Mulheres pesquisadoras participam da Roda de Conversa com sugestões para elaboração de editais da Fapeg
O auditório do Hub Goiás – Centro de Excelência em Empreendedorismo Inovador, no setor Leste Universitário, ficou lotado de mulheres pesquisadoras nesta sexta-feira, 4. Atendendo a um convite feito pelo Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) elas participaram da Roda de Conversa Goianas na Ciência e na Inovação organizado com o objetivo principal de ouvir propostas e sugestões para a construção coletiva de editais com foco no estímulo de uma maior participação feminina na ciência, em especial nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (STEM). As chamadas estão previstas para este segundo semestre.
Esta é uma das iniciativas que compõem um programa maior do Governo de Goiás, o Programa Goianas na Ciência e Inovação, lançado em 17 de maio deste ano pela Secti e Fapeg, com o apoio do Gabinete de Políticas Sociais, com o objetivo geral de promover políticas de simetria para estimular o ingresso de meninas e mulheres na ciência, tecnologia e inovação no Estado de Goiás por meio de projetos em várias áreas que busquem atender às diversas faixas etárias.
Abertura
A subsecretária de Inovação e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, Sheila Oliveira Pires, representando o secretário José Frederico Lyra Netto, de Ciência, Tecnologia e Inovação contou um pouco da sua história pessoal e profissional e destacou a importância do evento para estimular a participação das mulheres de forma a contribuir na elaboração de diretrizes, políticas públicas e editais e assim legitimar suas necessidades.
O presidente da Fapeg, Robson Domingos Vieira (que estava presente no evento), conferiu voz à diretora de Gestão Integrada da Fapeg, Lorena Raquel Feliciano de Faria Peixoto na abertura. Ela deu as boas-vindas e agradeceu a presença de todas e explicou sobre o objetivo do evento: ouvir sugestões para prospecções visando atender as mulheres no âmbito da academia e da ciência com a elaboração de editais. Apresentou alguns números de alguns editais lançados pela Fapeg que demonstram o crescimento da participação feminina na ciência. No edital de concessão de Bolsas de formação em mestrado e doutorado, em 2021, de um total de 316 solicitações de bolsas, 196 mulheres foram selecionadas, o que representa 62%. Em 2022, de 147 propostas, 90 foram obtidas por mulheres, ou seja, 61,2%, e neste ano, das 162 propostas de bolsas, 95 foram conquistadas por mulheres, com um índice de 58,6%. Já o edital para Apoio à Realização de Eventos lançado neste ano de 2023, que contou com 60 propostas, 42 selecionadas foram do sexo feminino (70%) e 18 homens (30%).
A gerente de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação da Subsecretaria de Formação de Talentos e Transformação Digital da Secti, Anna Dutra, participou representando o subsecretário de Formação de Talentos e Transformação Digital, Robert Bonifácio da Silva. Ela falou um pouco do Programa Goianas na Ciência e Inovação, que traz em seu escopo sete projetos entre eles o lançamento de editais pela Fapeg para estimular as mulheres goianas na área de pesquisa em inovação, inclusão e tecnologia
Em seguida palestras das pesquisadoras Bárbara Cagliari Lotierzo, do British Council; Carolina Horta Andrade (UFG); e Marta Pereira da Luz ( PUC Goiás), que também fizeram a mediação dos debates.
Bárbara Cagliari fez uma apresentação sobre o British Council, uma agência do Reino Unido para relações culturais e educacionais e em especial o trabalho que a instituição realiza no Brasil como internacionalização da pesquisa, festivais, arte e cultura com olhar na sustentabilidade e sobre a ferramenta Marco Referencial para Igualdade de Gênero e Mulheres. Falou ainda sobre o trabalho específico de desenvolver vínculos entre mulheres e meninas nas ciências STEM nos âmbitos individual e institucional BR/UK para transformar padrões de influência e fortalecer esquemas de liderança e gênero em STEM.
Com o tema Lugar de mulher é … em todo lugar!! a professora pesquisadora Carolina Horta comentou sobre fatos, desafios, mitos e ações no que diz respeito à mulheres na ciência. Falou ainda sobre a representatividade feminina no meio científico, a distribuição equivalente por gênero de mestres e doutores no Brasil, enquanto que na pirâmide, os números que apontam as mulheres ocupando posições de liderança em agências e empresas, no topo da carreira científica e acadêmica, e nas áreas de STEM, Inteligência Artificial, são minoria e subrepresentadas. “Ainda há longo caminho a ser percorrido na Ciência e na Sociedade para alcançar a igualdade de gênero,” destacou apontando a necessidade de ações como formação de redes, identificação das barreiras que as mulheres passam e a elaboração de políticas públicas fortes e eficientes.
A professora Marta da Luz também trouxe o tema Inclusão e equidade de gênero na ciência: Desafios e Oportunidades apresentando estatísticas da representatividade das mulheres na base e no topo da pirâmide. Falou de preconceitos e estereótipos e da necessidade de chamadas e ações específicas para recuperar um prejuízo histórico que as mulheres sofrem no campo da ciência e pesquisa provocado pela sociedade patriarcal, principalmente brasileira.
Editais
Ao final, além das propostas apresentadas pelas participantes do bate-papo, também serão compiladas as sugestões colhidas nos formulários preenchidos pelas pessoas que se inscreveram para acompanhar o evento e serão encaminhadas para a composição dos editais. As participantes que estavam no auditório falaram de suas conquistas, dos obstáculos enfrentados e as perspectivas para as mulheres na ciência.
O novo formato de construção de editais adotado pela Fapeg propõe ouvir pesquisadoras atuantes em instituições de ensino superior e pesquisa no Estado para conhecer suas demandas, dificuldades e carências, discutir e colher proposituras que subsidiem os conteúdos dos editais.