Presidente da Fapeg participa de entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto e Cerimônia de Posse dos novos membros da ABC

O presidente da SBPC, Ildeu Moreira; a presidente do Confap, Zaira Turchi; o Almirante de Esquadra Bento, diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha; o presidente da ABC, Luiz Davidovich ; o ministro do MCTIC, Gilberto Kassab; o presidente do CNPq, Mário Neto Borges; o presidente do Conselho Curador da FCW, Jorge Cardoso; o secretário-adjunto de C&T-RJ, Augusto Raupp.

“Senhoras e senhores, boa noite. Damos início à Sessão Solene de Entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, Edição 2018; a Concessão de Títulos a Pesquisadores Eméritos e Menção Especial de Agradecimentos, pelo CNPq; e Posse dos Novos Membros Titulares, Correspondentes e Institucional da Academia Brasileira de Ciências [ABC], sob o patrocínio da Fundação Conrado Wessel. Agradecemos ao Museu do Amanhã – que se dedica a explorar, pensar e projetar as possibilidades de construção do futuro – pela parceria, abrigando essa cerimônia.”

Assim começou o evento no qual o presidente da ABC Luiz Davidovich recebeu uma Menção Especial de Agradecimentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em nome da Academia. Menções de Agradecimento também foram entregues ao Acadêmico Francisco Mauro Salzano, pelo conjunto de sua obra científica, e ao deputado Celso Pansera, por seu apoio à causa da ciência, tecnologia e inovação (CT&I), entre outros.

Junto com mais seis pesquisadores brasileiros, os Acadêmicos Carlos Medicis Morel, Luiz Antonio Barreto de Castro, Vanderlei Salvador Bagnato e Walter Colli receberam o título de Pesquisadores Eméritos do CNPq, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica.

Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia
A outorga do Prêmio criado em 1981 e que leva o nome do ex-presidente da ABC desde 1986 é a mais importante honraria em ciência e tecnologia do país. Ao agraciado é concedido um diploma e medalha do CNPq e do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC); uma viagem em navio de assistência hospitalar na Amazônia e uma viagem à Antártida, oferecidas pela Marinha; e uma premiação em espécie, concedida pela Fundação Conrado Wessel. É concedido anualmente, em sistema de rodízio, a uma das três grandes áreas do conhecimento.

Em 2018, a área do conhecimento contemplada foi a de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes e o premiado foi Jorge Sidney Coli Junior, professor titular de História da Arte e História da Cultura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista do CNPq. Seus estudos abordam especialmente a arte e iconografia do século 19.

Após o seu agradecimento e as falas do representante da Marinha do Brasil e do presidente do CNPq, foi encerrada a primeira parte da cerimônia e teve início a diplomação e posse dos novos membros da ABC, que foram apresentados pelos Acadêmicos Helena Nader  e o Acadêmico Virgílio Almeida. A presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Maria Zaira Turchi, fez parte da mesa da solenidade de abertura e participou da entrega das premiações.

Os novos membros da ABC
Foram empossados na cerimônia 19 cientistas de excelência, dentre Membros Titulares e Correspondentes.

Nas Ciências Matemáticas, tomou posse Jose Felipe Linares Ramirez  (IMPA). Na área de Ciências Físicas, foram eleitos dois pesquisadores do Nordeste, Antonio Gomes de Souza Filho (UFC), que foi membro afiliado da ABC entre 2011 e 2015 e José Renan de Medeiros (UFRN). As Ciências Químicas elegeram dois pesquisadores do Sul-Sudeste. Antonio Salvio Mangrich  (UFPR) e Roberto Manuel Torresi  (USP).

As Ciências Biológicas elegeram uma ex membro afiliado da ABC, Alicia Juliana Kowaltowski (USP), e mudaram de categoria Philip Martin Fearnside (INPA), membro correspondente da ABC desde 1993. Na área de Ciências Biomédicas foram empossados Amilcar Tanuri (UFRJ) e Célia Regina da Silva Garcia  (USP). Já nas Ciências da Saúde, tomou posse Celina Maria Turchi Martelli (Fiocruz-PE).

