Projeto apoiado pela Fapeg integra produção de peixes e hortaliças

Mais do que nunca a preservação do meio ambiente tem se tornado necessidade primordial para garantir que as futuras gerações tenham acesso aos recursos naturais cada vez mais escassos e ameaçados, na sua grande maioria pela ação humana. O crescimento mundial da população, a demanda por alimentos e por recursos hídricos acabam por exercer forte pressão que impacta na sustentabilidade do planeta. Pensar em ações que contribuam para apontar alternativas para este cenário já não é mais uma questão política de longo prazo, tornou-se uma necessidade urgente.

Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg

 

Um projeto de pesquisa orientado pelo professor Marconi Batista Teixeira, coordenador de Prospecção do Centro de Excelência em Agricultura Exponencial (Ceagre) vinculado ao IF Goiano/Fapeg, e sua equipe, concluído em março do ano passado, apostou na aquaponia, e hoje já é sucesso e tem despertado o interesse de empresários do sudoeste goiano que buscam a nova técnica que proporciona a produção de alimentos saudáveis a um custo mais acessível e com menos impacto ao meio ambiente. Neste sistema, os resíduos/efluentes solúveis gerados com a criação dos peixes são aproveitados para o cultivo de vegetais.

A pesquisa contou com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), por meio da chamada pública 07/2016 – Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem).

Em seu projeto, intitulado “Reciclagem de efluente de piscicultura em sistema aquapônico”, o professor Marconi Teixeira trabalhou na integração peixes, bactérias e hortaliças, e pôde reduzir o consumo de água em até 90% quando comparado com os sistemas convencionais, pois permite a recirculação de água. Neste procedimento, a água da piscicultura, rica em nutrientes, é utilizada diretamente pelas plantas ou é biodisponibilizada para as mesmas por meio da transformação bacteriana. O sistema ainda abre a possibilidade de ser implementado em pequenas e altas escalas, no campo e na cidade.

Aquaponia
Aquaponia é uma modalidade de cultivo sustentável, ainda não muito empregada, que combina as técnicas de aquicultura (produção de organismos aquáticos – peixe, camarão etc) e hidroponia (produção de plantas em água ou substratos, sem solo).

Sucesso
Os pesquisadores avaliaram a densidade de estocagem de juvenis de tilápias junto ao cultivo de rúcula e alface, constataram o bom desempenho produtivo e a elevada viabilidade econômica da combinação de produtos. Os resultados apontam para uma nova modalidade produtiva que não exige grandes espaços físicos e que promove a preservação do meio ambiente, permite a antecipação de colheitas e que abre possibilidades para o trabalho com altas densidades de plantas e peixes. Segundo o professor, os resultados da pesquisa estão sendo divulgados em lives, workshops, congressos, além da publicação de artigos científicos, dissertações e significativa formação de mão-de-obra qualificada.

Vantagens
Apesar do cultivo de hortaliças em sistema hidropônico já estar mais difundido no Brasil, o professor destaca as vantagens da aquaponia, entre elas: produção de hortaliças de excelente qualidade, reutilização de água e reciclagem de nutrientes e melhor aproveitamento do espaço físico. A busca por alimentos saudáveis tem sido crescente, e os alimentos escolhidos para a pesquisa foram a alface, um dos vegetais mais consumidos pelo brasileiro; a rúcula, por seu valor nutritivo, fonte de ferro e vitamina C, e a tilápia Oreochromis niloticus uma espécie de origem africana que devido as suas características sensoriais, nutricionais e desempenho zootécnico é a espécie de peixe mais cultivada na aquicultura no Brasil.

O professor destaca que o cultivo de peixes em sistemas aquapônicos leva vantagens em relação aos sistemas convencionais (viveiros escavados), e uma delas é o menor impacto causado ao ambiente por não lançar efluentes no mesmo. “O sistema aquapônico também permite o reaproveitamento dos minerais, principalmente Nitrogênio e Fósforo, ou seja, um melhor aproveitamento dos nutrientes, com menores custos”, comenta ele.

Para o cultivo de vegetais, os pesquisadores apontam que a aquaponia apresenta vantagens em relação à hidroponia por não apresentar altos teores de nitrato nos produtos, sendo este tóxico ao homem. Além da quantidade de água no sistema ser menor, a qualidade também é observada. “Tanto para produção de peixes quanto de vegetais, a aquaponia apresenta menor consumo de água, pois só é reposta a água utilizada pelas plantas e a evaporada”, frisa o pesquisador.

A estrutura
O sistema aquapônico desenvolvido pelo projeto conta com uma caixa d’água de mil litros para a criação dos peixes, um decantador de 200 litros de resíduos sólidos, um biofiltro de 200 litros para colonização de bactérias (nitrossomonas e nitrobacter), a bancada hidropônica para o cultivo das hortaliças, bomba (2700 litros/hora) e aerador. A equipe avaliou as densidades de estocagem de 30, 60 e 90 juvenis de tilápia (30 gramas de peso inicial), e concluiu que a densidade de 60 é a mais viável economicamente para as condições especificadas.

Pronem
O Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem) é desenvolvido pela Fapeg em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com o objetivo apoiar a execução de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação dos grupos de pesquisa emergentes, formados por pesquisadores com destaque na sua área de conhecimento e com experiência na coordenação de projetos, de modo a induzir a formação de novos núcleos de excelência em pesquisa no Estado de Goiás.

Parte da equipe que desenvolveu o projeto. Foto: arquivo do pesquisador

Equipe
Os trabalhos de pesquisa foram coordenados pelos professores do IF Goiano, Campus Rio Verde, Marconi Batista Teixeira, Coordenador de Prospecção CEAGRE e que leciona a disciplina Agricultura Irrigada no curso de Pós-Graduação em Ciências Agrárias -Agronomia (PPGCA-AGRO); Adriano Carvalho Costa, que ministra aulas de Aquicultura e Estatística Experimental no Curso de Zootecnia; Frederico Antonio Loureiro Soares, Gerente de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação do IF Goiano – Campus Rio Verde e Leonardo Nazário Silva dos Santos, Diretor da Agência de Inovação do IF Goiano. Compuseram ainda a equipe: Wilker Alves Morais, Vitor Marques Vidal, Isabel Rodrigues de Rezende, Luiz Fernando Gomes, Jaqueline Aparecida Batista Soares, Bruna Silva Martins, Igor Eli da Silva, Liege Dauny Horn, Yasmin Scatena e Jacyr Lora, todos do IF Goiano.

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