Seminário promovido pela Fapeg avalia pesquisas para o SUS

A grande relevância do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS) está no potencial de incorporação dos resultados das pesquisas fomentadas – que podem ser novos protocolos, medicamentos, equipamentos ou serviços – ao atendimento prestado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que a produção científica gerada contribua para a promoção de conhecimento e melhoria das ações e políticas de saúde pública

 

Foi aberto na manhã desta quinta-feira, 2 de junho, e prossegue até amanhã, 3, o Seminário de Avaliação Parcial referente aos projetos de pesquisa científica selecionados na Chamada Pública 05/2020 – 7ª edição do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), no Estado de Goiás. Os 20 coordenadores dos projetos vão apresentar para uma banca avaliadora, os resultados já alcançados nesta primeira etapa dos trabalhos, o cumprimento dos cronogramas de execução e de gastos propostos em seus planos de trabalho, e apontar quais as potencialidades que essas produções científicas fomentadas têm para serem incorporadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para que possam melhorar a qualidade de atenção à saúde dos usuários.

A Chamada Pública é uma parceria do Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) com o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (Dcit/SCTIE) do Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Secretaria de Estado da Saúde (SES). O investimento total nesta Chamada Pública é de R$ 2.137.500,00 para apoiar financeiramente e fortalecer as pesquisas científicas, tecnológicas ou de inovação que tenham potencial para oferecer novos serviços e dar respostas a problemas prioritários de saúde enfrentados pela população usuária do SUS, além de estimular o ensino, pesquisa, extensão e educação em saúde, colaborando com a formação de recursos humanos qualificados. O valor máximo fomentado é de R$ 150 mil por pesquisa.

O seminário é uma realização da Fapeg e acontece das 8 às 18 horas, na Área IV, Bloco D, Sala de Defesa de Dissertação e Tese, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Avenida Universitária, 1.440, Setor Universitário. A banca que vai acompanhar os trabalhos é composta por doutores vinculados a Instituições de Ensino Superior parceiras e técnicos da Secretaria Estadual da Saúde.

Abertura dos trabalhos

A mesa foi composta pelo presidente da Fapeg, Robson Domingos Vieira; pela pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da PUC Goiás, Milca Severino Pereira; pela técnica responsável pelo PPSUS em Goiás, Elizabeth Alves de Jesus, representando a coordenadora nacional do PPSUS – Ministério da Saúde (Decit/MS), Marge Tenório; pela superintendente da Escola de Saúde da SES, Viviane Leonel Cassimiro Meireles; e virtualmente, por Gilberto Ferreira de Souza, da coordenação-geral do Programa de Pesquisa em Saúde, do CNPq.

A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da PUC Goiás, Milca Severino, instituição que sediou o evento, abriu a solenidade dando as boas-vindas aos participantes e destacando “a importância da Fapeg para as universidades e instituições de pesquisa”. Parabenizou a direção da Fapeg “pela atuação ativa e pró-ativa em defesa e apoio à pesquisa e à ciência no Estado de Goiás e no Brasil”. Enalteceu a importância do PPSUS, um programa de parcerias e colocou a instituição à disposição.

Elizabeth Alves, coordenadora do PPSUS em Goiás, destacou a proposta de gestão descentralizada do PPSUS e lembrou da parceria do Estado de Goiás em sete edições, totalizando mais de R$ 8 milhões investidos em 125 projetos. Segundo ela, o PPSUS tem um significativo êxito em Goiás, “um Estado que mantém uma parceria assídua e comprometida tanto no âmbito da Fapeg quanto no da SES”. Agradeceu os desdobramentos, que na edição anterior do PPSUS culminou com um seminário para articulações no sentido de que os resultados das pesquisas fossem incorporados ao SUS. “O PPSUS é isso, é incorporação das pesquisas para a melhoria do sistema, é gestão compartilhada, é fazer junto”. “A ideia é divulgar ainda mais os trabalhos dos pesquisadores para além dos seminários, como por exemplo, portfólios, cadernos temáticos e outros para concretizar os resultados das pesquisas. Precisamos fortalecer o complexo produtivo da pesquisa em saúde nacionalmente”, pontuou.