Dois dos novos Acadêmicos são da área de Ciências da Terra: Dilce de Fátima Rossetti (INPE) e Milton José Porsani (UFBA). Já as Ciências Agrárias e aa Ciências Sociais elegeram um novo membro cada, Acelino Couto Alfenas  (UFV) e Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto  (UFMG), respectivamente. Paulo Sergio Ramirez Diniz (UFRJ) e Romildo Dias Toledo Filho  (UFRJ) foram empossados na área de Ciências da Engenharia.

Os novos Membros Correspondentes são Christian André Amatore (CNRS – França), das Ciências Químicas; Christopher Michael Wood  (UBC – Canadá), da área de Ciências Biológicas e Jeremy Nichol McNeil  (Western University, Canadá), na área de Ciências Agrárias.

O novo Membro Institucional da ABC é o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), uma instituição sem fins lucrativos que tem por objetivo promover o avanço científico e tecnológico na área de saúde, com responsabilidade social.

Sua operação é independente e em sede própria desde 2010, mas as suas origens remontam ao início da Rede D’Or de Hospitais, sua principal mantenedora. O diploma foi recebido pela vice-presidente do Instituto, a pesquisadora Fernanda Moll.

Após um minuto de silêncio em memória dos Acadêmicos falecidos recentemente, o Acadêmico Luiz Drude de Lacerda  saudou os recém-chegados. Ele destacou o período adverso por que está passando a ciência no Brasil, diante da apatia dos governos para com a competência científica instalada no país e o descaso com relação ao que foi conquistado em anos anteriores.

Drude ressaltou a pronta resposta da Academia a estes tempos nefastos, com a publicação de dois documentos seminais: o Projeto de Ciência para o Brasil e o documento da ABC para os Candidatos à presidência do Brasil, no qual aponta o caminho a seguir para a retomada do crescimento no país, por meio da implantação de uma política de Estado para ciência, tecnologia e inovação.

Cumprimentou então os novos membros, alinhando-os à ABC no sentido de não se deixarem abater e continuarem engrandecendo a ciência brasileira, com estudos de qualidade mundial. “Estes novos membros confirmam o papel da ciência como promotora da redução das desigualdades regionais e de gênero. Recebemos membros dos diversos estados do país e temos uma forte presença feminina, ajudando a quebrar barreiras num setor que ainda permanece artificial e absurdamente masculino, ignorante da participação fundamental da mulher na ciência mundial”, exaltou o Acadêmico.

Em nome dos novos membros discursou a Acadêmica recém-empossada Alicia Kowaltowski. Sem notas escritas, falando de improviso com muita segurança e desenvoltura, ela agradeceu pela inclusão nos quadros da ABC,uma grande honra numa carreira em que se erra muito até conseguir resultados, mas que envolve pessoas com curiosidade, vontade de entender e de desenvolver inovações fantásticas.

Destacou, porém, que o conhecimento da sociedade sobre ciência não acompanhou seu desenvolvimento e atribuiu aos cientistas a responsabilidade de reduzir gradativamente esta distância. “Para que o apoio à ciência seja ampliado, é preciso que a sociedade entenda que sem ciência não há desenvolvimento”, ressaltou a bioquímica.

“Posso falar em nome dos meus colegas que estão aqui hoje, como eu, tomando posse: a ABC pode contar conosco para lutar como for necessário no sentido de levar o Brasil ao patamar de protagonismo científico em nível internacional.”

Outorga da Medalha Henrique Morize
Em sua quarta edição, a medalha que leva o nome de um dos fundadores e primeiro presidente da Academia Brasileira de Ciências, foi criada para premiar personalidades que tenham prestado grandes serviços à ABC e à ciência brasileira.

O agraciado foi o Acadêmico Jacob Palis  Jr., matemático brilhante de reconhecimento internacional que presidiu a Academia entre 2007 e 2016, um período de relevantes avanços nessa organização. Ele a recebeu das mãos de seu sucessor, Luiz Davidovich, num momento de muita emoção na cerimônia.

