Especial PPSUS: Pesquisa avalia osteoporose e riscos de fraturas em homens HIV positivos
Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação Social da Fapeg
Estima-se que 600.000 pessoas com HIV estão em tratamento na rede pública, no Brasil. Desde 1996, os medicamentos utilizados para controlar o vírus HIV – os medicamentos antirretrovirais – são distribuídos gratuitamente, o que, aliado ao trabalho de detecção precoce da doença, tem proporcionado uma melhora importante na qualidade de vida (menos infecções oportunistas) e no tempo de sobrevida das pessoas vivendo com HIV/aids, no mundo. Entretanto, as pessoas vivendo com HIV têm apresentado doenças não infecciosas mais frequentemente do que a população geral. Estudos apontam um maior risco de problemas metabólicos tais como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares.
Pesquisa coordenada pela professora Dra. Marília Dalva Turchi, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), está avaliando a frequência de osteoporose e o risco de fraturas em homens HIV positivos em tratamento na rede pública de saúde – SUS. Normalmente, os homens apresentam baixo risco de osteoporose antes dos 70 anos de idade, mas os estudos apontam que o risco de osteoporose parece ser maior e acontecer mais cedo entre os homens HIV positivos, em relação à população geral.
O projeto de pesquisa é um entre os 29 selecionados pela Chamada Pública nº 12/2013 no âmbito do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS): Gestão Compartilhada. O PPSUS tem por objetivo apoiar atividades de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação que promovam a formação de recursos humanos qualificados e a melhoria da qualidade de atenção à saúde no contexto do SUS. A chamada é uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) com o Ministério da Saúde, Secretaria Estadual da Saúde e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Elevada perda óssea
Os estudos foram feitos com a participação de 160 homens soropositivos com idade maior ou igual a 40 anos em tratamento com antirretrovirais há pelo menos um mês e em acompanhamento no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) da Secretaria de Estado da Saúde ou no Hospital das Clínicas da UFG. Inicialmente, as pessoas que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam um questionário sobre hábitos de vida (tabagismo, álcool, atividades físicas etc.) e sobre uso de medicamentos.
Segundo Marília Turchi, até o momento, 140 homens soropositivos foram avaliados – responderam o questionário e já fizeram os exames propostos (densitometria óssea para avaliar a presença de osteoporose e exame de sangue (cálcio, vitamina D e outros). Resultados parciais mostraram uma prevalência elevada de perda da densidade mineral óssea entre os homens HIV soropositivos, após os 40 anos. Segundo a professora, essas pessoas apresentam risco aumentado de fraturas não traumáticas, em idade mais precoce que a população geral em futuro próximo.
A prevalência de osteopenia foi de 40,4% (IC95% 31,6-49,6) e de osteoporose 16,7% (IC95%107-24,4). A deficiência de vitamina D foi evidenciada em 11,4% (IC95% 6,5 a 18,3) dos pacientes. Ela destaca que a idade dos participantes não foi preditor de risco para redução da densidade óssea, ao contrário do esperado para a população geral.
Qualidade de vida e redução de custos
A professora acredita que o número de pessoas com HIV em tratamento na rede pública, no Brasil, deve aumentar nos próximos anos, pois, segundo ela, existe uma meta para ampliar a detecção precoce e o tratamento antirretroviral, no SUS. Para Marília Turchi, o estudo realizado por ela e sua equipe permitirá dimensionar a frequência de osteoporose em pessoas vivendo com HIV e em tratamento na rede pública. A identificação de fatores associados à redução precoce da densidade mineral óssea e as estimativas do risco de fratura em 10 anos, contribuirão para definição de estratégias de triagem e para dimensionar as necessidades de recursos, no SUS, para atender essa clientela (prevenção e tratamento da osteoporose).
“As fraturas por osteoporose, sobretudo do quadril e cabeça de fêmur, apresentam custo social e econômico muito alto. Evitar fraturas não traumáticas (fraturas por osteoporose) é essencial para manter os ganhos de qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/aids e reduzir custos”, comenta a professora.
A pesquisa teve início em novembro de 2014. Foram destinados recursos da ordem de R$ 100.000,00 para a execução do estudo. Totalmente financiado pelo edital PPSUS/Ministério da Saúde/Fapeg, a pesquisa teve apoio da infraestrutura da UFG. Participam do projeto, docentes do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG e alunos de graduação e pós-graduação (doutorado).
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