Durante encontro da Câmara Temática “O Agro é de Todos”, gestoras ressaltam importância da informação e da qualificação para ampliar avanços no setor

Evento especial no Mês da Mulher abriu espaço para debate sobre mercado de trabalho e empreendedorismo feminino, além de destacar necessidade transformar dados em conhecimento

Representantes das principais entidades do agronegócio goiano participaram, na tarde desta sexta-feira (11/3), da reunião da Câmara Temática de Estratégia, Competitividade e Políticas Públicas do Agronegócio do Estado de Goiás – O Agro é de Todos. O encontro, realizado no auditório do novo Centro de Tecnologia e Capacitação (Centrer) da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), teve como tema “A importância da análise de dados e qualificação para a tomada de decisão no agronegócio”. Dez gestoras de órgãos públicos e privados se revezaram em três painéis temáticos. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado na última terça-feira (8/3), todas as painelistas foram mulheres.

Ao abrir o evento, o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Tiago Mendonça, destacou a importância do trabalho da mulher para o agronegócio. “Elas realmente fazem acontecer dentro e fora da porteira”, resumiu ele. “Esta semana estamos realizando uma série de eventos em homenagem e, acima de tudo, em reconhecimento por tudo o que as mulheres fazem e pela importância que têm para o agronegócio brasileiro”, acrescentou.

Anfitriã do evento, a diretora de Gestão Integrada da Emater, Maria José Del Peloso, se mostrou otimista com os avanços conquistados pelas mulheres e ressaltou a importância da Câmara “O Agro é de Todos”. “A proximidade do Governo de Goiás com as instituições cria uma sinergia estratégica muito importante. Cada instituição que está aqui tem sua vantagem comparativa, e essas vantagens comparativas unidas facilitam o trabalho de encontrar soluções para melhorar a vida no meio rural”, disse ela.

Dados e tomada de decisão
A diretora de Licenciamento de Tecnologia da América Latina da Bayer, Natália Pagotto Carvalho, participou do painel sobre “Dados e informações para tomada de decisão”. Segundo ela, o uso de dados no campo contribui para maximizar resultados. “Mas não adianta ter só o dado, que indica o que aconteceu, se não o transformar em informação, que é o diagnóstico; e daí evoluir para o conhecimento, que é um lugar de predição. O objetivo é sair daquilo que aconteceu para tentar prever o que vai acontecer. E o ápice disso é a prescrição ou inteligência, que é a tomada de decisão”, explicou.

A jornalista e economista Roberta Paffaro, especialista em Agronegócio e diretora de Desenvolvimento de Negócios Internacionais em Commodities na América Latina do CME Group, afirmou que os dados permitem um melhor desenho do agronegócio, gerando mais resultados. “Estamos num momento de transição. Passamos de importadores de alimentos para exportadores de alimentos. Crescemos e agora temos muitas startups, muitas informações, muitos dados. Precisamos entender esses dados para desenhar melhor o agronegócio, atravessar a ponte e ter um futuro promissor”, avaliou.

Cientista social e economista por formação, mestre em Agronegócio, a gerente de Inteligência de Mercado da Seapa, Juliana Dias Lopes, foi taxativa: “Não cabe mais o processo por achismo, todas as decisões devem estar embasadas em dados, e mesmo assim temos que lembrar que todos os seres humanos são falíveis”. De acordo com ela, o processo de tomada de decisão parte da identificação do problema e em seguida passa pela coleta, tratamento e analisar dos dados disponíveis. “Primeiro a gente percebe, depois avalia, só depois escolhe”, sintetiza.

