Pesquisa avalia adesão da população às medidas recomendadas pela OMS para conter a Covid-19

Avaliar até que ponto as medidas restritivas que estão sendo recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas autoridades de saúde locais para tentar conter a rápida disseminação do coronavírus estão sendo seguidas pela população. Este é o objetivo de um projeto internacional coordenado pelo professor Robert Colebunders, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, e que, no Brasil é coordenado pela professora Edlaine Faria de Moura Villela, da Universidade Federal de Jataí, Doutora em Epidemiologia pela Faculdade de Saúde Pública da USP/SP.

Os trabalhos contam atualmente com a participação de 20 países. Trata-se do estudo populacional para avaliar a adesão às medidas de saúde pública e seu impacto na pandemia de Covid-19. O projeto está sendo executado por um consórcio internacional de cientistas da Ásia, África, América do Sul, Estados Unidos e Europa.

Edlaine Villela e Robert Colebunders realizam conjuntamente projeto de pesquisa sobre oncocercose (doença parasitária causada por infestação de vermes nematódeos) fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) no Edital ERC-Confap-CNPq Call 2019. O projeto foi interrompido por conta da pandemia do novo coronavírus, que criou oportunidade para esse novo estudo.

No Brasil
A coordenadora do projeto no Brasil explica que para saber o que pensam os brasileiros sobre o tema foi disponibilizado no dia 3 de abril de 2020, um questionário onde a população é estimulada a responder as perguntas como forma de contribuir para a ciência, a qual tem buscado compreender e gerenciar a pandemia atual. O estudo quer saber se as ações adotadas para o combate ao coronavírus serão seguidas pela população, que pela primeira vez, em escala global, se depara com medidas restritivas.

A participação na pesquisa é voluntária e nenhum nome ou informações pessoais são solicitadas. Os dados obtidos serão armazenados anonimamente e serão utilizados para entender a viabilidade e a efetividade da implementação de medidas preventivas para o coronavírus nos níveis individual e nacional. No Brasil, 20 mil pessoas já responderam os questionários, afirma Edlaine Villela.

As informações serão coletadas em intervalos regulares para monitorar possíveis mudanças de comportamento, e os indicadores de baixa adesão geral ou em grupos populacionais específicos. Os resultados serão comunicados às autoridades de saúde para que intervenções direcionadas possam ser desenvolvidas e implementadas.

Este questionário permanece on-line apenas até o dia 9 de abril. No dia 23 de abril haverá uma nova chamada para participação na pesquisa. Algumas questões serão repetidas, outras modificadas, a depender dos resultados preliminares. O protocolo e o questionário desta pesquisa baseiam-se em um inquérito populacional sobre o novo coronavírus realizado na Bélgica, explica a professora.

“Queremos compreender como os brasileiros estão aderindo às medidas de prevenção e controle para dar suporte no momento de escolha de estratégias efetivas de prevenção pelas autoridades sanitárias, visando reduzir a transmissão da doença, a “sobrecarga” no sistema de saúde, e por fim, “achatar a curva” até que seja possível o desenvolvimento de vacina ou outra forma de tratamento para a Covid-19,” explica Edlaine Villela.

Países participantes
A pesquisa conta com a participação de 20 países: Brasil: Universidade Federal de Jataí, Faculdade de Medicina, Unidade de Ciências da Saúde; Camarões: Brain Research Africa Initiative (BRAIN); Equador: Universidad de Cuenca, Facultad de Ciencias Medicas; Peru: Ministério da Saúde; Mali: Universidade de Bamako, Faculdade de Medicina e Odontostomatologia, Centro Internacional de Excelência em Pesquisa; Gana: Universidade de Gana, Departamento de População, Família e Saúde Reprodutiva; Gâmbia: Unidade MRC Gâmbia na LSHTM Fajara; República Democrática do Congo: Universidade de Kinshasa, Departamento de Medicina Tropicale; Sudão do Sul: AMREF Health Africa; Uganda: Universidade Makerere, Faculdade de Ciências da Saúde, Escola de Saúde Pública; Tanzânia: Instituto Nacional de Pesquisa Médica Tanga; Burundi: Universidade do Burundi, Faculdade de Medicina.

E ainda, Zâmbia: Universidade da Zâmbia, Escola de Saúde Pública, Centro de Pesquisa de Doenças Tropicais; Malaui: Projeto UNC Lilongwe e Universidade da Carolina do Norte (EUA), Faculdade de Medicina; Moçambique: Institutio Nacional de Saúde; África do Sul: University of Witwatersrand, Ezintsha; Índia: Universidade Shiv Nadar, Faculdade de Ciências Naturais, Departamento de Matemática; Tailândia: Universidade Mahidol, Instituto ASEAN para o Desenvolvimento da Saúde; Taiwan: Faculdade Nacional de Medicina da Universidade de Taiwan, Taipei; Vietnã: Universidade de Medicina e Farmácia Hue, Faculdade de Saúde Pública, Instituto de Pesquisa em Saúde Comunitária; e Bélgica: Instituto de Medicina Tropical, Antuérpia e Instituto Global de Saúde, Universidade de Antuérpia.

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