Indústria 4.0 é retratada em palestra
Imagine uma indústria inteligente, capaz de produzir o que você precisa de forma personalizada a partir de um único clique do conforto de seu lar. Essa indústria já existe e tem nome. A Indústria 4.0 foi retratada em palestra realizada na terça-feira, dia 6, pelo engenheiro de computação e professor André Márcio Curvello. Segundo ele, na onda da Internet das Coisas, a conectividade dos elementos do nosso dia-a-dia chega à cadeia produtiva, transformando toda a estrutura funcional de produção, estoque, entrega e uso dos produtos.
Muito se tem falado sobre Internet das Coisas, Indústria 4.0, mas de acordo com André Curvello, pouco se sabe sobre como essa realidade vai de fato impactar a vida das pessoas. Para André, a fábrica dessa nova realidade é totalmente autônoma, funcional e operacional, sem o mínimo de intervenção humana. As pessoas estão diretamente conectadas a ela e vice-versa. Tamanha proximidade permite às indústrias produzirem o produto que o consumidor precisa, no momento em que for de seu interesse. “A autonomia dos processos produtivos é capaz de garantir essa versatilidade, onde você escolhe o produto, suas características sem gerar custos adicionais, sem encarecer o produto final,” afirmou André Curvello.
Ele explicou que, com o processo produtivo computadorizado, a fabricação do produto ocorre por demanda, havendo melhor gestão do espaço de estoque e entrega. “A Indústria 4.0 permite o planejamento da produção, produtos personalizados, a gestão de recursos naturais e a manutenção preditiva dos produtos, uma vez que é possível saber via dados e análise estatística quando o produto vai falhar e, assim, antecipar sua manutenção”. Na avaliação do palestrante, os novos recursos podem permitir a criação de melhores produtos e contribuir com a preservação do ambiente, a partir, por exemplo, da produção cíclica que acompanha o fim do produto, seja por meio de reciclagem, seja por meio de reuso.
Realidade não tão nova assim
Segundo André Curvello, a ampla conectividade não é uma realidade de agora. Para ele, agora é que estamos dando nome. “Em 1982 foi criada a máquina inteligente de Coca-cola ligada à internet. Por que não pegou? Porque requer infraestrutura e aplicações e interações dos seres humanos com as aplicações. E agora que estamos chegando nesse ponto”, explicou. O palestrante lembrou que a Indústria 4.0 também não é novidade. De acordo com o professor, a Alemanha começou a investir pesado na área em meados de 2003 e os Estados Unidos, assim como outros países, perceberam isso e resolveram não ficar de fora. “Mas o que inibe os negócios de adotarem a Indústria 4.0 é a falta de padrões e a segurança. Imagine o risco de invasão cibernética e os prejuízos gerados”, pontuou.
Perspectiva futura
As máquinas vieram para ficar e os processos produtivos vêm sendo realizados cada vez mais por elas. Surge então a questão de como vamos nos reestruturar enquanto sociedade. Na avaliação de André Curvello, a tecnologia visa empoderar o ser humano para o bem estar e a melhor qualidade de vida. “Portanto, é um processo muito mais de inclusão do que de exclusão”. Apesar disso, é necessária uma visão estratégica e prioritária. “Temos que ter uma política de investimento em Tecnologia e em Educação. Caso contrário, teremos analfabetos digitais”. Para o professor, o Brasil tem total condição de tomar a dianteira, mas a perspectiva é preocupante, pelo atual envolvimento do País com a área da Educação. “Tudo depende de como a sociedade lida com a Ciência de Dados. O rumo que vai depender de como vamos lidar com isso,” concluiu.
Fonte : Ascom UFG (texto: Carolina Melo)