela genética (importação de avozeiros híbridos), desenvolvimento de equipamentos, ampliação da produção de cereais, fibras e oleaginosas, desenvolvimento de rações e vacinas específicas para a atividade. Vale destacar que o principal alicerce deste crescimento só se deu a partir de pessoas (avicultores) e agroindústrias que acreditaram no desenvolvimento e crescimento desta atividade no Brasil.

Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), existem hoje mais de 150 destinos de exportações de aves no Brasil, ou seja, totalizando um montante de quase 4 milhões de toneladas embarcadas anualmente, que representam um terço de tudo que é produzido no País, configurando-o como o maior fornecedor mundial dessa proteína.

Acredita-se que o consumo per capta brasileiro é da ordem de 45 quilos por ano, por habitante, sendo a fonte proteica mais consumida internamente no País e a segunda em nível mundial, ainda com possibilidade de ampliação, uma vez que a demanda por alimento é inelástica. No tocante a produção, segundo dados da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), o Estado de Paraná vem a ser o principal produtor perfazendo, aproximadamente, 4.110 mil toneladas. Na Região Centro-Oeste, grande produtora de cereais, fibras e oleaginosas destaca-se Goiás com o quinto lugar no ranking da produção – cerca de 922 mil toneladas de carne de frango.

Não se pode deixar de citar ainda o produto ovo, alimento versátil e extremamente nutritivo e que possui substâncias importantes para o metabolismo como colina, selênio, vitaminas A, B, B12, D e E, ácido fólico, ferro, zinco e outros. Cada unidade tem apenas 70 calorias e é uma aliada indispensável em dietas de emagrecimento e de ganho muscular, além de contribuir para o bom funcionamento do cérebro.

Segundo dados do Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2019), as granjas brasileiras registraram a produção de 928,42 milhões de dúzias de ovos no quarto trimestre de 2018. Conforme estes dados, esse é o maior valor da série da histórica da pesquisa, iniciada em 1987. Salienta-se que esta cadeia produtiva consegue atender o consumidor interno e o externo com produtos de excelente qualidade e em quantidades suficientes, colaborando com isso com as políticas públicas de segurança alimentar. Segundo a Faeg, o Valor Bruto da Produção, que nada mais é que o preço bruto recebido pelo produtor multiplicado pela produção, foi de mais de R$ 2 bilhões, gerando milhares de postos de trabalho, direta ou indiretamente.

Vale destacar, no entanto, que nem tudo são louros nesta atividade. Um dos pontos fracos na avicultura é a sua ancoragem aos preços das principais commodities agrícolas: a soja e milho. No ano de 2016, a elevação dos preços médios destes produtos, oriundos da quebra da produção da segunda safra de milho em alguns locais do País, pôs em cheque a saúde financeira desta cadeia produtiva. Já em 2017, a chamada “Operação Carne Fraca” provocou a instalação da crise no setor de proteínas animais e a avicultura não ficou de fora. Sabe-se que pouca ou nenhuma irregularidade foi realmente validada, mas o erro na comunicação gerou grandes impactos neste setor.

Mas, como já é sabido, depois da tempestade vem sempre a bonança. A reabertura dos mercados externos e a retomada a normalidade dos estoques internos de milho e soja deram um novo fôlego ao setor. Exemplo claro disso foi o anúncio, no dia 21 de agosto, de representantes da BRF em conjunto com governador Ronaldo Caiado, da reabertura da unidade de Mineiros, fechada logo após o escândalo da “Carne Fraca”. O intuito da empresa, umas das maiores do setor, é dobrar a capacidade de produção de frangos. Segundo dirigentes da BRF, os abates na unidade vão aumentar em cerca de 120%, o que representa um salto de 58 mil toneladas por ano, atualmente, para 128 mil toneladas por ano ao fim do projeto.

Com esse crescimento, deverão ser gerados novos postos de trabalho para a região. Conforme anunciado, a expectativa é que, ao longo dos próximos meses e ao final de tudo isso, tenhamos feito um investimento na casa dos R$ 89 milhões, com a adição de 600 a 1.000 postos além, é claro, de reintegrar aqueles que tiveram que paralisar suas atividades anteriormente, salienta o executivo. Ainda foi divulgado, na oportunidade, a adequação da unidade de Rio Verde, que será voltada à ampliação da capacidade da fábrica de ração e passará a produzir 30% além da capacidade atual. Já em Buriti Alegre, os recursos vão permitir que a unidade passe a produzir também para o mercado Halal.

Salienta-se que a avicultura goiana, hoje, gera aproximadamente 30 mil empregos diretos e cerca de 90 mil empregos indiretos. Essa pujança na geração de emprego e renda mostra a importância desta cadeia produtiva e de nossos produtores. Diante disso, nesse dia 28 de agosto, dia do avicultor brasileiro, é importante ressaltar que a Secretaria de Estado de Agricultura Pecuária e Abastecimento (Seapa) não medirá esforços para desenvolver programas e projetos para a manutenção e crescimento desta atividade, que além de empregar muitos, gera um produto de grande valor agregado, tanto na garantia da segurança alimentar brasileira, quanto no fornecimento de proteína de altíssima qualidade para o mundo.

Antônio Carlos de Souza Lima Neto é secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (texto publicado originalmente no portal A Redação, disponível no endereço: https://www.aredacao.com.br/artigos/123263/parabens-avicultor).

Foto: Veera Batlu / Unsplash.

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