Instituições públicas de ensino superior discutem novas diretrizes para formação de professores
Na manhã desta quinta-feira (3/12), professores e alunos dos cursos de licenciaturas de universidades e institutos federais do Estado de Goiás se reuniram no auditório da Escola de Engenharia da UFG em um seminário para discutir as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores. O evento foi promovido pelo Fórum de Pró-reitores de Ensino e Graduação das Instituições Públicas de Ensino Superior de Goiás e contou com a participação de representantes da UFG, Universidade Estadual de Goiás (UEG), Instituto Federal de Goiás (IFG) e Instituto Federal Goiano (IFGoiano) que acompanharam mesa-redonda sobre o assunto.
As novas diretrizes curriculares foram aprovadas neste ano pelo Conselho Nacional de Educação e sancionadas pelo Ministério da Educação com o objetivo de repensar a questão da formação e conferir a ela maior organicidade, tendo em vista a complexidade da educação escolar. Para a professora da Faculdade de Educação e presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Maria Margarida Machado, uma das participantes da mesa, muito do que as novas diretrizes trazem não são novidade para quem trabalha com a formação docente, mas existem desafios ainda não superados incitados pelas diretrizes anteriores que devem ser enfrentados conjuntamente pelas diversas áreas das licenciaturas e pedagogia e pelas instituições formadoras a partir de estratégias comuns. Segundo a professora, o trabalho em conjunto com o intuito de atender a concepção de docência incentivada pela política é um dos desafios dos professores diante do nível de isolamento das instituições de ensino atualmente.
Outra das questões abordadas pela professora e reforçada pela política é a necessidade não só da formação inicial, mas também continuada dos professores, de forma que o aprendizado adquirido na universidade se encontre com o que terão durante a experiência nas escolas. “Não há de se esperar que se forme um trabalhador da educação somente com a experiência da universidade. Nossa categoria não pode lidar com a profissão sem entender que nós não paramos de aprender nunca”, defendeu.
Para além da formação continuada, Maria Margarida Machado considera que a orientação de articulação entre teoria e prática nas licenciaturas vem abrir um espaço para inserção da interdisciplinaridade no campo educacional, o que pode ser aproveitado no momento de revisão dos Projetos de Pedagógicos dos Cursos e com a mudança da carga horária das licenciatura, uma das novidades trazidas pelas diretrizes, que passa de 2.800 horas para 3.200 horas. “Temos que ter ousadia de fazer mais experiências nos nossos planos curriculares, pois assim conseguiríamos tirar do papel essa relação da entre teoria e prática”, acredita. Também é um dos aportes da política o papel estratégico das instituições educativas nas diferentes etapas e modalidades do aprendizado. Entretanto, Maria Margarida Machado também acredita que seja importante que as diretrizes apontem caminhos para pensar uma educação que se volte à complexidade das escolas em suas diversas realidades, o que inclui desde os estudantes jovens até os idosos.
Interdisciplinaridade
Um dos principais pontos discutidos pelo representante do Conselho Estadual de Educação de Goiás e professor aposentado da UFG, Antônio Cappi, foi a interdisciplinaridade. Segundo o professor, a questão tem sido tratada ainda com timidez nas novas diretrizes curriculares, sendo que para ele o trabalho integrado entre as várias áreas do conhecimento é uma tendência que deve partir das próprias instituições para a construção de uma nova cultura formadora. “O problema da resolução é que ela não tem a coragem de inovar colocando a interdisciplinaridade como obrigatória nos currículos”, avaliou.
Também enxerga como uma deficiência nas diretrizes a ausência da dimensão pedagógica nas instituições sobre o aprendizado do ensino, objetivo principal das licenciaturas. “Ensinar a ensinar é um problema institucional que deve permear todas as matrizes e componentes curriculares das licenciaturas”, argumentou. Antônio Cappi considera ainda a importância da inserção das tecnologias de informação e comunicação nas salas de aula, tendo em mente que, diferentemente do apontado na resolução, a web não é uma ferramenta simples de utilização nas escolas, mas que o professor deve se capacitar para inseri-las no aprendizado, buscando sempre novas formas de aplicação. Um exemplo seria conhecer as informações que estão circulando na internet e estabelecer um crivo de credibilidade para que os alunos possam acessar informações corretas em suas pesquisas.
Fonte : Ascom UFG.