Qualificação
A superintendente do Trabalho, do Emprego e da Renda da Secretaria de Estado da Retomada, Raíssa Rodrigues, foi convidada para o painel “Qualificação como diferencial”. Engenheira agrônoma, especialista em Logística e Supply Chain, ela falou sobre empregabilidade e capacitação. Ao fazer uma radiografia da situação da mulher no mercado de trabalho, Raíssa sublinhou um dado: “O Censo de 2017 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que temos 22 mil mulheres trabalhando com agricultura em Goiás e 80% delas são proprietárias das terras”. Ela destacou ainda que, neste setor, ter dados de fácil acesso contribui para a tomada de decisão, especialmente quando se trabalha com políticas públicas.

Coordenadora do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), Geysa Ribeiro comentou que há uma mudança de paradigma no campo, e que isso proporciona um novo olhar sobre a importância da mulher. Segundo ela, há um crescimento do número de mulheres que administram negócios rurais. “Principalmente trabalhos mais metódicos têm sido direcionados para chefias de mulheres por terem uma certa sensibilidade, sistemática de trabalho e uma organização diferenciada”, declarou. “O Senar valoriza e estimula o empreendedorismo feminino”, completou.

Analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), Vera Lúcia Oliveira apresentou estatísticas da participação das mulheres nos negócios: “Em Goiás, 35% dos negócios estão nas mãos das mulheres, e elas são mais escolarizadas, mas infelizmente ganham 26% menos na mesma função”. Vera reforçou que os dados são necessários para planejar ações voltadas a dar mais equilíbrio na relação entre homens e mulheres “Temos várias ferramentas para auxiliar nos negócios de mulheres. A gente trabalha na construção de uma rede de apoio de empreendedorismo feminino, e queremos incluir a mulher do agro também”, comentou.

Casos de sucesso
Outras quatro mulheres integraram o terceiro painel do dia, com tema de “Gestão no agro/casos de sucesso”. A produtora Márcia Barzotto falou do processo de criação da Aprosoja Mulher, comissão ligada à Associação dos Produtores de Soja, Milho e Outros Grãos Agrícolas do Estado de Goiás. “Nós levamos esse sonho adiante, trabalhamos para que todos os Estados pudessem conhecer a força dessa mulher que ajudou a sua família a se criar dentro do agronegócio, essa mulher-pilar, mulher-força, mulher batalhadora, que às vezes se sentia perdida, e nós nos encontramos, e mostramos pra ela o caminho da pedras”, disse.

A também produtora Sônia Bonato compartilhou sua experiência no campo e relatou como viu a evolução da mulher no setor agropecuário. Ela citou os investimentos que fez em capacitação para melhorar a gestão do negócio rural e empreender com resultados. “Essa capacitação transformou nossa propriedade, transformou nosso modo de ver a propriedade. Até hoje eu falo pro meu marido: ‘Quero papel, preciso de papel pra ter uma gestão perfeita’. É isso que faz você saber o custo e consequentemente a sua renda”, ponderou.

Presidente do Sindicato Rural de Inaciolândia, Nelcy Palhares frisou a importância criar uma história própria no agro e ser referência para outros produtores. Ela contou que, ao visualizar uma oportunidade, investiu em conhecimento e gestão para atingir resultados. “Eu ando longe. Não tenho preguiça. Quando aposto em alguma coisa, vou ver de perto. Fui aprender sobre gado no Mato Grosso do Sul. Eu era única mulher, dificuldade pra tudo, mas eu sempre acreditei muito. Acho que abri um grande caminho pra minha filha. Mas sempre vamos ter desafios”, previu.

A última painelista do dia foi a presidente da Comissão das Produtoras Rurais da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Rízzia Ribeiro. Ela explicou como conseguiu mobilizar mulheres para se tornarem representantes do agro. Rízzia admitiu que há desafios no setor, mas lembrou que, com mobilização, representatividade e qualificação, é possível avançar. “Precisamos valorizar o sistema sindical. É ele que representa o agronegócio e que tem condições de sentar com qualquer presidente e discutir as demandas do setor, isso é muito importante para cada um dos produtores rurais”, alegou.

Comunicação Setorial da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) – Governo de Goiás

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