Plantando água no Quilombo do Levantado: restauração de nascentes e geração de renda à comunidade quilombola
Projeto recebe apoio da Fapeg e Fundação Grupo Boticário e objetiva cultivar espécies frutíferas do Cerrado, gerando mais qualidade de vida à comunidade da região
Letícia Santana, da Assessoria de Comunicação da Fapeg
Fotos: Arquivo Pessoal do pesquisador
Promover a recuperação de áreas degradadas, restaurar nascentes e cultivar espécies frutíferas do cerrado. Esses são os objetivos do projeto “ Plantando água no Quilombo do Levantado”, contemplado no edital 02/2022 – Chamada para o Fortalecimento das Áreas Naturais Protegidas no Nordeste Goiano, uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e a Fundação Grupo Boticário (FGB).
O coordenador do projeto e professor do Instituto Federal de Goiás câmpus Valparaíso, Lucivânio Oliveira Silva, explica que a intenção é que essas ações possam gerar renda à comunidade do remanescente quilombola do Levantado, localizado em Iaciara (Goiás), a 500 quilômetros de Goiânia. “O problema que pretendemos resolver na comunidade quilombola do Levantado é a questão da água, pois eles têm sofrido com a redução do volume de água na região, comprometendo a sua produtividade”, frisa Lucivânio.
Na comunidade de Levantado moram 42 famílias em 627,8 hectares, segundo informações de 2021, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). De acordo com o projeto, a população tem sofrido devido ao agronegócio e atividades mineradoras realizadas próximas à comunidade, o que tem impactado diretamente na perda da vegetação nativa reduzindo o volume de água superficial que os moradores utilizam para sobrevivência.
Andamento do projeto
Foram realizadas reuniões virtuais com a comunidade e os colaboradores do Instituto Federal de Goiás (IFG) de Valparaíso e Formosa; Instituto Federal Goiano (IF Goiano) de Posse; Universidade Estadual de Goiás (UEG) de Formosa; e Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) para alinhar a primeira etapa do projeto. “Alinhamos qual área será utilizada na recuperação, definimos quem ficará responsável pelos workshops que realizaremos na comunidade e programamos o primeiro período de atividades no local para o período de 18 a 21 de maio, quando faremos uma visita ao local a ser recuperado. Também realizaremos oficinas sobre espécies frutíferas do cerrado, agroecologia e produção de mudas de espécies do Cerrado e formas de manejo, bem como iniciaremos a montagem da casa de vegetação e a produção de mudas”. O desenvolvimento de mudas contará com o apoio da equipe da Emater local e estudantes e professores da UEG Formosa e do IFGoiano de Posse e do IFG Formosa.
Os passos seguintes são a preparação do solo, cercamento da área, orientações sobre acompanhamento do desenvolvimento das mudas, além de cursos sobre obtenção de sementes, seleção, armazenamento e comercialização, entre outros. E o último passo será um novo plantio na área, monitoramento das mudas plantadas e quais foram geradas a partir da semeadura direta, monitoramento da qualidade da água, bem como o volume.
O projeto “Plantando água no Quilombo do Levantado” recebeu fomento das duas Fundações no valor de R$ 161.000,00. Lucivânio explica que os recursos serão usados para a montagem da casa de vegetação, insumos e equipamentos necessários para a produção das mudas em maio de 2023. “O recurso será utilizado para a montagem da casa de vegetação para produção de cerca de duas mil mudas por ano, espaço para o armazenamento de sementes para a produção mudas e comercialização, deslocamento, hospedagem e alimentação dos colaboradores e estudantes que participarão e acompanharão o desenvolvimento do projeto”, afirma o professor.
Ele também ressalta que será criado um site da Associação do Levantado e um canal de divulgação de empresas e pessoas físicas que se interessam pelos produtos do Cerrado, bem como dos demais produtos gerados na comunidade. Para Lucivânio, o apoio financeiro da Fapeg e da FGB viabiliza a realização destas iniciativas que têm como missão preservar e recuperar áreas degradadas, “promovendo a restauração de nascentes e manejo adequado de espécies frutíferas do cerrado, para que esta comunidade possa ter melhor qualidade de vida e uma fonte sustentável de renda advinda da recuperação do Cerrado”.
O pesquisador enfatiza a importância desse projeto para Goiás, que servirá de piloto para a implementação de ações semelhantes em outras regiões do Estado que têm tido suas áreas de Cerrado reduzidas, comprometendo o volume de água dos reservatórios. “Sabemos que o bioma Cerrado é responsável pela recarga da maioria bacias hidrográficas do Brasil, contribuindo assim para a manutenção dos recursos hídricos para o Estado e consequentemente para o país”, finaliza Lucivânio.