Presidente do CNPq diz que é necessário investir em pesquisa para gerar riquezas
“A universidade precisa ajudar o Brasil a entrar em uma nova visão da ciência, tecnologia e inovação que é o fato de que nós precisamos transformar as pesquisas nas universidades em solução para os problemas brasileiros e em geração de riqueza para o país”. A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mario Neto Borges, na última terça-feira, 12, durante a 5ª Jornada UnB de Inovação, na Universidade de Brasília (UnB).
“A única forma de fazer desenvolvimento sustentável de longo prazo, com geração de riqueza, é a partir do investimento em pesquisa científica e tecnológica e em educação. Então aqui é o ambiente ideal”, avaliou Mario Neto durante sua apresentação no evento. Com abertura da reitora da universidade, Marcia Abrahão, o evento é promovido pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI) e reuniu alunos e professores para assistir a palestra sobre pesquisa e inovação na universidade proferida por Mario Neto.
A reitora da UnB ressaltou a forte parceria que a instituição tem com o CNPq nas mais diversas ferramentas de fomento à pesquisa e apontou que o momento, apesar de não ser muito favorável, pode ser propício a novas possibilidades. “Em tempos de crise, geram boas oportunidades”, ponderou Marcia Abrahão.
Para Mario Neto, o momento é oportuno, também, devido ao ‘bônus populacional’. Segundo ele, de agora até 2050 o país terá um cenário no qual a maior massa populacional estará entre 25 e 60 anos, faixa-etária de maior atividade e, portanto, maior produção. “É o período em que temos a oportunidade de produzir mais, gerar mais riqueza”, defendeu.
Para enfrentar a crise, Mario Neto apresentou novos mecanismos que o CNPq vem criando para aportar mais recursos, como a parceria com a iniciativa privada, em especial voltada para a inovação. A proposta é, ainda, equilibrar os eixos de sustentação do sistema de CT&I do país que, de acordo com o presidente do CNPq, sofre com um desenvolvimento distorcido. “Temos muita ciência e de qualidade, mas investimos pouco em tecnologia e quase nada em inovação”, afirmou.
Além dos instrumentos de fomento tradicionais do CNPq, Mario Neto falou das novidades que o CNPq está implantando – o Doutorado Acadêmico Industrial (DAI) e a Bolsa Jovens Talentos (BJT) e do segundo chamamento do Comitê de Negociação e Relacionamento Institucional (CORI).
O DAI
O DAI possui um projeto piloto em andamento com a Universidade Federal do ABC (UFABC), com 10 bolsas concedidas e bons resultados apresentados. A proposta é fazer uma ponte entre a universidade e empresas para que os alunos desenvolvam soluções para problemas específicos. Cada bolsista possui um orientador na instituição de ensino e um supervisor industrial.
Em depoimento gravado, o professor da UFABC Derval Rosa aponta que a proposta tem levado uma evolução às empresas com embasamento acadêmico. Um dos projetos desenvolvidos nessa parceria criou, junto com a Mercedes Benz, um compósito a partir do pó de pneu, substância poluente e que era descartada pela indústria. Esse compósito virou, entre outros produtos, um encapsulamento do motor que reduz o ruído, contribuindo para a redução da poluição sonora.
A primeira tese originária do projeto piloto foi defendida recentemente e a parceria com a universidade foi renovada.
Além disso, segundo o presidente do CNPq, uma nova parceria foi consolidada com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), para outras 10 bolsas dedicadas aos problemas do setor aeronáutico da Embraer e suas redes de fornecedores.
O BJT
A modalidade de bolsas para jovens talentos foi criada para o programa Ciência sem Fronteiras e está sendo retomada em outro cenário, com viés da inovação. A proposta é uma parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o IEL para concessão de bolsas a serem implantadas na Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Mario Neto anunciou que, em breve, uma chamada será lançada oferecendo 100 bolsas, sendo 50 do CNPq e 50 da CAPES.
O CORI
O Comitê foi criado em 2016 com o objetivo de abrir oportunidade para as empresas que queiram investir em pesquisa científica e tecnológica em parceria com o CNPq. O primeiro chamamento, no ano passado, atraiu 34 propostas, sendo 12 identificadas como potenciais parcerias e estão sendo avaliadas.
O atual chamamento foi lançado em julho e está aberto para apresentação de propostas.
Outras oportunidades
Por fim, o presidente do CNPq lembrou das parcerias recentemente firmadas com o IEL para a continuidade do programa Inova Talentos e a criação do Inova Global e Inovatec, a serem executados com recursos da iniciativa privada.
Estiveram presentes no encontro, além da reitora, a Decana de Pesquisa e Inovação da UnB, Maria Emilia Walter, o Prof. Guilherme Melo, ex-diretor de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq e o diretor de Cooperação Institucional do CNPq, José Ricardo Santana.
Ao final, o presidente Mario Neto respondeu a questões de professores e alunos da UnB, que apontaram a importância do olhar para a ciência aplicada, a interação com o setor empresarial e industrial e apresentaram sugestões como incentivar, também, a inovação na gestão das instituições públicas.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social do CNPq