Dia de Campo: integração Lavoura-Pecuária reúne produtores e técnicos


Evento promovido pela SED teve parceria da Embrapa e Emater e apoio do Banco do Brasil, entidades civis e iniciativa privada

Na Fazenda São José, município de Bela Vista de Goiás, o casal proprietário Donizete Peixoto da Costa e Luzanir Luiza de Moura Peixoto recebeu, neste final de semana, cerca de 300 pessoas, entre técnicos, extensionistas, pesquisadores e produtores, para o Dia de Campo sobre o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária. E foi o vanguardismo desses proprietários na adoção, desde 1988, de técnicas inovadoras na produção de grãos consorciada com o plantio da Brachiaria ruziziensis,entre outros capins, o grande destaque do dia. Todos queriam ver de perto os processos de produção adotados pelo fazendeiro.

A jornada teve início com a reunião dos produtores e dos técnicos em torno de uma grande mesa de café da manhã típica da fazenda, com biscoitos caseiros, leite, café e frutas. E o melhor de tudo: o bate-papo descontraído. Na noite anterior, o Sistema Integrado Lavoura-Pecuária já havia sido apresentado aos produtores, por meio de palestras, no Sindicato Rural de Bela Vista, aguçando ainda mais a curiosidade dos que querem inovar suas práticas produtivas.

O evento, promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico por meio da Superintendência Executiva de Agricultura – em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) -, contou com apoio do Banco do Brasil, entidades locais e iniciativa privada.

O superintendente executivo de Agricultura Antônio Flavio Camilo de Lima participou do Dia de Campo que, segundo afirmou, é de extrema importância para os produtores ao mostrar uma experiência que é exemplo para a região.

Difusão de novas tecnologias
Antônio Flavio também destacou que o sistema integrado de lavoura e pecuária está ao alcance de qualquer produtor: “Não há nada sofisticado, é um sistema simples possível a qualquer um que queira inovar e alcançar excelentes resultados”. Ele participou dos trabalhos nas quatro estações montadas dentro das áreas de plantio consorciado na propriedade e afirmou que outros eventos como este serão programados para este ano. “Começamos com Ipameri, onde realizamos o Dia de Campo com o sistema integração Lavoura-Pecuária -Floresta, sempre com o objetivo de estimular aos produtores o uso de novas tecnologias”, acentuou.

O superintendente de Política Agrícola, Agronegócio e Irrigação da SED, João Pedro Fiorini, lembrou que a SED coordena em Goiás o programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono – que preconiza a adoção de tecnologias de agricultura e pecuária com o mínimo de impacto ambiental. “Goiás está entre os melhores estados no uso dessas tecnologias de baixo impacto e baixo custo, e o sistema consorciado entre lavoura e pecuária é uma delas”, afirmou. Com o Dia de Campo, segundo ele, o Governo de Goiás dissemina o conhecimento e tecnologias, incentivando os produtores a incorporarem novas técnicas ao processo produtivo.

O técnico da Superintendência de Agricultura e coordenador do Plano ABC no estado de Goiás, Arnaldo Francisco do Bonfim, que apresentou alternativas para produção forrageira para alimentação bovina na entressafra, destacou que Goiás foi o primeiro estado brasileiro a fazer o plano ABC para proteção dos recursos nacionais. De acordo com ele, a integração lavoura e pecuária, como alternativa de baixo impacto, deixa o solo protegido o ano todo. Quando chove, a água não escorre, infiltra. “O Donizete, aqui, além de produzir grãos e a arroba de carne mais barata do estado de Goiás, é também um produtor de água, ele mantém as condições para reter a água que precisa”, explica.

Quem não adotar o sistema integrado, vai quebrar”

Nas quatro estações do Dia de Campo, os produtores puderam ver diferentes exposições de técnicos da Embrapa e da Emater, como João Kluthcouski, da Embrapa, conhecido como o “João K”, um entusiasta das tecnologias dos sistemas de integração e um “inconformado” com a resistência de muitos produtores em adotá-las. Segundo ele, em todo o estado há cerca de 12 milhões de hectares de pasto fraco, com algum nível de degradação, e apenas 180 mil hectares em que o plantio consorciado de grãos e capim é feito. O estado onde o sistema é mais utilizado é Mato Grosso; em seguida, o Paraná.

