DESTAQUE DO MÊS – AGRO EM DADOS / SETEMBRO 2024 (TRIGO)
Dentre as espécies pertencentes à família das gramíneas, o trigo (Triticum aestivum L.) é a mais comum e a mais cultivada no mundo, cuja origem data cerca de 10 mil anos, na Mesopotâmia. Posteriormente, expandiu-se para regiões frias e férteis da Europa, chegando ao Brasil na década de 1530.
Atualmente, é o segundo cereal mais produzido no mundo, com estimativa de produção de 789,6 milhões de toneladas, para a safra 2023/24, atrás somente do milho, com 1,2 bilhão de toneladas. De acordo com o USDA, os principais produtores mundiais, em milhões de toneladas, são: China, 135,5 (17,0%), União Europeia, 134,8 (17,0%), Índia, 110,5 (14,0%), e Rússia, 91,5 (12,0%). O Brasil ocupa a 16ª posição, com 8,1 milhões de toneladas, o que representa 1,0% da produção global.
Como cultura de inverno e de clima mais ameno, o trigo no Brasil é produzido principalmente no Paraná e Rio Grande do Sul. Sua expansão por outras regiões do país tem ocorrido por intermédio da pesquisa e desenvolvimento de cultivares com maior potencial de adaptação e rendimento, a exemplo das regiões de cerrado, no Centro-Oeste.
Em Goiás, no cultivo do trigo utilizam-se os sistemas de sequeiro e irrigado sob pivô central. A produção do cereal concentra-se, principalmente, em municípios situados em regiões mais altas, como o Entorno de Brasília. Atualmente, o trigo irrigado encontra-se em fase de pré-colheita em algumas regiões, com muitas lavouras ainda na fase de enchimento de grãos e áreas que começaram a ser colhidas ainda na primeira semana de agosto. No trigo de sequeiro, a colheita está encerrada e, mesmo com a ocorrência de doenças fúngicas, devido ao excesso de precipitação observado no início da fase produtiva e à escassez de água no final, foi possível obter produtividade de até 2,7 t/ha em algumas regiões.
O Brasil ainda não é autossuficiente na produção do trigo, o que pressiona a demanda interna, levando o país a recorrer às importações, sobretudo da Argentina. Na entressafra, diante da necessidade de garantir o cereal de melhor qualidade para a panificação, os preços internos tendem a se igualar à paridade de importação. Ademais, observou-se uma elevação nas importações brasileiras de trigo, com um volume de 4,0 milhões de toneladas, no acumulado de janeiro a julho, quase atingindo a quantidade total importada, de 4,1 milhões de toneladas, em 2023. Esse aumento pode ser explicado pela queda de qualidade do trigo da safra 2024, provocada pelas condições climáticas adversas. As importações de trigo em Goiás também superaram, em termos de valor e de volume, o ano de 2023.
De acordo com o Cepea, as cotações internacionais do trigo voltaram a cair no final de julho, influenciados pela oferta recorde do grão, resultado da boa produção dos principais players desse mercado, como dos países do Hemisfério Norte e da Argentina, além da Rússia, cujos preços são altamente competitivos.