Fapeg, Anatel e UFG firmam parceria para geração e transferência de conhecimentos em Web 3.0
Fazer o futuro acontecer hoje e criar condições de infraestrutura para que Goiás seja o estado mais digital do País é meta do Plano do Governo Estadual para o setor de Ciência, Tecnologia e Inovação. Mais uma vez, Goiás sai na vanguarda do ecossistema digital e se prepara para a introdução da próxima geração da internet, a web 3.0, que traz um potencial de inovação que já começa a ser demandado por empresas, governo e indivíduos no que diz respeito ao desenvolvimento e uso de serviços baseados em blockchain e ambientes de metaverso apoiados por redes de comunicação de baixa latência e alta vazão, como a 5G
O Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), assinou na última quinta-feira, dia 26, um Termo de Execução Descentralizada (TED) com o Centro de Altos Estudos em Telecomunicações (Ceatel), órgão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), para a execução de um projeto de pesquisa pioneiro no Brasil para o desenvolvimento de estudos sobre Web 3.0. A terceira geração da internet consiste em dispositivos ultraconectados a uma rede descentralizada e centrada no usuário, como realidade aumentada, realidade virtual, metaverso e inteligência artificial.
A iniciativa será executada pelo Instituto de Informática da UFG e tem como objetivo promover, investigar e divulgar regional e nacionalmente, conhecimentos tecnológicos sobre aplicações e serviços da web 3.0 sobre infraestruturas de comunicação avançadas com repercussões econômicas e sociais, com destaque para rede 5G que começa a ser utilizada e tende a ser prevalente no País num futuro próximo. As redes 5G são essenciais nesse cenário, pois permitem configurações personalizadas para demandas que requerem segurança, confiabilidade, baixas latências e altas taxas de transmissão de dados. O acordo terá prazo de vigência até 2026.
O Instituto de Informática vai executar o Projeto de pesquisa e desenvolvimento tecnológico intitulado “Avaliação de Impacto da Web 3.0: Descentralizada, Imersiva, Semântica, Centrada no Usuário e Conectada com o Mundo Ciberfísico”, que fornecerá uma prova de conceito experimental, um protótipo com interações imersivas avançadas.
O presidente da Fapeg, Robson Domingos Vieira, destacou que o trabalho da Fundação consiste em fomentar a ciência e tecnologia, e que a Fundação está apoiando o projeto por meio de investimentos de recursos. Ele explica que a parceria alia a capacidade de gerenciamento de fomentos para a ciência e inovação da Fundação e sua capilaridade nesse ecossistema; o conhecimento da Anatel sobre as necessidades para alavancar um crescimento exponencial do setor; e a expertise da UFG e centros de inovação a ela vinculados, no desenvolvimento e execução de pesquisas científicas e tecnológicas. Serão investigados os impactos tecnológicos, socioeconômicos e jurídicos advindos da introdução das aplicações e serviços da nova geração da internet, a Web 3.0.
Durante o evento, o vice-reitor da UFG, Jesiel Carvalho, apontou que as universidades públicas têm trabalhado no sentido de disponibilizar suas capacidades intelectuais e técnicas para o bem da sociedade, sem perder de vista a principal missão, que é formar recursos humanos. “A finalidade primordial da Universidade é formar recursos humanos, mas para que se forme recursos humanos de forma adequada, à altura dos desafios da humanidade, nós precisamos ter dentro da instituição um ambiente sofisticado de produção intelectual, de produção científica e tecnológica. Desta forma, serão recursos humanos com uma capacidade muito grande de apoiar os processos de desenvolvimento do País,” destacou. Segundo ele, “Somos 12.100 docentes, corpo de técnicos 2.200, staff de 5 mil pessoas, 22 mil estudantes em 105 cursos, mais 250 laboratórios de pesquisa. Toda essa infraestrutura a serviço de iniciativas como essa”, disse.
Já o presidente do Ceatel e conselheiro da Anatel, Alexandre Freire, comentou sobre o objetivo da parceria que é o de promover o desenvolvimento nacional na área tecnológica. Segundo ele, de acordo com o Planejamento Estratégico recentemente aprovado pela Anatel, a transformação digital da sociedade e a atuação regulatória de excelência estão no âmago de cada um dos aspectos de atuação. Os objetivos estratégicos, como fomentar o desenvolvimento de negócios e aplicações inovadoras, ou a promoção da isonomia e transparência da modernização das tecnologias, passam a nortear os trabalhos do Ceatel.
Participaram do evento o presidente do Centro de Altos Estudos em Telecomunicações (Ceatel) e conselheiro da Agência, Alexandre Freire; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Robson Domingos Vieira; o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) em exercício, Jesiel Freitas Carvalho; e o diretor do Instituto de Informática da UFG, Eliomar Araújo de Lima.
Investimento
Robson Vieira destacou que a Fundação vai investir um total de R$ 1,4 milhão como auxílio de capital e custeio, incluindo bolsas de pós-graduação, no Projeto do INF/UFG. “A Fapeg cumpre seu papel como órgão do poder público que tem como responsabilidades fomentar a pesquisa científica nas diversas áreas do conhecimento e em áreas estratégicas para o desenvolvimento socioeconômico do estado de Goiás”. Segundo ele, são responsabilidades da Fapeg, integrar o setor governamental e comunidade científica para obtenção de resultados de grande impacto, ampliar a produção científica e formar recursos humanos qualificados em Ciência, Tecnologia e Inovação.