O presidente da Fapeg, Robson Vieira, em resposta ao apelo da coordenação do PPSUS, anunciou a produção de matérias jornalísticas científicas especiais de cada uma das 20 propostas selecionadas como forma de divulgação do programa. “Essa é uma missão nossa e concordamos 100% que a ciência precisa cada vez mais ser disseminada, tanto na linguagem científica como na jornalística de forma a permitir que toda a sociedade tenha uma compreensão clara do que é produzido na academia”.

Desejou a todos um bom trabalho, agradeceu o espaço disponibilizado pela PUC Goiás para a realização do evento e a presença de todos em um convívio presencial. Agradeceu a presença dos pesquisadores, porque “nosso esforço  é para levar a pesquisa científica e a inovação para o sistema SUS. Tenho uma grande admiração pelo Programa, não só pelo resultado de incorporação dos resultados, mas também pela sua metodologia”, declarou.

Lembrou do recente aumento nos valores das bolsas de mestrado e doutorado fomentadas pela Fapeg. “Após vários meses de trabalho e anos de organização financeira interna foi possível reajustar os valores das bolsas de formação, uma grande vitória da comunidade, da articulação política do governo, deputados, reitores e pró-reitores. Com isso, estaremos entre as Fundações com melhores valores pagos às bolsas, e isso é muito importante para o Estado, pois, além de reter talentos também atraímos grandes pesquisadores”, disse Robson Vieira.

O Seminário

Em um segundo momento, o diretor Científico e de Inovação, Marcos Arriel, deu início aos trabalhos junto à banca avaliadora e aos pesquisadores. Arriel explicou a dinâmica do Seminário, agradeceu a equipe de avaliadores, coordenadores dos projetos, equipe da Fapeg e afirmou que o programa só é um sucesso em Goiás pelo compromisso renovado dos parceiros e pela excelência na seleção e acompanhamento das várias fases dos projetos de pesquisa. Destacou a importância dos seminários, que se traduzem, também, em um momento para sanar dúvidas, falar das dificuldades encontradas e até mesmo alterar encaminhamentos dos projetos.

Neste primeiro dia, dez pesquisadores puderam compartilhar seus trabalhos. A pesquisadora Megmar Aparecida dos Santos Carneiro representou a coordenadora do projeto Juliana Lamaro Cardoso, que desenvolve, junto com sua equipe, uma pesquisa que prevê o rastreamento de papilomavírus humano, chlamydia trachomatis, neisseiria gonorrhoeae, e herpesvirus humano na cavidade oral e orofaringe para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis em populações em situações de vulnerabilidade socioeconômica. A população-chave do estudo são mulheres transgêneras, gays, outros homens que fazem sexo com homens e pacientes atendidos no Centro Goiano de Doenças da Boca da Faculdade de Odontologia da UFG, especializado em atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

A pesquisadora acredita que os resultados obtidos poderão ser aplicados no planejamento e implementação de ações e programas de prevenção e controle dessas infecções, principalmente nesses segmentos populacionais, diminuindo a invisibilidade de dados oficiais e melhorando o atendimento dessa população no Sistema Único de Saúde no estado de Goiás. Segundo ela, a coleta de material da cavidade oral e orofaringe para rastreamento, em vez de utilizar os sítios genitais, como é a forma usual para detectar essas doenças deverá ter maior aceitabilidade e aplicabilidade em pacientes atendidos pelo SUS, principalmente na atenção primária. Ela lembrou ainda que a pesquisa vem ao encontro das políticas da agenda estratégica para ampliação do acesso e cuidado integral das populações-chaves em HIV, hepatites virais e outras ISTs do Ministério da Saúde.

Em seguida, o pesquisador Ricardo Neves Marreto falou dos seus trabalhos que buscam desenvolver uma formulação mineral de baixo custo e reduzido impacto ambiental utilizando a terra diatomácea para controle do vetor da febre maculosa brasileira, zoonose de grande relevância para a saúde pública. Trata-se de uma zoonose endêmica de elevada letalidade causada pela bactéria Rickettisia rickettsii  cujo principal vetor é o carrapato-estrela, espécie amplamente distribuída no Brasil.

O projeto tem como proposta otimizar as propriedades microestruturais da terra diatomácea (TD) e empregá-la como insumo no preparo de carrapaticidas que possam ser aplicados com segurança e efetividade no meio ambiente e com grande potencial para evitar a ocorrência do fenômeno de resistência, relacionado ao uso de carrapaticidas sintéticos. Os produtos serão constituídos por materiais inorgânicos, associados ou não a produtos naturais. Os resultados obtidos com a pesquisa, segundo ele, possibilitarão o desenvolvimento de plataforma inorgânica para o controle de diferentes vetores de doenças tropicais.

A TD é um produto natural que apresenta grande variabilidade em suas propriedades microestruturais, exigindo padronização para garantir seu emprego efetivo, seguro e reprodutível, explica o professor. “Em nosso projeto, técnicas comumente empregadas na indústria farmacêutica serão utilizadas para padronizar a TD e otimizar sua atividade contra o carrapato-estrela. Em seguida, formulações contendo TD, associadas ou não a produtos naturais de reconhecida atividade carrapaticida, serão desenvolvidas e avaliadas quanto a sua efetividade e segurança ambiental, utilizando ensaios ecotoxicológicos.

Para o pesquisador, o trabalho experimental, além do ganho científico, representado pelo melhor entendimento dos mecanismos associados à atividade inseticida da TD levará ao desenvolvimento de produtos de custo reduzido, cuja padronização pode ser realizada pelo emprego de equipamentos disponíveis no parque industrial farmacêutico e que representam reduzido custo. Segundo ele, a rede de laboratórios oficiais pode vir a ser empregada para a produção e fornecimento dos produtos para os executores das políticas públicas de controle de vetores.

Logo após, o professor Bruno Junior Neves compartilhou informações sobre sua pesquisa que busca desenvolver inseticidas e larvicidas ecossustentáveis para o controle populacional de Aedes aegypti utilizando inteligência artificial e ensaios experimentais. Para o pesquisador, a implementação custo-efetiva de IA para descoberta de novos larvicidas é compatível com a emergência de controle do Aedes aegypti no SUS. A pesquisa é considerada relevante uma vez que Goiás vive um ano epidêmico para dengue e chikungunya e a expectativa de um inseticida/larvicida torna-se muito grande.

Ainda neste primeiro dia foram apresentados os seguintes projetos: Pesquisa de infecção por riquétsias do grupo da febre maculosa em cães, equinos, capivaras e em seus respectivos carrapatos em regiões sob vigilância epidemiológica no município de Goiânia (GO), coordenador: Felipe da Silva Krawczak;  Nanobiotecnologia verde aplicada ao controle de vetores e hospedeiros intermediários de importância médica (projeto Nanomed Verde), coordenador: Caio Márcio de Oliveira; Fatores genéticos e não genéticos relacionados à resposta imune dependente de vitamina D em pacientes com leishmaniose tegumentar americana provenientes de área rural, coordenador: Rodrigo Saar Gomes.

E ainda, Análise da qualidade de vida e de indicadores de saúde em pessoas vivendo com HIV na região do sudoeste goiano, por Luiz Fernando Gouvêa e Silva ; Avaliação do impacto da formação dos profissionais de saúde no Estado de Goiás: um enfoque na integralidade, por Patrícia Tavares dos Santos ; Caracterização da multirresistência de pseudomonas aeruginosa em coinfecção com covid-19 e vírus respiratórios em infantis hospitalizados, por Lilian Carla Carneiro ; e Avaliação do polimorfismo de chit1 como fator de risco para paracoccidioidomicose e seu efeito como adjuvante ao tratamento da paracoccidioidomicose, por André Correa Amaral.

Amanhã, dia 3, outros dez pesquisadores contemplados pelo PPSUS farão suas apresentações, das 8 às 18 horas, no mesmo local.

Investimentos

Além de promover o aprimoramento e consolidação do SUS, o PPSUS fortalece a política pública de Saúde no Estado de Goiás, melhora os indicadores de saúde, aproxima a academia, a gestão pública da saúde e a sociedade.

Pela Fapeg participaram, além do presidente e do diretor Científico e de Inovação, o diretor de Programas e Monitoramento, Vanderlei Cassiano (de forma remota) e a diretora de Gestão Integrada, Lorena Raquel de Faria Feliciano Peixoto. Gerentes, gestores e outros servidores da instituição também participaram do evento.

Assessoria de Comunicação da Fapeg

Governo na palma da mão

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