Número de pesquisadores no Brasil chega a quase 200 mil
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou no final de dezembro os resultados do novo Censo do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGP).
A boa notícia é que, em comparação com 2014, o número de pesquisadores em atuação no Brasil aumentou 11%, e o número de grupos de pesquisa, 6%. E é bom que continuem aumentando mesmo, pois o número de cientistas no Brasil ainda é muito pequeno, proporcionalmente ao tamanho da nossa população.
A má notícia é que, no mesmo período, a quantidade de recursos disponível para esses cientistas fazerem pesquisa nas universidades e institutos federais só diminuiu. Ou seja, temos mais gente, para muito menos dinheiro. Cresceu a demanda, mas diminuiu a oferta, como mostram os números dos orçamentos do próprio CNPq, Finep e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC). Em valores corrigidos, o orçamento do MCTIC em 2016 (R$ 4,597 bilhões) foi cerca de 50% menor do que em 2014 (R$ 8,943 bilhões).
Ainda dá para fazer boa ciência no Brasil, com menos dinheiro? Claro que dá, mas em menor escala. Alguém vai ter de sair perdendo nessa história: Ou vai todo mundo receber menos (e portanto produzir menos), ou será necessário fazer escolhas que privilegiam alguns em detrimento de outros — por exemplo, dar mais dinheiro para alguns grupos de excelência ou temas específicos, em detrimento de outros temas ou grupos mais insipientes, que perderão a oportunidade de se desenvolver.
A culpa é da crise econômica? Em parte, sim; mas é também resultado de uma falha estratégica. Ao longo dos últimos anos o governo federal investiu pesado na expansão do ensino superior e na formação de recursos humanos, mas não aumentou na mesma proporção os investimentos em ciência, tecnologia e inovação. O resultado é uma massa crescente de cientistas que têm cada vez menos dinheiro para fazer o que foram treinados para fazer: ciência!
O governo federal e o MCTIC estão, finalmente, conseguindo pagar as dívidas que tinham pendentes com a comunidade científica — incluindo a Chamada Universal 2014 e a chamada do novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). Mas as perspectivas para 2017 são pouco animadoras. Tirando talvez o Estado de São Paulo, onde a situação é “menos ruim” por conta da Fapesp, vai ser um ano de vacas magras para todo mundo.
Na verdade, não só 2017, mas os próximos 20 anos, visto que a PEC do Teto congela o orçamento federal nos níveis atuais pelas próximas duas décadas. O orçamento de ciência e tecnologia até poderá crescer nesse período, mas só se o governo diminuir o orçamento de outros ministérios para isso.
Fonte:: O Estado de S. Paulo