Pesquisa financiada pela Fapeg utiliza gameterapia em crianças com Síndrome de Down

Projeto, que segue até 2024, adquiriu também eletroencefalograma de R$112.000,00 com fomento do Governo de Goiás, oferecendo exames gratuitos para pacientes.

A população pediátrica portadora de Síndrome de Down com idades entre seis a doze anos vai participar de pesquisa em Anápolis, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg). O estudo busca entender quais são os resultados da Gameterapia no tratamento dos pacientes, quando comparados à fisioterapia convencional.

O projeto envolve doze profissionais que, sob a orientação de Claudia Santos Oliveira, avaliam o uso da Realidade Virtual Não Imersiva (RVNI) através de jogos que treinam tarefas motoras associado à avaliação da análise tridimensional de membros superiores, à destreza manual com a escala box and block e à atividade cerebral com exames de eletroencefalograma.

Estes exames serão feitos no aparelho adquirido com recursos do Governo de Goiás após aprovação no edital de 2019 da Fapeg. O eletroencefalograma antNEURO eego Sport 32 TM canais, no valor R$ 112 mil, chegou em Anápolis este ano e a equipe já passa por treinamento. A fase de coleta de dados com as crianças está prevista para começar em novembro de ano, com atendimentos realizados na Universidade Evangélica de Goiás em parceria com a APAE-Anápolis – que indicará crianças para participar do estudo.

A bolsista da Fapeg do processo seletivo 2022, Lorraine Barbosa Cordeiro, mestranda em movimento humano e reabilitação na UniEVANGÉLICA, conta que o eletroencefalograma é um exame caro para muitas famílias, que acabavam abrindo mão de fazê-lo devido ao custo. “Em Anápolis, este exame custa entre R$ 350 a R$ 450 e nós vamos oferece-lo de forma gratuita. Os resultados serão entregues às famílias participantes, que poderão leva-los aos neurologistas que acompanham as crianças”, explica. Para ela, o financiamento da pesquisa pela FAPEG foi de extrema relevância, uma vez que viabilizou a aquisição do eletroencefalograma, tornando ainda mais completa a pesquisa – assim como as bolsas concedidas, que garantem a dedicação dos pesquisadores neste tema tão relevante. “A FAPEG sem sombras de dúvidas investe de forma admirável na pesquisa goiana, o que nos tem feito ser destaque com publicações de impacto na área”, disse.

A Natália Almeida Carvalho Duarte também trabalha no projeto e é bolsista da Fapeg. Junto à orientadora do trabalho, ela desenhou o estudo, escreveu o projeto e definiu o protocolo que irá ser realizado. Natália também orienta os alunos de mestrado, doutorado e iniciação científica envolvidos, além de realizar treinamentos com a equipe de alunos sobre as técnicas de avaliação e tratamento utilizadas. De acordo com ela, o estudo possui grande relevância para a sociedade. “Trata-se de uma pesquisa clínica translacional, onde o que estudamos tem o objetivo de difundir o conhecimento. Estudamos para tornar possível a reprodutibilidade da aplicação da técnica em clínicas de fisioterapia de todo o mundo”, informa.

METODOLOGIA

Em torno de 20 crianças serão selecionadas em setembro, de acordo com os critérios de inclusão do projeto. O foco principal são crianças de Anápolis, visto que será ofertado um tratamento de 10 sessões.

Este será um ensaio clinico cruzado previsto para seguir até 2024, placebo-controlado e duplo cego, a ser realizado em três etapas. A primeira etapa é de avaliação do paciente, seguida de intervenção da fisioterapia convencional e uma segunda avaliação, que vai verificar a eficácia da terapia (tanto motora quanto a nível de atividade cerebral).

Já na segunda etapa entra a gameterapia, seguindo o mesmo processo de avaliação, intervenção com o jogo em RVNI e avaliação novamente para verificar a eficácia.

A terceira fase do estudo vai analisar todos os dados para checar se a gameterapia, por ter o lúdico uso de dispositivos tecnológicos, gera uma melhor adesão ao tratamento, consequentemente trazendo melhores resultados se comparados à fisioterapia convencional.

A análise do movimento de membros superiores aliada a análise da atividade elétrica cerebral vai fornecer informações clínicas e neurofisiológicas importantes sobre o comportamento da população de Síndrome de Down. “Essa análise completa nos permite entender o padrão de movimento de membros superiores da população estudada e assim poderemos traçar um objetivo terapêutico específico e individualizado para cada participante”, explica Natália.

O uso da estimulação transcraniana por corrente contínua pode otimizar os efeitos da terapia física que será realizada através de um videogame. Os pesquisadores esperam provar que a otimização dos efeitos pode repercutir em uma atividade elétrica cerebral mais “equilibrada” e em uma consequente melhora do padrão de movimento e funcionalidade de membros superiores da população com Síndrome de Down.

Lorraine ainda ressalta que é fundamental o envolvimento da população como um todo para que a pesquisa atinja os resultados esperados. “Por causa da pandemia de covid-19, muitos pacientes de Síndrome de Down deixaram de frequentar a APAE, então contamos com a divulgação do trabalho e indicação por parte de médicos para que consigamos atingir o público-alvo do projeto. “Quanto mais pessoas participando do estudo, maior será a relevância dele e, consequentemente fortalecemos a ciência e levamos mais qualidade de vida para essas famílias”, justifica a pesquisadora.

Governo na palma da mão

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