“Não tenho dúvida que a FAPEG teve um papel enorme no avanço da pesquisa aqui em Goiás nos últimos anos e espero que continue a ter”, afirma professor Felizola

Professor José Alexandre Felizola Diniz Filho coordena o INCT EECBio da UFG e alcançou a segunda colocação nacional e a 513ª mundial na subárea de Ecologia em classificação internacional de pesquisadores da Scopus

Professor José Alexandre Felizola Diniz FilhoA produção científica em Goiás tem alcançado êxito. No início de novembro foi divulgada uma lista de classificação internacional de pesquisadores, proposta por John Loannidis e colaboradores, a partir da base de dados do Scopus, um importante banco de informações bibliográficas. Na análise foram calculadas métricas de impacto da produção científica para quase 7 milhões de autores de artigos científicos de todo o mundo. Uma matéria mais detalhada sobre o ranking pode ser lida no link. Entre os pesquisadores de maior impacto no Brasil estão oito professores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Em destaque está o professor José Alexandre Felizola Diniz Filho ocupando a segunda colocação na subárea de Ecologia no Brasil, além das posições 40, entre os 600 brasileiros da lista, e 513 do total de pouco mais de 48 mil pesquisadores da subárea de Ecologia no mundo. Para falar sobre a classificação internacional, o caminho do pesquisador e a parceria entre pesquisa e governo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) entrevistou o professor José Alexandre Felizola Diniz Filho, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT EECBio) da UFG.

FAPEG: Quais são os passos necessários para que o jovem doutor consiga a excelência?

FELIZOLA: Inicialmente, é importante pensar na dedicação, sem sombra de dúvida, tem muito trabalho e muito esforço envolvido em tudo isso. A atividade de pesquisa no Brasil é muito árdua, especialmente nos últimos tempos, com todos os cortes de financiamento, redução no número de bolsas e desestímulo geral causado pelo aumento do negacionismo e da pseudociência no Brasil e em alguns lugares do mundo. Isso cria um desestímulo sério, é preciso superar tudo isso. Além disso, um ponto importante é se concentrar em uma área de pesquisa que a pessoa realmente goste, que seja um prazer trabalhar com esse tema, que seja algo que desperte a curiosidade natural do pesquisador. Também não podemos esquecer as parcerias, ninguém faz ciência sozinho hoje em dia.

FAPEG: Como o senhor vê esse reconhecimento internacional da qualidade da produção científica feita pelo Brasil, pela UFG e mais, especificamente, para o ICB?

FELIZOLA: De novo, é fruto de muita dedicação, trabalho e colaboração nacional e internacional. Como grupo, sempre investimos muito tempo e energia na formação de novos estudantes e pesquisadores e sempre buscamos acompanhar o que estava sendo feito de mais novo e de mais inovador no Brasil e no mundo. Em termos de reconhecimento, de modo geral, acho que nesse momento tão difícil pelo qual estamos passando, não podemos esquecer que a maior parte dos pesquisadores na lista são docentes em Universidades Públicas! As pessoas precisam entender que ciência é a base do desenvolvimento e que, no Brasil (e de fato em todo o mundo), há muito investimento público em ciência e nas universidades. Não dá para ignorar isso.

FAPEG: Qual a importância desse tipo de reconhecimento para um pesquisador? Como o senhor se sente sendo um dos pesquisadores de destaque dessa lista?

FELIZOLA: Como disse, é muito bom, claro, tanto em termos individuais quanto como grupo. Principalmente como grupo!

FAPEG: Qual a importância de fundações, agências de fomento à pesquisa como a Fapeg para a produção de conhecimento científico em Goiás e no Brasil?

FELIZOLA: Não é possível fazer ciência sem recursos, então as agências são fundamentais. Há muito pouco interesse da iniciativa privada em investir em ciência, especialmente em ciência básica, porque é um investimento cujo retorno é incerto e, às vezes, de longo prazo. No Brasil as empresas não têm interesse ou possibilidade disso, com raríssimas e honrosas exceções. Então, é papel do Governo mesmo. No nível nacional, temos o CNPq e a CAPES, além da FINEP, mas à medida que o sistema aumenta as fundações estaduais, como a FAPEG, passam a ser super importantes! E não tenho dúvida que a FAPEG teve um papel enorme no avanço da pesquisa aqui em Goiás nos últimos anos, e espero que continue a ter.

FAPEG: Por que a excelência de pesquisadores e Programas de Pós-Graduação devem ser também prioridades de um governo estadual?

FELIZOLA: O ponto é que, apesar da ciência estar sempre ligada, no imaginurium popular, aos equipamentos caros e técnicas complicadas, o que de fato importa são os cérebros por trás de tudo isso. E precisamos formar bem os pesquisadores, daí a importância de um sistema consolidado de pós-graduação e a necessidade de apoiar fortemente a manutenção dos estudantes de mestrado e Doutorado – que de fato já são profissionais, já terminaram sua graduação, poderiam estar trabalhando, mas decidiram continuar se aprimorando e investindo na sua formação. E no Brasil, uma boa parte, digamos mais de 90%, da pesquisa científica e tecnológica é feita associada aos cursos de pós-graduação.

FAPEG: Quais programas a Fapeg deve investir para aumentar excelência de pesquisadores e também dos Programas de Pós-Graduação?

FELIZOLA: Acho que o ponto fundamental, neste momento de crise, é manter os jovens pesquisadores. Eu investiria o máximo possível em bolsas de formação e de fixação até que o mercado de trabalho possa voltar a absorver pelo menos uma parte desses pesquisadores jovens. Se não fizermos isso, temos um enorme risco de “fuga de cérebros”, tanto do Estado quanto do Brasil.

INCT
A parceria entre o Governo de Goiás, através da Fapeg, e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT EECBio) da UFG tem estruturado uma rede com mais de 150 pesquisadores de Goiás na busca da liderança de estudos sobre biodiversidade. Para isso, tem fomentado a ciência em campos estratégicos investindo em novas tecnologias de análise e obtenção de dados, além de aspectos teóricos inovadores. Recentemente a Fapeg detalhou a parceria com a universidade em uma matéria, que pode ser lida no link.

 Fonte: Assessoria de Comunicação Fapeg

 

 

 

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