Seminário discute ação internacional no Brasil para CT&I
A internacionalização da ciência, da tecnologia e da inovação brasileiras foi destacada durante o 2º Seminário sobre Diplomacia e Inovação Científica e Tecnológica: Ação Internacional no Brasil, promovido pelo Ministério das Relações Exteriores. O evento aconteceu na última sexta-feira, 8, e contou com a presença do diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Marcelo Morales, dos ministros da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, além de representantes de setores governamentais de países como Argentina, Suécia, China, Canadá e Dinamarca.
Morales apresentou, durante a palestra de abertura, na condição de presidente substituto do CNPq, os desafios brasileiros para o desenvolvimento da produção científica. “Produzimos muito com muito pouco dinheiro”, afirmou, apontando que no Brasil, por exemplo, 20% das patentes são oriundas das instituições públicas, enquanto nos Estados Unidos, essa porcentagem é de 4%.
Para o diretor, um dos maiores desafios do país é transformar o conhecimento em produtos, soluções e que, para isso, tem sido intensificado o investimento em inovação, incentivando, principalmente, as parcerias. Morales reforçou que a internacionalização, em especial, é “extremamente importante”. “Estudos demonstram que o impacto de um conhecimento produzido em parceria com outro país aumenta em quatro vezes, comparado com a produção sem parceria”, apresentou.
Comissão
Na ocasião, foi assinada a portaria que institui a Comissão de Coordenação em Ciência, Tecnologia e Inovação, para aprimorar a cooperação internacional do Brasil. A criação do órgão consultivo interministerial ocorreu na abertura do 2º Seminário sobre Diplomacia e Inovação Científica e Tecnológica: Ação Internacional no Brasil.
Segundo Kassab, a comissão fará circular informações vitais para o aprimoramento das iniciativas em inovação no Brasil. “A comissão tem pela frente desafios de um mundo que deverá tratar de nanossegurança, bioeconomia, pesquisa embrionária e tantas outras matérias que exigirão posicionamento político, discussão sobre ética e definição de protocolos. Para todo esse complexo arcabouço, a convergência de ações dos nossos ministérios será essencial”.
A Comissão de Coordenação em Ciência, Tecnologia e Inovação terá, entre outras atribuições, a de elaborar as diretrizes das ações governamentais de coordenação entre a diplomacia e a inovação científica e tecnológica. Além disso, deverá apoiar a implementação da rede diplomática brasileira em pesquisa e inovação em postos específicos no exterior e nos escritórios de representação regional do Itamaraty. Será composta por representantes do MCTIC e MRE, além de convidados brasileiros e estrangeiros do setor produtivo, academia, sociedade civil e organismos internacionais.
“Concordamos integralmente com a ampliação e intensificação das parcerias internacionais”, declarou Kassab, ao citar uma série de cooperações com outros países realizadas pelo MCTIC em 2017.
Ele destacou as parcerias com o governo da Argentina em áreas como biomedicina, nanotecnologia e engenharia genética; a “Declaração de Belém”, assinada entre Brasil, Portugal e África do Sul para pesquisa científica nos oceanos; e o 2º Diálogo de Alto Nível Indústria-Ciência-Governo sobre Interações Atlânticas, realizado em novembro, em Florianópolis (SC), com a participação de 11 países, que discutiu a criação do Centro Internacional de Pesquisa do Atlântico (AIR Center).
Transformações
Para o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, a criação da Comissão de Coordenação em Ciência, Tecnologia e Inovação é um mecanismo inovador de apoio à governança das iniciativas internacionais. De acordo com ele, as transformações em curso nos modelos de produção com a chamada indústria 4.0 geram oportunidades e desafios para o país. “É preciso implementar políticas públicas que permitam que a economia brasileira mantenha vantagens competitivas em termos de ciência, tecnologia, inovação, pesquisa e desenvolvimento.”
Aloysio Nunes reforçou que a diplomacia da inovação constitui ferramenta importante para ajudar a integrar o Brasil às cadeias globais de produção mais avançadas. “Queremos que os escritórios regionais do Itamaraty sejam cada vez mais plataformas de facilitação de contatos entre esses ecossistemas domésticos e as principais praças inovadoras no exterior, por meio da nossa rede de consulados e embaixadas.”
Fonte: Coordenação de Comunicação Social do CNPq com Ascom/MCTIC