Artesã de Olhos D’Água troca palha pelo barro e alcança resultados surpreendentes


Suas peças estão expostas no saguão do Palácio Pedro Ludovico Teixeira até o dia 30 deste mês

 

Hilda da Costa Freire, 38 anos, tem tudo para acreditar que sua arte estava adormecida na palha e foi despertada no barro. Por mais de 15 anos ela trançou fibras e palhas e construiu imagens de grande beleza na oficina da artesã Maria de Fátima Dutra Barros, a Fatinha, sua amiga e incentivadora. Mas foi em maio deste ano, depois de ganhar um saco de barro já preparado pelo sogro Divino, que ela experimentou pela primeira vez uma profunda satisfação interior ao modelar a primeira boneca. “Ainda cheguei a colocar uns adereços de palha no chapéu dessa primeira boneca, mas, foi a última vez”, garante a artesã.

Quem vê a delicadeza e a suavidade de suas peças, dificilmente imagina que no início deste ano Hilda sequer havia ousado em tocar no barro que a família do esposo Luiz Carlos Rodrigues da Costa, família de artesãos, tem como base para o trabalho no torno. “Sempre trabalhei trançando a palha e nunca pensei em lidar com a cerâmica, mas, agora, não quero fazer outra coisa”, assegura Hilda, que tem três filhos e vive, atualmente, entre Olhos D’Água e Alexânia, cidade onde estudou e vem comercializando a maior parte de sua produção.

As suas peças estão expostas até o próximo dia 30 de outubro no saguão do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, na Praça Cívica. Trata-se da 18ª edição do programa Goiás Mostra Artesanato, da Gerência de Artesanato da Superintendência de Micro e Pequena Empresa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SED). Estão expostas 32 peças, entre elas as muitas mulheres carregando potes, panelas de ferro, chapéus, livros e flores, muitas flores, no cabelo, nos vestidos e até nos potes, seguramente para reduzir em alguma medida o peso de cada objeto ou da própria vida retratada por Hilda. Há, também, uma nossa senhora com Jesus e um são Francisco de Assis. “Quero fazer de tudo, não vou me prender a uma temática, quero moldar no barro o que vejo na vida”, diz a artesã.

Segundo afirma, em breve deverá deixar o trabalho na oficina da amiga, pois o tempo é curto para produzir e atender toda a demanda que chega. Enquanto preparava as peças para a exposição da Gerência de Artesanato, Hilda da Costa Freire participou do projeto Mulheres Coralinas, desenvolvido na cidade de Goiás, onde ministrou oficinas de artesanato a 15 mulheres por duas semanas. “Comecei há tão pouco tempo e já acharam que eu podia ensinar, fiquei muito feliz”, comemorou a artesã.

Hilda Freire comemora também o fato de estar expondo no Palácio Pedro Ludovico Teixeira. “É a minha primeira exposição individual e as pessoas estão gostando do meu trabalho, pra mim isso é muito importante porque abre novas oportunidades”, justifica.

Incentivo
Embora tenha tido uma infância difícil, tendo que ir trabalhar de babá em Brasília ainda aos 11 anos de idade e ficado lá, de emprego em emprego, até os 19 anos, Hilda Freire teve a sorte de encontrar pessoas certas na hora certa, ao longo de sua trajetória como artesã. Primeiro, a oportunidade de trabalhar com Fatinha, em Olhos D’Água, aprendendo os segredos e as possibilidades da palha. E quando, em maio, decidiu trabalhar com barro, teve o incentivo da família do marido e, em especial, de uma moradora de Olhos D’Água, Ângela Cândida Madrilis, patroa de seu esposo, que ao ver as primeiras peças falou que iria ajudá-la, mas que, independentemente de qualquer coisa, que ela deveria seguir adiante, pois tinha muito potencial.

Ângela encomendou algumas peças à Hilda e também disse a ela que iria apresentá-la ao gerente de Artesanato da SED, André Franco. Hilda nem tinha acabado de fazer a encomenda, quando Ângela faleceu. A artesã, então, expôs suas primeiras peças na Feira do Troca, e em um só dia vendeu quase todas. Coincidentemente, André Franco viu o seu trabalho e a convidou para a exposição no Goiás Mostra Artesanato. Indicada, entre vários artesãos, para o projeto Mulheres Coralinas ela foi a única selecionada. “Tudo foi muito rápido pra mim”, diz Hilda Freire.

Fotos: Marcos Prado

Comunicação Setorial
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED)
(62) 3201-5463, 3201-5487

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo