Na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia Fapeg destaca projetos fomentados para preservação do Cerrado

A edição da Semana deste ano traz como tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Um dos maiores investimentos da Fapeg nesta temática é o Araguaia Vivo: Programa para conservação e sustentabilidade da bacia do Rio Araguaia. São projetos que, direta ou indiretamente, cuidam da preservação do nosso Cerrado

Nesta Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que acontece de 14 a 20 de outubro, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), principal órgão público fomentador de pesquisas científicas, tecnológicas e inovação no Estado, destaca alguns de seus investimentos e apoios realizados em forma de convênios, projetos e bolsas no âmbito do tema da SNCT que é “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais.” Os acordos foram firmados dada à necessidade e urgência em reconhecer, proteger e valorizar as riquezas da biodiversidade dos biomas do Estado, especialmente o Cerrado.

O presidente da Fapeg, Marcos Arriel, ressalta que o apoio da Fapeg aos projetos de proteção e conservação do bioma Cerrado reforça o compromisso da instituição com o avanço da ciência e tecnologia para a promoção do desenvolvimento sustentável e com a melhoria da qualidade de vida das pessoas. “ Os legados destes programas serão refletidos na construção de políticas públicas mais eficientes com base no conhecimento científico, no desenvolvimento sustentável, na conscientização pública para a preservação do nosso bioma Cerrado, na formação de recursos humanos, no desenvolvimento de novas tecnologias, metodologias e protocolos, no compartilhamento de experiências de cientistas de diversas áreas do conhecimento, em parcerias estratégicas com inúmeras instituições, e principalmente, vamos contribuir para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações”.

Araguaia Vivo
No final de setembro, a Fapeg recebeu o relatório contendo o balanço do primeiro ano de atividades do projeto Araguaia Vivo 2030: Programa para conservação e sustentabilidade da bacia do Rio Araguaia (de 08/2023 a 07/2024). Até julho de 2026 a Fapeg terá investido um total de R$ 15.954.000,00 no projeto. A planície de inundação do rio Araguaia é uma das mais importantes planícies alagáveis brasileiras, inserida quase que em sua integridade no bioma Cerrado, com uma pequena inserção na região Amazônica em sua porção norte, e vem sofrendo um ativo processo de degradação ambiental provocado por atividades de desmatamento, mineração, erosão, sedimentação do canal e da planície aluvial.

A bacia apresenta uma área de drenagem de aproximadamente 386.765 km2. Essa região engloba 145 sedes municipais, com uma população de mais de 1,5 milhão de pessoas. A bacia serve como um importante e extenso corredor ecológico e cria conexões entre populações de várias espécies, conectando diferentes ecossistemas desde o Pantanal até a Amazônia. Assim, representa uma enorme importância no contexto de segurança hídrica para o Estado, para a região Centro-Oeste e para o Brasil.

O programa Araguaia Vivo 2030, surgiu de uma parceria entre a Fapeg e a Aliança Tropical de Pesquisa da Água (TWRA – Tropical Water Research Alliance, na sigla em inglês) que é uma organização social multi-institucional sem fins lucrativos que visa ampliar a cooperação internacional entre Brasil e Austrália. Tem em sua coordenação geral a bióloga, Dra. Mariana Pires de Campos Telles (PUC Goiás e UFG) e vem se consolidando a partir da sinergia com diversos outros projetos e programas de várias instituições de Goiás e de outros estados. O Araguaia Vivo propõe uma avaliação e caracterização ambiciosas da bacia do rio Araguaia, considerando sua biodiversidade e condições ambientais, em amplas escalas espaciais e temporais, desenvolvendo protocolos e utilizando metodologias inovadoras para guiar, com base em evidência científicas, políticas integradoras que permitam a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais da bacia, estimulando o desenvolvimento socioeconômico da região em longo prazo.

A professora Mariana entende que “a Fapeg é pioneira e visionária ao apoiar esta iniciativa que coloca pessoas de diferentes áreas da ciência para trabalhar em conexão e em uma escala tão grande que vai possibilitar contribuições relevantes para uma das maiores bacias hidrográficas do Brasil. Só assim a gente consegue fazer a diferença no final de um programa de pesquisa. Sem esse financiamento robusto a gente não conseguiria desenvolver um trabalho desta magnitude”. Segundo ela, as ações de monitoramento e síntese das informações utilizarão tecnologias de ponta com soluções inovadoras, incluindo monitoramento da biodiversidade por eDNA (DNA ambiental), tecnologias avançadas de sensoriamento remoto e mapeamento, monitoramento por drones, modelagem espacial dinâmica e hidrológica para utilização e projeção da utilização de recursos e segurança hídrica, levando à aplicação de métodos de otimização para planejamento sistemático em conservação de ecossistemas.

Um dos aspectos centrais do programa “Araguaia Vivo 2030” é a realização de grandes expedições periódicas (anuais) ao longo do Rio Araguaia e seus principais afluentes, para coletar informações ecológicas e interagir com as comunidades locais em programas de educação científica e conscientização ambiental. Paralelo às longas expedições, acontecem diversas expedições menores durante o ano, para realizar atividades em diferentes comunidades ao longo da Bacia do Araguaia, para análise e avaliação do turismo de pesca esportiva, coletas botânicas, da fauna, de solos, e limnológicas em riachos de outros pontos da bacia em uma escala geográfica mais ampla, para obtenção e análise de dados da literatura por meio de modelagem e aplicação de tecnologias de sensoriamento remoto.

O programa está sendo coordenado e executado por uma equipe de pesquisadores sediados na PUC Goiás, UFG, UnB, UFPR, UVV, UniRio, UEG, IF Goiano, UFJ, EMBRAPA, UNICAMP e UNISINOS, com apoio de pesquisadores e bolsistas de execução em diferentes categorias, além de discentes de graduação, mestrado e doutorado e pós-doutores

Mais apoios
1- A Fapeg e a Fundação Grupo Boticário são parceiras em editais que fomentam ações de grande relevância e impacto local e regional para o Cerrado, que visam reduzir os efeitos da urbanização acelerada e que auxiliam na conservação da biodiversidade. São selecionados projetos que apontam soluções para a conservação do Cerrado como a redução de pressão sobre espécies e habitats, a preocupação com a redução de focos de incêndios no Cerrado, o fortalecimento das cadeias produtivas de frutos nativos do Cerrado.

2- Goiás conta com três sítios do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração ( PELD ) financiados pela Fapeg e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Peld Cema (Cerrado e Mata Atlântica), o EBMN (Biodiversidade em Paisagens Fragmentadas) e o Emas (no Parque Nacional das Emas). Os estudos são focados nos ecossistemas goianos, sua biodiversidade, processos naturais e os efeitos dos impactos antrópicos e das mudanças ambientais sobre o funcionamento desses ecossistemas. Essas pesquisas de longa duração são essenciais para investigar as relações entre biodiversidade, o funcionamento dos ecossistemas, a saúde pública e o bem-estar humano. É ainda de extrema relevância para a formação de recursos humanos e consolidação dos programas de pós-graduação em Ecologia e áreas afins.

3- Legado Verdes do Cerrado é uma iniciativa da Fapeg em parceria com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e com a empresa Reservas Votorantim Ltda que tem como objetivo contribuir para a conservação da biodiversidade no âmbito da Reserva Legado Verdes do Cerrado, no município de Niquelândia. Pela Chamada, a Fapeg colaborou com a formulação e implantação de projetos de pesquisa com capacidade de impactar com soluções práticas a preservação do bioma Cerrado.

4- Também em parceria com o CNPq, a Fapeg desenvolve o Programa de Apoio a Projetos de Pesquisas para a Capacitação e Formação de Recursos Humanos em Taxonomia Biológica ( Protax ), que tem o objetivo de apoiar projetos de pesquisa que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no Brasil, através da formação de recursos humanos especializados na área da Taxonomia Biológica envolvendo grupos botânicos, zoológicos ou microbiológicos, com destaque para as pesquisas destinadas ao conhecimento dos micro-organismos (fungos e bactérias), importantes para resolução de questões relativas à saúde humana e ambiental.

5- Quatro centros de excelência fomentados pela Fapeg também atuam com pesquisas na vertente de preservação do Cerrado, o Cebio (Centro de Excelência em Bioinsumos) se destaca pelo desenvolvimento de bioinsumos para pequenos produtores; o Ceagre (Centro de Excelência em Agricultura Exponencial) foca em soluções agrícolas sustentáveis; o Cethes (Centro de Excelência em Hidrogênio e Tecnologias Energéticas Sustentáveis) desenvolve pesquisa para promover a sustentabilidade; e o Cempa Cerrado (Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado) trabalha na preservação ambiental e biodiversidade.

6- Pela chamada pública Mulheres em STEM , a Fapeg está fomentando o projeto Biodiversidade do Cerrado e Popularização da Ciência, que tem como objetivo consolidar uma rede de pesquisa coordenada por mulheres que pesquisam sobre a biodiversidade e conservação do Cerrado. A partir dos dados gerados pelos projetos, as pesquisadoras esperam aumentar a compreensão sobre os padrões de diversidade do Cerrado para assim subsidiar ações futuras de proteção, manejo e conservação desse importante hotspot de biodiversidade.

7- Outras parcerias, com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ) e com a Capes também financiam projetos na área de preservação do cerrado brasileiro, além das inúmeras bolsas e projetos existentes alinhados à temática e aos ODS da ONU

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