Pilares do trabalho dos pesquisadores
O projeto tem como objetivo principal formular conceitos tecnológicos por meio de pesquisas sobre modelos de última geração e de prova de conceito experimental, com vistas à avaliação de impactos tecnológicos, socioeconômicos e de regulação com a introdução da Web 3.0. A importância deste trabalho está assentada em alguns pilares:
1) entendimento dos mecanismos impulsionadores da Web 3.0 que mais impactam nos ecossistemas habilitados digitalmente e nos polos de tecnologias da informação e de telecomunicações brasileiros, em especial quanto às soluções de softwares, de aplicações e de integração de sistemas nos diferentes ambientes, tais como 5G/Pós-5G/6G;
2) definição dos critérios e diretrizes para implantação da Web 3.0 no ecossistema de telecomunicações brasileiro, em diferentes setores e indústrias;
3) definição dos requisitos de segurança cibernética e de privacidade de dados para implementação da Web 3.0;
4) entendimento dos cenários tecnológicos que melhoram a experiência do usuário na rede;
5) mapeamento de tecnologias emergentes ou em consolidação que têm potencial para impactar a Internet do futuro e contribuir para formar a plataforma base da Web 3.0;
6) mapeamento dos potenciais impactos da Web 3.0 na demanda por recursos de comunicação e computação a serem oferecidos por provedores de acesso;
7) mapeamento de necessidade de capacitação de mão de obra para o mercado nacional e sobre oportunidades de empreendedorismo e inovação;
8) mapeamento de possíveis obstáculos infralegais e legais que impactem na implementação de soluções inovadoras fundadas no conceito Web 3.0;
9) identificação dos desafios regulatórios da Web 3.0 que, no contexto do cenário regulatório brasileiro, representem possibilidades de regulamentação específicas;
10) definição de instrumentos de incentivos regulatórios que promovam o surgimento e o desenvolvimento de tecnologias imersivas nacionais, embasados em PD&I.
Integração
A UFG vai trabalhar de forma multidisciplinar e colaborativa através do seu Instituto de Informática (INF) e do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) e outros centros de pesquisa nacionais e internacionais, sob a coordenação do professor doutor adjunto do instituto de informática, Eliomar Araújo de Lima. Ele destaca que “o projeto possui um caráter integrador, uma vez que reúne os esforços de pesquisa e inovação de diferentes grupos de pesquisa, laboratórios e Instituições parceiras, ao mesmo tempo que abrange um arcabouço tecnológico que se estabelece com a introdução da nova geração da web, descentralizada, imersiva, semântica, centrada no usuário e conectada com o mundo ciberfísico, fenômeno que tem se tornado conhecido sob a designação geral de Web 3.0”.
Para o professor, “o projeto enriquece o ambiente de inovação no estado de Goiás, estimula a criação de novos negócios e propicia a entrada de tecnologias promissoras e atrativas no mercado, além de inserir o Estado na rota de desenvolvimento tecnológico de alcance mundial nos próximos anos”.
Visibilidade
Eliomar de Lima destaca que a parceria ao mesmo tempo que representa a oportunidade do INF/UFG ampliar a visibilidade da alta competência que vem sendo desenvolvida em várias áreas – envolvendo a participação de professores, estudantes e especialistas técnicos, torna acessível ao público em geral conceitos e tecnologias avançadas como Metaverso, Gêmeos Digitais e Redes de Baixa Latência (Fibra ótica, 5G, etc.). “Ao passar a participar ativamente no desenvolvimento da Web 3.0, o INF/UFG se posiciona com destaque em escala nacional e global,” comenta o professor.
O professor ressalta que “a geração e transferência de conhecimentos tecnocientíficos e de know how sobre Web 3.0, aumentarão o impacto e a visibilidade da UFG, além de torná-la referência em uma área de vanguarda para as próximas gerações”. Cita ainda a oportunidade para a formação de profissionais com alta qualificação em tecnologias emergentes que implica no aumento da renda, na ascensão social e na empregabilidade. A UFG é pioneira, no Brasil, na implantação de um curso de bacharelado em Inteligência Artificial e, com o apoio da Fapeg, estruturou o primeiro Centro de Excelência em Inteligência Artificial da América Latina, o Ceia, que agora participa nesse projeto.
O público de interesse deste convênio é a sociedade em geral, especialmente os usuários de serviços de telecomunicações no Brasil e serviços ofertados através da Internet, assim como prestadores de serviços de telecomunicações, em especial os que têm interesse em ofertar também serviços do tipo SVA disruptivos como a Web 3.0.
Protótipo
Como parte desse estudo será desenvolvida prova de conceito, um protótipo experimental com interações imersivas para auxiliar os profissionais de Saúde envolvidos no atendimento e na transferência do cuidado de pacientes entre unidades hospitalares, usando redes 5G com auxílio de tecnologias do metaverso e inteligência artificial capazes de dar mais celeridade, segurança, confiabilidade e precisão no processo.
Ao entrar em uma unidade de saúde, o paciente interage com um profissional de saúde equipado com óculos de realidade aumentada (AR) e virtual (VR). Os óculos de AR/VR auxiliam o profissional de saúde na identificação rápida do paciente, através de reconhecimento facial ou comandos de voz habilitados por meio do uso de IA, eliminando a necessidade de interfaces mais rígidas/restritivas, como teclado e mouse, já adianta o professor Eliomar. “Quando estiver pronta, a solução tem o potencial de contribuir à inovação tecnológica e representará um estudo de caso de referência na área, além de oferecer subsídios para novas pesquisas”, explica o professor Eliomar de Lima.
Assessoria de Comunicação da Fapeg