Davidovich ressaltou que Jacob Palis é membro de mais doze Academias por todo o mundo (EUA, França, Alemanha, Portugal, Russia, Itália, entre outras) e que orientou 43 doutores, com pelo menos 257 descendentes indiretos até o momento, um número considerado assombroso. Acrescentou que Palis promoveu revoluções positivas por onde passou, como na ABC, na Academia Mundial de Ciências (TWAS) e na União Internacional de Matemática (IMU), que também presidiu, e no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), que dirigiu e onde atua até hoje. “Vou usar uma expressão a qual o próprio Jacob costuma utilizar recorrer para se referir a algumas pessoas que admira: ele é uma força da natureza”, arrematou.

Agradecendo a medalha, Jacob Palis salientou sua emoção em receber a quarta edição desta honraria, criada em sua gestão e destinada anteriormente aos Acadêmicos Jorge Guimarães, Américo Fialdini e Helena Nader. Agradeceu à sua família, aos colegas e funcionários do IMPA e da ABC e ao presidente Luiz Davidovich, “com quem seguirei trabalhando em prol da ciência brasileira.”

Quebrando o clima de emoção, Palis arrancou risos da plateia ao cobrar do ministro Kassab, ali presente, o resgate de 2% do orçamento federal prometidos para ciência e tecnologia. “Ele prometeu, conseguiu e perdeu. Vamos lutar por isso.”

Lançamento do projeto “Ciência gera Desenvolvimento”

Com este mote, a ABC iniciou um projeto, conduzido pela diretora Márcia Barbosa, para a produção de vários vídeos curtos exemplificando casos em que a pesquisa científica resultou em desenvolvimento para o país. O primeiro desses vídeos foi dedicado à Johanna Döbereiner , que foi vice-presidente da ABC, e foi apresentado na cerimônia, com muito sucesso.

Encerramento
As duas últimas falas foram do presidente da ABC, Luiz Davidovich, seguido pelo ministro do MCTIC, Gilberto Kassab.

Davidovich destacou que o Brasil tem 20% da biodiversidade mundial, base para um projeto nacional de bioeconomia. “Tem vastos recursos minerais, incluindo o nióbio, que tem um grande leque de aplicações tecnológicas. Tem um clima que facilita o uso de energias alternativas, como a energia solar e a energia eólica”. E alcançou inúmeras conquistas científicas de importância mundial.

No entanto, a seu ver, as conquistas já alcançadas correm risco de serem revertidas, pela falta de uma agenda nacional que defina as prioridades e os instrumentos para sua realização, e pelos severos cortes orçamentários. “O orçamento disponível este ano para custeio e capital do MCTIC, elaborado pelo Ministério de Planejamento e aprovado pelo Congresso Nacional, é cerca de 1/3 do orçamento de 2013, excluindo os recursos para Comunicação”, relatou.

Ele apontou, ainda, as recentes ações truculentas ocorridas no país contra Acadêmicos e contra as universidades públicas. E enfatizou que a Academia Brasileira de Ciências reúne sonhadores. “Não são sonhos estratosféricas, eles se baseiam na análise científica das possibilidades do real. Sonhos construídos coletivamente, pelo trabalho voluntário e não remunerado de cientistas”. Nesse sentido, convidou os novos membros a participar ativamente da construção desses sonhos. “Trabalhando juntos, aumentaremos as chances de que eles se transformem em realidade: o futuro será mais próximo do que queremos, se participarmos de sua construção”, concluiu.

Encerrando o evento, o ministro Kassab atribuiu à cerimônia daquela noite, para a ciência brasileira, a mesma importância que a final de uma Copa do Mundo tem para o futebol. Lamentou “o problema crônico da ausência de recursos e de descaso do poder público para com a ciência” e afirmou estar ao lado dos cientistas na luta pelo desenvolvimento científico e tecnológico, “para termos a possibilidade de continuar sonhando com um país mais justo”.

Fonte: ABC (texto: Elisa Oswaldo-Cruz para NABC).

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