Pesquisa estuda diferentes respostas imunológicas ao SARS-CoV-2

Resultados vão auxiliar na indicação de melhor tratamento das pessoas infectadas de acordo com suas características clínicas

Pesquisa estuda diferentes respostas
Tempestade de citocinas da Covid-19 (Foto: Wikimedia commons)

Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg

Indivíduos divididos em dois grupos, um com idade entre 20 e 40 anos e outro com 60 a 80 anos, com ou sem comorbidades (hipertensão, obesidade e diabetes) e que não tiveram exposição ao SARS-CoV-2 vão ajudar em uma pesquisa que busca entender a resposta imunitária ao novo coronavírus.

A avaliação da resposta imune utiliza células do sangue periférico que serão infectadas pelo vírus atenuado que foi doado pelo Laboratório de Virologia Clínica e Molecular da Universidade de São Paulo. Os resultados serão comparados entre os indivíduos da mesma faixa etária e características clínicas para entender quais as condições existentes nos indivíduos que conferem pior ou melhor prognóstico para o desenvolvimento da Covid-19, ou seja, identificar as diferenças na resposta imune com melhor ou pior resposta à infecção.

Os resultados dessa pesquisa vão auxiliar na indicação de melhor tratamento e delineamento do tratamento das pessoas infectadas pelo coronavírus de acordo com as suas características clínicas. A pesquisa avalia que, possíveis alterações na expressão da proteína ACE2 podem estar relacionadas a mudanças epigenéticas, por exemplo, e esse trabalho poderá dar subsídios para a busca de fármacos que poderiam modular a expressão ACE2 ou mesmo modular a produção de anticorpos neutralizantes para o SARS-CoV2.

Chamada emergencial covid-19
Foto: Arquivo pessoal.

A pesquisa é coordenada pela professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), farmacêutica e imunologista, Irmtraut Araci Hoffmann Pfrimer. Sob o título “Avaliação da infecção de células de indivíduos de diferentes faixas etárias com ou sem comorbidades pelo SARS-CoV-2 e a consequente produção de anticorpos”, a professora teve seu projeto selecionado em um chamamento feito pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). O chamamento tinha por objetivo identificar projetos de pesquisa e inovação em todas as áreas do conhecimento produzidas no Estado e que pudessem contribuir para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19. Esta iniciativa buscou direcionar os esforços e os recursos para a viabilização de ações estratégicas. A Fapeg fomentará a pesquisa investindo R$ 79.575,00.

Entendendo a pesquisa
Algumas das manifestações clínicas da Covid-19, doença causada pelo SARS-CoV-2, são pneumonia, diarreia, dispneia e nos casos mais graves falência múltipla dos órgãos. A progressão da doença para casos graves é associada à uma resposta imune exacerbada com o aumento de citocinas inflamatórias. Citocinas são proteínas que regulam a resposta imunológica e, a tempestade de citocinas é uma resposta imunológica excessiva do próprio organismo que agrava a doença e pode causar danos ao corpo humano. Os casos mais graves também têm sido associados a indivíduos idosos e aqueles que apresentam comorbidades crônicas como cardiopatia, hipertensão e diabetes. O SARS-CoV-2 infecta e replica principalmente nas células pulmonares. Os casos sintomáticos representam 20% das infecções e 80% das infecções são assintomáticas.

A professora Irmtraut Araci, no entanto, explica que os mecanismos que conferem características de infecções assintomáticas ainda não foram totalmente compreendidos. Este estudo, segundo ela, busca entender a resposta imunitária ao SARS-CoV-2 em indivíduos de diferentes faixas etárias com ou sem comorbidades. Segundo a literatura, as comorbidades podem gerar alterações no metabolismo desencadeando uma série de eventos bioquímicos que resultam no aumento da expressão do gene angiotensin converting enzime-2 (ACE-2). A professora explica que, o ACE2 é um receptor encontrado em vários tipos celulares e que estudos já confirmaram que ele é utilizado pelo coronavírus para infecção celular.

Esse gene é responsável por codificar a proteína na qual o vírus se liga para infectar as células do hospedeiro. “Nosso questionamento é que o aumento da expressão de ACE-2 faz com que essas células sejam mais vulneráveis à infecção pelo SARS-CoV-2 gerando um quadro mais grave da doença. Um outro questionamento é se os linfócitos B dos indivíduos mais jovens respondem melhor quanto a produção de anticorpos em relação aos indivíduos da mesma faixa etária com comorbidades e aos idosos com ou sem comorbidades. Portanto, o objetivo do presente projeto é o de avaliar a infecção de células e produção de anticorpos,” relata a pesquisadora.

O projeto tem um prazo de um ano e meio para execução. Estão previstas quatro etapas: Recrutamento dos indivíduos e preparo das amostras; Avaliação da expressão de ACE 2; Avaliação da fagocitose e Avaliação da produção de anticorpos e análise dos resultados. Para confirmar se os indivíduos participantes tiveram ou não covid-19 para dar início aos trabalhos da pesquisa, serão feitos, previamente, testes rápidos e PCR em tempo real.

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