Artigo – Uma raiz como base
*Antônio Carlos de Souza Lima Neto
Muito antes dos portugueses aportarem no Brasil, os indígenas plantavam nas terras férteis do nosso País. Era uma agricultura de subsistência e que tinha em sua base uma raiz fundamental para o desenvolvimento nutricional daquelas populações: a mandioca.
Passados séculos, com o desenvolvimento da agricultura tropical, incluindo áreas de Cerrado, o Brasil passou a se constituir como potência econômica agroindustrial, com o avanço cada vez maior do binômio crescimento da produção e sustentabilidade. Neste cenário, onde floresceram campos de soja, milho, cana-de-açúcar e outras culturas, aquela raiz que era rudimentar e base da nutrição de povos originários foi sendo adaptada e passou a ser reconhecida pelo seu potencial econômico e social.
A mandioca, raiz brasileiríssima, tem se tornado nos últimos anos chave para um desenvolvimento cada vez mais salutar e próspero, especialmente para produtores da agricultura familiar. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam estimativa de produção de 165,4 mil toneladas, em Goiás, na safra 2021. São cerca de 11,7 mil estabelecimentos produtores.
Vale destacar que, enxergando o potencial desse cultivo, o Governo do Estado tem trabalhado com afinco para estimular e fortalecer a cadeia, de diversas formas, favorecendo produtores, indústria e consumidores. A primeira iniciativa a contribuir significativamente, nesse sentido, é a parceria com cervejarias, resultando na criação de rótulos especiais à base de mandioca.
A geração de demanda por parte da indústria estimulou a comercialização da raiz, que chegou a destinar 700 toneladas de mandioca para a produção em 2020, com a expectativa de alcançar 7 mil toneladas neste ano.
Por outro lado, novas ações do Governo estão por vir, a partir do trabalho da Seapa e parceiros, dos quais destaco a Emater no desenvolvimento de novas variedades mais adaptadas, assim como Secretaria da Retomada e Gabinete de Políticas Sociais. Ressalto, ainda, o aumento da produção para a fabricação de cerveja, alcançando mais municípios; e novos canais de comercialização, como investimentos na fabricação de farinha.
Mais do que incentivar uma cultura milenar, de consumo de uma raiz nutritiva e saudável, o Governo enxerga o potencial da transformação de vidas a partir dessas ações. E, se lá no passado a mandioca era sustento, hoje é base para um futuro mais promissor. Neste 22 de abril, no qual se comemora o dia nacional da mandioca, proposto pela Embrapa, reforçamos aqui que ela é um patrimônio nosso, de Goiás e do nosso País.
*Antônio Carlos de Souza Lima Neto é secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento