DESTAQUE DO MÊS – AGRO EM DADOS / MAIO 2025 (CANA-DE-AÇUCAR)

O setor sucroalcooleiro, um dos pilares do agronegócio e da matriz energética brasileira, tem desempenhado um papel fundamental na economia global. O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar do mundo, respondendo por 23% da produção global, com 43,0 milhões de toneladas e destinando 34,5 milhões de toneladas ao mercado exterior. Após o Brasil, o ranking de principais países produtores é seguido pela Índia (35,5 milhões de toneladas), União Europeia (15,5 milhões de toneladas) e China (11,0 milhões de toneladas), de acordo com o USDA.
Em relação ao etanol total, o Brasil é o segundo maior produtor, atrás somente dos Estados Unidos. Além disso, é referência mundial na utilização de energia renovável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis, na qual a maior parte da produção brasileira é voltada para o consumo interno pelos veículos flex.

Produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol
Apesar do cenário de desafios climáticos da temporada 2024/25, a produção nacional de cana-de-açúcar está estimada em 676,9 milhões de toneladas, a segunda maior safra da série histórica, consolidando o país como referência mundial no setor.
Em Goiás, para a safra 2024/25 de cana-de-açúcar, a projeção é de recorde em produção de 78,5 milhões de toneladas cultivadas em 969,7 mil hectares, segunda maior área da série histórica da Conab. Já para a produtividade, a projeção é de alcançar 81,0 ton/ha, melhor desempenho desde a temporada 2015/16.
A estimativa atual para a produção brasileira de açúcar é de redução de 3,4% quando comparado à safra anterior. Todavia, para a produção goiana, a estimativa é de ultrapassar o recorde alcançado na safra passada com um acréscimo de 8,8% e atingir 2,9 milhões de toneladas na temporada 2024/25. Esse cenário favorável pode ser atribuído à dinâmica de mercado, ao clima favorável para a região Centro-Oeste, além do aumento previsto de 1,6% em área plantada de cana-de-açúcar. Dessa forma, posiciona o estado na terceira colocação do ranking nacional da produção do produto.
Para a safra 2024/25 da região Centro-Sul – principal polo sucroalcooleiro nacional – a estimativa para a produção total de etanol é de 34,9 bilhões de litros (94,0% do total estimado para o país). Esse cenário pode ser justificado pela projeção de crescimento para a região Centro-Oeste, na qual para Goiás, a expectativa é de incremento em 4,7% na produção em relação à safra anterior.
A produção brasileira de cana de açúcar da safra 2025/26, iniciada em abril, é projetada em 663,4 milhões de toneladas, recuo de 2,0% em relação à temporada 2024/25. A redução também é esperada para a produtividade dos canaviais, estimado em 75,4 ton/ha. Em contrapartida, a área cultivada deve crescer 0,3% alcançando 8,7 milhões de hectares. Apesar da redução dos canaviais, a produção brasileira de açúcar deve aumentar 4,0% impulsionada pela representatividade do Centro-Sul do país, que poderá atingir 41,8 milhões de toneladas produzidas pela região, crescimento de 3,7% em relação à estimativa da safra 2024/25.
Em relação ao etanol produzido nacionalmente a partir da cana e do milho, para a temporada 2025/26 é estimado aumento de 10,0% na produção do etanol anidro e redução de 6,8% do etanol hidratado, totalizando ao final 36,8 bilhões de litros do biocombustível. Para Goiás, a expectativa total de produção é de 5,6 bilhões de litros, na qual 70,3% corresponde ao etanol hidratado e 29,7% ao etanol anidro.

Cotações
Em relação às cotações do açúcar cristal, em maio de 2024 iniciou-se um movimento de desvalorização, justificado pela maior oferta e baixa demanda interna do produto, que perdurou até o mês de agosto. A partir de setembro, foi registrado uma forte alta nos preços até atingir um recorde nominal na média mensal de novembro, de R$166,46/saca, de acordo com a série histórica do Cepea. O acometimento das lavouras com a Síndrome da Murcha da Cana, juntamente com os desafios climáticos enfrentados e, consequentemente, a reduzida oferta estão entre os fatores responsáveis por sustentar os preços nesse período.
O ano de 2025 começou com as cotações do açúcar em queda, apesar de janeiro se tratar do primeiro mês de entressafra. A menor procura interna e a pressão dos compradores aliadas à expectativa de uma boa safra no Brasil influenciaram negativamente os preços até o mês de março. Em abril foi registrado leve recuperação nas cotações, de 1,9% quando comparado com o mês anterior, alcançando a média mensal de R$142,34/saca.
No que diz respeito ao etanol, em Goiás, a partir de outubro de 2024 houve forte valorização nas cotações do etanol anidro e do etanol hidratado. O movimento de alta atingiu seu pico em fevereiro de 2025 com posterior desvalorização no mês de março. Em abril, os preços seguiram em patamares elevados, com média mensal de R$2,92 para o etanol anidro e de R$2,68 para o etanol hidratado.
Para a safra 2025/26, as expectativas são de otimismo quanto aos investimentos no setor e à diversificação dos produtos. A possível elevação da mistura de etanol na gasolina de 27,5% chegando a 35,0% até 2030, prevista na Lei do Combustível do Futuro, também poderá impulsionar a demanda do biocombustível.


Mercado Externo
No panorama internacional, em 2024, foi registrado recorde nas exportações brasileiras do complexo sucroalcooleiro, com 39,7 milhões de toneladas embarcadas. O setor ficou em terceiro lugar no ranking das exportações do agronegócio brasileiro, responsável por 12,0% do faturamento total das transações nesse período, com faturamento de US$19,6 bilhões. Esse desempenho é reflexo do aumento consecutivo no volume exportado desde o ano de 2022. Além disso, os desafios climáticos enfrentados pela Índia na safra 2023/24 levaram o país a limitar o volume de açúcar destinado à exportação nesse período, o que favoreceu o Brasil no mercado externo.
No primeiro trimestre de 2025, os produtos do complexo sucroalcooleiro brasileiro foram enviados para 121 destinos. Já o estado de Goiás teve como parceiros comerciais 37 países. Ademais, foi registrado redução no ritmo das exportações goianas de 84,6%, que pode ser atribuída à diminuição brusca nas aquisições da Índia (-90,6%) e Egito (-88,4%)*, além da interrupção nas transações com a Arábia Saudita e Marrocos – principais países importadores no ano de 2024. Entretanto, nesse período, houve diversificação de mercados, com destaque para a entrada de Bahrein, Quênia e México como destinos das exportações goianas.
Em relação aos produtos exportados pelo Brasil nos três primeiros meses do ano, o açúcar de cana em bruto é o que possui maior relevância, respondendo por 77,7% do volume total enviado de açúcar para o exterior, seguido do açúcar refinado, com 16,0% de participação nas exportações. Já para Goiás, a representatividade do açúcar refinado é maior, de 38,0%. Além disso, Goiás é melhor remunerado pelo açúcar refinado em 18,5% que o Brasil, alcançando o valor de US$614,10 por tonelada.
De forma geral, as perspectivas para o mercado sucroalcooleiro brasileiro em 2025 são promissoras. No panorama mundial, a forte demanda externa aliada a produção ajustada podem dar sustentação aos preços internacionais e gerar oportunidades vantajosas de comercialização para o Brasil. A capacidade de adaptação aos desafios na produção, às condições climáticas adversas e às oscilações de mercado, consolidam o Brasil como importante player do setor sucroenergético.
*Em relação ao mesmo período do ano anterior

DO CAMPO À MESA
Cana-de-açúcar em Goiás: tecnologia, produtividade e sustentabilidade no campo

Além da cana-de-açúcar ser matéria-prima para a produção de açúcar e álcool, seus subprodutos e resíduos são utilizados para geração de energia elétrica, fabricação de ração animal e fertilizante para as lavouras.
No que diz respeito às condições ideais de plantio, a cultura adapta-se bem a climas tropicais com temperaturas entre 24°C e 30°C, requer precipitação anual de 1.200 a 1.500 mm, distribuída de forma equilibrada ao longo do ciclo. Ademais, solos profundos, bem drenados e com pH entre 5,5 e 6,5 representam condições essenciais para o pleno desenvolvimento da planta. A adaptabilidade da cana-de-açúcar a diversos tipos de solos e características de rusticidade são fatores que possibilitam o cultivo em diversas regiões do país.
No estado de Goiás, os produtores de cana-de-açúcar têm incorporado tecnologias específicas que otimizam cada etapa do cultivo com destaque para a mecanização e o uso de bioinsumos. O emprego de biofertilizantes e agentes de controle biológico tem se intensificado, especialmente em áreas de renovação de canavial, favorecendo o equilíbrio microbiológico do solo e o controle de pragas, minimizando o uso intensivo de defensivos químicos. Essas práticas, além de promoverem maior produtividade e longevidade dos canaviais, também se alinham às exigências por uma produção mais sustentável e competitiva, o que consolida Goiás como um dos polos mais avançados na produção de cana-de-açúcar no Brasil.

Governo na palma da mão

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