De acordo com João Kluthcouski, a integração traz uma diversidade muito grande de opções para cada produtor. “Desde aquele que usa uma matraca ao que usa trator, em um hectare ou em milhares dele, há um jeitinho de fazer um sistema integrado”, acentua. Outro ponto positivo do sistema integrado lavoura-pecuária é que é muito barato. “O produtor vai apenas adicionar na lavoura a semente da brachiaria ou de outro capim. O restante ele já faz, precisa apenas de um acompanhamento, uma boa gestão”, destaca.


“Salvação da agricultura no Cerrado goiano”

Para o agropecuarista Donizete Peixoto, que faz a integração lavoura-pecuária em todas as suas sete unidades de produção, nos municípios de Bela Vista, Piracanjuba e Hidrolândia, o plantio de grãos consorciado à brachiaria é, sem sombra de dúvida, o grande responsável pelo êxito dos seus empreendimentos. Ele entrou na atividade agrícola já no sistema de integração e não se arrepende. “Quem não usa ainda, pode acreditar, porque as vantagens dariam para escrever um jornal inteiro”, disse o produtor durante a abertura do Dia de Campo na sua Fazenda São José.

O sistema de integração, conforme destacou, traz entre os inúmeros benefícios, a vantagem econômica, muito maior que o processo tradicional de agricultura e pecuária dissociadas. “Hoje eu produzo um boi no mínimo 25% mais barato no custo da engorda”, afirmou o produtor que para este ano mudou a estratégia de engorda e espera obter melhores resultados ainda. Iniciou o período de engorda ainda na palhada, logo após a colheita da soja. “A expectativa é vender o boi uma arroba e meia mais pesado e com menos tempo de confinamento, aproveitando ainda a área para a recria a partir de julho”, explicou.

De toda a diversidade que o sistema integrado lavoura-pecuária apresenta, combinando diferentes culturas, como a soja, o milho, o arroz, o sorgo, com diferentes capins, o que Donizete Peixoto considera mais eficiente para a sua propriedade é o consórcio da soja com a sobressemeadura de Brachiara ruziziensis. “O melhor resultado que obtenho é com ela”, informou, justificando que suas propriedades não são frutos de herança, foram todas compradas com recursos próprios graças ao sistema de integração lavoura-pecuária.

Além das vantagens econômicas, Donizete Peixoto destacou os benefícios do sistema de integração para o solo que a cada ano está melhor. “Fazemos análises frequentes e temos sempre resultados positivos”, garantiu. “A matéria orgânica é mantida o ano inteiro e há redução na emissão de gás carbônico, aproveitamos tudo que há até ervas daninhas, não se desperdiça nada”, continuou.  

Apoio
“O Governo de Goiás tem me dado muito suporte de uns anos para cá e eu reconheço a importância desse apoio, do acompanhamento que os técnicos fazem do trabalho realizado aqui e nas outras propriedades”, considerou.

Para um agricultor que já iniciou a atividade agrícola integrando lavoura e pecuária, Donizete alerta os demais produtores para que não percam tempo.  “Podem acreditar que esse sistema é a salvação da agricultura no Cerrado goiano”, disse.

Ao seu lado, para estimular o cuidado com o meio ambiente e reverenciar a sua curiosidade e a sede por inovação tecnológica, Donizete conta com a parceria da esposa, Luzanir Luiza de Moura Peixoto, psicóloga e mestre em artes plásticas que se dedica ao repovoamento das matas ciliares das propriedades, além de utilizar espécies nativas em projetos de paisagismo rural, com uso de materiais de demolição na composição de interiores e de ambientes abertos. “É fantástico, nosso padrão econômico mudou muito com esse sistema e a terra não fica ociosa e os trabalhadores têm serviço o ano inteiro, ou seja, melhorou para nós e para nossos funcionários”, disse ela.

Fotos: Wildes Barbosa

Comunicação Setorial
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED)

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